Mudanças na liderança do Congresso brasileiro não devem aliviar os desafios de Lula.

O senador brasileiro Davi Alcolumbre durante uma reunião da comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) no Senado Federal, em Brasília, Brasil, em 6 de dezembro de 2022. REUTERS/Adriano Machado/Arquivo.
O senador brasileiro Davi Alcolumbre durante uma reunião da comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) no Senado Federal, em Brasília, Brasil, em 6 de dezembro de 2022.

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva se prepara para mais dois anos de dificuldades com o Congresso, enquanto os legisladores se reúnem no sábado para eleger os líderes da Câmara e do Senado, que prometeram continuar a exercer um controle rigoroso sobre o orçamento federal já sobrecarregado. Espera-se que Hugo Motta seja eleito presidente da Câmara e Davi Alcolumbre para a presidência do Senado. Os dois parlamentares conquistaram apoio de conservadores e liberais, em parte, prometendo lutar para que o Congresso determine como gastar uma parcela cada vez maior do orçamento federal do Brasil, com pouco respeito pelas prioridades políticas do governo Lula.

Membros do Congresso controlam quase um quarto dos fundos que o governo tem disponíveis para fazer investimentos e pagar pela implementação de suas próprias políticas, uma parte que cresceu significativamente na última década.

“A luta provavelmente continuará e se intensificará”, disse Creomar de Souza, chefe da consultoria política Dharma.

É um momento difícil para Lula, que está enfrentando índices de aprovação mais baixos, enquanto lida com a pressão para cumprir suas maiores promessas aos eleitores e também com investidores que estão cada vez mais preocupados com o fato de sua administração estar gastando demais.

Uma pesquisa Genial/Quaest, divulgada na segunda-feira, mostrou que 47% dos entrevistados aprovam o desempenho de Lula como presidente, uma queda em relação a 52% em dezembro e o índice mais baixo desde que ele assumiu o cargo em janeiro de 2023. Lula provavelmente concorrerá a um quarto mandato não consecutivo em 2026.

Motta foi escolhido pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, que, desde que foi eleito presidente em 2021, aumentou significativamente a parte do orçamento federal que os deputados podem gastar em projetos de sua escolha.

Motta começou sua carreira política em Brasília sob a proteção de outro presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que em 2016 liderou os esforços para o impeachment da presidente Dilma Rousseff, sucessora escolhida por Lula após seus dois primeiros mandatos como presidente.

CENÁRIO DIFÍCIL PARA LULA

Tanto Motta quanto Alcolumbre devem seguir os estilos de liderança de Arthur Lira, o presidente da Câmara que está deixando o cargo, e Rodrigo Pacheco, o presidente do Senado também em fim de mandato. Esse cenário, segundo Souza, é desafiador para Lula, que teve dificuldades para lidar com o Congresso nos últimos dois anos. Uma das prioridades de Lula é aprovar um projeto de lei que isente do imposto de renda as pessoas que ganham menos de 5.000 reais (850 dólares), enquanto aumenta os impostos para os super-ricos.

Aliados do governo Lula no Congresso disseram à Reuters, sob a condição de anonimato para que pudessem falar abertamente, que o apoio ao governo não é certo. Muitos acreditam que o presidente precisará agradar Alcolumbre.
Alcolumbre vai querer um aliado no gabinete, disse uma fonte sênior do Partido dos Trabalhadores (PT) no Senado.
“Ou o governo paga e entrega o que ele quer, ou terá um problema”, afirmou a fonte.
Durante uma rara coletiva de imprensa na quinta-feira, Lula disse aos repórteres que não iria interferir na eleição de sábado no Congresso.
“Quem ganhar, eu vou respeitar”, disse. “Não terei dificuldades no relacionamento com o Congresso.”

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