Avanço Rebelde Incita Pânico em Uvira, na Fronteira do Congo

Passageiros de Bukavu a bordo do barco Emmanuel, em sua primeira viagem entre Bukavu e Goma desde a tomada da cidade pelos rebeldes do M23, em Goma, província de Kivu do Norte, República Democrática do Congo, em 18 de fevereiro de 2025. REUTERS/Arlette Bashizi.
Passageiros de Bukavu a bordo do barco Emmanuel, em sua primeira viagem entre Bukavu e Goma desde a tomada da cidade pelos rebeldes do M23, em Goma, província de Kivu do Norte, República Democrática do Congo, em 18 de fevereiro de 2025. REUTERS/Arlette Bashizi.

Na cidade de Uvira, na República Democrática do Congo, cenas de pânico e desordem tomaram conta após o avanço dos rebeldes do grupo M23, apoiados por forças ligadas a Rwanda. Relatos de moradores e autoridades locais descrevem tiroteios intensos e confrontos entre tropas do exército congoles (FARDC) e a milícia aliada, os Wazalendo, que se recusam a recuar após a recente queda de Bukavu, capital provincial.

Segundo informações locais, disparos ecoaram pelas ruas de Uvira na quarta-feira, despertando a população para um cenário caótico. Em meio à violência, relatos apontam que soldados do governo tiveram que recorrer a barcos para escapar pelas águas do Lago Tanganica, e a prisão da cidade foi esvaziada, com a fuga de 228 detidos, entre eles militares acusados de deserção.

O avanço dos rebeldes tem sido uma fonte crescente de instabilidade na região. Após a tomada de Bukavu, os militantes continuaram sua progressão rumo ao sul, chegando à cidade de Kamanyola, a cerca de 80 km de Uvira, o que intensificou o medo entre os residentes. Um oficial local, que preferiu não se identificar, afirmou:

“Acordamos com balas voando. Os rebeldes ainda estão longe, mas o pânico já tomou conta.”

Além dos confrontos armados, cenas de saque e destruição foram registradas nas ruas, com corpos espalhados e um elevado número de feridos – relatos preliminares indicam que mais de 100 pessoas estão hospitalizadas e cerca de 30 corpos foram encaminhados para a morgue, embora esses números não tenham sido confirmados de forma independente.

O enfraquecimento do controle governamental na região leste do Congo é evidente. As vitórias territoriais dos rebeldes e a captura de áreas ricas em recursos minerais, como o coltan, elevam os temores de uma escalada do conflito. A recente retirada de tropas aliadas de Burundi – negada oficialmente – também contribui para a sensação de vulnerabilidade na região.

Enquanto o conflito se arrasta e as disputas históricas por poder, rivalidades étnicas e o controle dos recursos naturais continuam alimentando a tensão, a população de Uvira e de áreas vizinhas vive sob constante temor de um conflito que pode se expandir ainda mais. Em Kinshasa, a capital, preocupações sobre a estabilidade nacional já se fazem notar, com moradores considerando a possibilidade de buscar refúgio no exterior.

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