Os rebeldes do M23, apoiados por Ruanda, declaram cessar-fogo na República Democrática do Congo

O conflito na República Democrática do Congo (RDC) está enraizado em longas décadas de tensões étnicas, com o grupo rebelde M23 afirmando defender os tutsis. A acusação de apoio por parte de Ruanda aos rebeldes complica ainda mais a situação, especialmente considerando a exploração dos recursos naturais ricos do país. A crise gerada por esse conflito resultou em enormes deslocamentos forçados, criando uma grave crise humanitária com milhões de pessoas necessitando de assistência urgente.
O conflito na RDC é uma das crises humanitárias mais graves, com a violência forçando milhões a abandonar suas casas e comunidades.

O grupo armado M23 afirmou que fará uma pausa em seu avanço pela República Democrática do Congo por razões humanitárias.

As forças apoiadas por Ruanda na República Democrática do Congo (RDC) anunciaram que farão uma pausa em seu avanço pelo leste do país por razões humanitárias.

A coalizão AFC/M23 anunciou, na noite de segunda-feira, que implementaria um cessar-fogo unilateral a partir de terça-feira. O grupo, apoiado por milhares de tropas da vizinha Ruanda, tomou a cidade de Goma, a principal cidade no leste da RDC, na semana passada. A Organização das Nações Unidas estima que 900 pessoas foram mortas, enquanto centenas de milhares foram deslocadas.

Os apelos para a criação de um corredor humanitário, a fim de permitir que as pessoas escapem dos combates, têm aumentado. No entanto, não houve comentário imediato do governo da RDC, em Kinshasa, sobre o anúncio, e não está claro se o exército do país irá respeitar o cessar-fogo.

“A Aliança Fleuve Congo (AFC/M23) informa ao público que, em resposta à crise humanitária causada pelo regime em Kinshasa, declara um cessar-fogo a partir de 4 de fevereiro de 2025 por razões humanitárias”, disseram os rebeldes em um comunicado postado no X.

Após tomar Goma, uma cidade de dois milhões de pessoas e rica em recursos minerais, os rebeldes avançaram nos últimos dias em direção a Bukavu, outro centro regional no leste da RDC, tendo anteriormente declarado seu objetivo de varrer a RDC e tomar a capital.

No entanto, em seu comunicado, declararam que não atacariam a cidade provincial.

“Deve ficar claro que não temos intenção de capturar Bukavu ou outras áreas. No entanto, reiteramos nosso compromisso de proteger e defender a população civil e nossas posições”, disse o porta-voz do M23, Lawrence Kanyuka, em um comunicado.

A ONU afirmou na segunda-feira que pelo menos 900 corpos foram recuperados das ruas de Goma, mas que o número real de mortos provavelmente é muito maior, sem contar os corpos já levados para o necrotério e os que ainda estão espalhados pela cidade.

As autoridades locais também contaram quase 2.900 pessoas feridas na semana passada, de acordo com os relatórios.

Negociações de paz?

O anúncio da pausa nos combates ocorreu antes de uma cúpula regional no fim de semana, na qual os presidentes da República Democrática do Congo e de Ruanda devem participar.

O presidente da RDC, Félix Tshisekedi, e o presidente de Ruanda, Paul Kagame, anteriormente não compareceram a negociações para tentar mediar a paz. No entanto, o Quênia, que detém a presidência rotativa do bloco da Comunidade da África Oriental, sugeriu que ambos compareceriam.

Os ministros das Relações Exteriores do Grupo dos Sete (G7) pediram na segunda-feira que as partes do conflito retornem às negociações e solicitaram uma “passagem rápida, segura e irrestrita de ajuda humanitária para os civis”.

Os combates na República Democrática do Congo (RDC) estão profundamente ligados a décadas de conflitos étnicos. O grupo rebelde M23 afirma que está defendendo os tutsis étnicos, que fugiram para a RDC durante o genocídio de 1994 em Ruanda. Isso complicou ainda mais as já tensas relações entre a RDC e Ruanda.

O governo da RDC acusou Ruanda de apoiar os rebeldes do M23 e, junto com os rebeldes, de saquear os ricos recursos naturais do país. A RDC abriga vastos depósitos de minerais de terras raras e outros recursos valiosos, que frequentemente têm sido fonte de conflitos e exploração.

O prolongado conflito causou um deslocamento generalizado em toda a região, com muitas pessoas forçadas a fugir de suas casas. Isso criou uma crise humanitária grave, com inúmeras pessoas necessitando urgentemente de alimentos, abrigo, cuidados médicos e outras formas de assistência. A comunidade internacional pediu o fim da violência e acesso irrestrito para entregar ajuda humanitária aos afetados.

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