Tropas norte-coreanas teriam recuado da linha de frente entre Rússia e Ucrânia

Dois soldados na trincheira, um deles se comunicando por rádio, em um cenário de conflito enquanto o mundo observa as acusações de crimes de guerra.
Soldados em trincheira enquanto o conflito na Ucrânia aumenta as preocupações sobre as execuções de prisioneiros de guerra, com acusações de crimes de guerra por parte da Rússia.

Soldados enviados por Pyongyang para a região de Kursk, na Rússia, interromperam o combate após sofrerem grandes baixas, segundo os serviços de segurança da Coreia do Sul.

Tropas norte-coreanas enviadas para apoiar a invasão russa na Ucrânia teriam sido retiradas da linha de frente após sofrerem grandes baixas, segundo relatos.

Cerca de 10.000 soldados que Pyongyang supostamente enviou para lutar ao lado das forças russas estão ausentes da linha de frente há várias semanas, informou a agência de notícias sul-coreana Yonhap nesta terça-feira. O relatório reforça as alegações da Ucrânia e da mídia dos EUA sobre a retirada das tropas, cuja chegada gerou temores de uma escalada do conflito na Ucrânia.

O Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul (NIS) disse à agência de notícias AFP que as unidades norte-coreanas interromperam as operações de combate na região russa de Kursk “desde meados de janeiro”.

“Uma das razões para isso pode ser a ocorrência de muitas baixas, mas os detalhes exatos ainda estão sendo monitorados”, afirmou a agência de inteligência.

Uma análise militar ucraniana afirmou na sexta-feira que acredita que os soldados norte-coreanos foram retirados após sofrerem grandes perdas.

A Ucrânia já havia relatado anteriormente que capturou ou matou diversas unidades norte-coreanas em Kursk, onde lançou uma ofensiva surpresa além da fronteira em agosto.

O presidente Volodymyr Zelenskyy publicou imagens de interrogatórios com o que ele afirmou serem prisioneiros norte-coreanos capturados.

Em meados de janeiro, o Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul (NIS) estimou que cerca de 300 soldados norte-coreanos foram mortos e outros 2.700 ficaram feridos nos combates na região.

O envio de tropas norte-coreanas para Kursk, que nem Pyongyang nem Moscou reconheceram oficialmente, tinha o objetivo de reforçar o exército russo e ajudar a expulsar as forças ucranianas. No entanto, quase seis meses depois, a Ucrânia ainda mantém o controle de grandes áreas do território.

Seul afirmou anteriormente que, devido às pesadas perdas sofridas, Pyongyang estaria se preparando para um novo envio de tropas.

Kyiv e o Ocidente condenaram o envolvimento das tropas norte-coreanas como uma grande escalada no conflito de três anos desde que a Rússia lançou sua invasão em grande escala contra a Ucrânia. Durante esse período, Pyongyang e Moscou aprofundaram seus laços.

No ano passado, o presidente russo Vladimir Putin fez uma rara visita à Coreia do Norte, onde assinou um acordo que inclui um elemento de defesa mútua.

Em uma carta de Ano Novo, o líder norte-coreano Kim Jong Un elogiou Putin e afirmou que 2025 será o ano “em que o exército e o povo russos derrotarão o neonazismo e alcançarão uma grande vitória”.

Guerra do alto

Enquanto os combates na linha de frente em Kursk e no leste da Ucrânia continuam, Moscou e Kyiv seguem travando uma guerra nos céus, lançando enxames de drones e mísseis um contra o outro.

Um míssil russo disparado na terça-feira contra Izyum, na região de Kharkiv, no leste da Ucrânia, matou quatro pessoas e feriu 17, informou o governador nas redes sociais.

“Segundo relatos iniciais, os ocupantes usaram um míssil balístico. Quatro pessoas foram mortas”, escreveu Oleg Synegubov no Telegram, acrescentando que cinco pessoas foram hospitalizadas.

Em uma atualização, ele informou que o ataque, que teve como alvo o centro da cidade, deixou 20 feridos. Izyum, localizada a cerca de 40 quilômetros da linha de frente, foi ocupada por vários meses no início da guerra antes de ser retomada pela Ucrânia.

No entanto, nos últimos meses, as forças russas têm avançado no leste da Ucrânia, impulsionadas por sua superioridade numérica e pelo fornecimento de armas.

As tropas norte-coreanas em Kursk foram enviadas para ajudar a manter essa vantagem.

Troca Equivalente

Enquanto isso, a Ucrânia observa com preocupação o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, temendo ficar ainda mais para trás na corrida armamentista caso ele corte o apoio militar de Washington.

Trump, que suspendeu praticamente toda a ajuda externa dos EUA, sugeriu na noite de terça-feira que deseja minerais raros em troca da manutenção do fornecimento de armas e outros tipos de apoio.

O presidente dos EUA afirmou que a Ucrânia está disposta a participar da troca, acrescentando que deseja uma “compensação” de Kyiv pelos “quase 300 bilhões de dólares” em apoio.

O Kremlin rapidamente reagiu às declarações, com um porta-voz afirmando que as palavras de Trump mostram que os EUA não fornecerão mais apoio incondicional à Ucrânia.

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