Merz promete viabilizar visita de Netanyahu à Alemanha, mesmo com mandato do TPI

O candidato conservador alemão à chancelaria e líder do partido União Democrata Cristã (CDU), Friedrich Merz, fala no dia de uma reunião de liderança do partido após as eleições gerais em Berlim, Alemanha, 24 de fevereiro de 2025. REUTERS/Fabrizio Bensch
Friedrich Merz, líder da CDU, faz um pronunciamento após a reunião de liderança do partido em Berlim, em 24 de fevereiro de 2025, no contexto das eleições gerais na Alemanha. REUTERS/Fabrizio Bensch

Friedrich Merz, declarou sua intenção de encontrar meios para que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, possa visitar a Alemanha sem ser preso, apesar do mandato de prisão expedido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI). Em uma coletiva de imprensa realizada logo após a vitória eleitoral de sua coalizão conservadora, Merz descartou a ideia de que um líder israelense deva ser impedido de entrar no país.

Compromisso de Merz

Durante o evento, Merz afirmou:

“Acho completamente absurdo que um primeiro-ministro israelense não possa visitar a República Federal da Alemanha.”
Ele explicou que já havia entrado em contato por telefone com Netanyahu e que encontraria “os meios e as maneiras para que ele possa visitar a Alemanha e partir novamente sem ser preso”. Essa declaração foi acompanhada por uma resposta do gabinete de Netanyahu, que afirmou que o líder israelense agradeceu a Merz e enalteceu a iniciativa como uma resposta à decisão do TPI, que classificou o primeiro-ministro como criminoso de guerra.

O Mandato do TPI e Seus Desdobramentos

O TPI, sediado em Haia, emitiu mandados de prisão contra Netanyahu, seu ex-ministro da Defesa e alguns oficiais do Hamas, acusados de crimes de guerra cometidos em Gaza. Todos os 27 países membros da União Europeia, incluindo a Alemanha, são signatários do tratado fundador do tribunal, o que obriga essas nações a prender suspeitos detidos em seu território. Embora Israel rejeite a jurisdição do TPI e negue as acusações, a situação coloca desafios significativos para qualquer tentativa de visita internacional pelo primeiro-ministro.

Reações Políticas na Alemanha

A posição de Merz gerou reações polarizadas na Alemanha. Por um lado, há um sentimento de responsabilidade especial em relação a Israel, fruto da memória do Holocausto, que reforça a aliança entre os dois países. Por outro, há uma forte tradição de apoio à justiça internacional para crimes de guerra. Líderes de partidos como A Esquerda criticaram a iniciativa, acusando Merz de “double standards” (padrões duplos). Jan van Aken, co-líder do partido, destacou que, se Vladimir Putin visitasse a Alemanha, o mandato de prisão seria rigorosamente cumprido – o que, segundo ele, deveria ser igualmente aplicado a Netanyahu.

Contexto do Conflito no Oriente Médio

O episódio ocorre em meio a um cenário de tensão no Oriente Médio. A guerra em Gaza, que se intensificou após um ataque de militantes liderados pelo Hamas e a resposta militar de Israel, resultou em pesadas baixas e na destruição de infraestrutura essencial na região. Esse contexto só aumenta a pressão sobre os governos para definir uma posição clara diante das responsabilidades internacionais e da busca por uma resolução pacífica do conflito.

Perspectivas e Desafios Futuros

A promessa de Merz de facilitar a visita de Netanyahu não só reforça a aliança histórica entre Alemanha e Israel, mas também coloca em xeque o equilíbrio entre o compromisso com a justiça internacional e as responsabilidades históricas do país. O caso pode estabelecer um precedente sobre como os países europeus lidam com mandados de prisão internacionais quando se trata de líderes políticos de relevância global.

Enquanto Merz insiste que encontrará uma solução para permitir a visita de Netanyahu sem a execução do mandato, o cenário continua incerto. O TPI não se manifestou sobre a declaração, e o debate sobre a aplicação dos mandados de prisão em casos de alta relevância política promete ser um tema controverso nos próximos meses.

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