![2025-01-13T073720Z_2017040807_RC2E8CAZRZP5_RTRMADP_3_SUDAN-POLITICS-WAD-MADANI-1739875463 Soldados da SAF comemoram após entrarem em Wad Madani, Sudão, 12 de janeiro de 2025 [Reuters] Fonte: Al Jazeera](https://xn--hojenomundopoltico-uyb.com/wp-content/uploads/2025/02/2025-01-13T073720Z_2017040807_RC2E8CAZRZP5_RTRMADP_3_SUDAN-POLITICS-WAD-MADANI-1739875463-678x381.webp)
Um novo relatório da Human Rights Watch (HRW) revelou graves abusos cometidos por grupos armados aliados às Forças Armadas do Sudão (SAF) que teriam direcionado ataques intencionais contra civis em áreas centrais do país. O documento denuncia que, durante a ofensiva em curso, essas forças estariam envolvidas em ações que podem ser classificadas como crimes de guerra, exigindo uma investigação urgente das autoridades sudanesas.
Ataque em Tayba: Um Exemplo de Violência Contra Civis
Um dos episódios mais emblemáticos destacados no relatório ocorreu no dia 10 de janeiro, na vila de Tayba, localizada no estado de Gezira. De acordo com as investigações da HRW, as Sudan Shield Forces, um dos grupos alinhados à SAF, lançaram um ataque indiscriminado contra a população local. Testemunhas relataram que os combatentes, identificados pelo líder Abu Aqla Keikel, não pouparam esforços para atirar contra os moradores, percorrendo de porta em porta em busca de homens e meninos para execução. O ataque resultou na morte de pelo menos 26 pessoas – inclusive uma criança – e deixou vários feridos, além de causar a destruição de propriedades e incêndios em diversas construções.
Evidências Concretas e Reações Institucionais
O relato da HRW não se baseia apenas em depoimentos. Imagens de satélite, fotografias e vídeos verificados corroboram os relatos de violência e destruição. Tais evidências reforçam as acusações de que os grupos aliados às forças militares estão envolvidos em uma campanha de violência deliberada contra civis, numa tentativa de intimidar e controlar populações consideradas apoiadoras dos opositores, notadamente das forças paramilitares Rapid Support Forces (RSF).
Apesar de a comunidade internacional já ter denunciado anteriormente abusos cometidos pela RSF, o novo relatório chama atenção para a atuação dos próprios aliados do governo militar. Em resposta às denúncias, o SAF condenou os abusos e prometeu responsabilizar os envolvidos, embora tenha alegado que os incidentes se tratam de “transgressões individuais”.
Implicações Políticas e a Necessidade de Responsabilização
A presença constante de altos oficiais do SAF junto a líderes de grupos como as Sudan Shield Forces, inclusive com aparições públicas do General Yasir al-Atta, membro do Conselho Soberano do Sudão, levanta sérias dúvidas sobre a responsabilidade dos comandantes em permitir ou mesmo incentivar tais abusos. Essa conivência pode agravar ainda mais a situação humanitária no país, onde a violência contra civis já deixa marcas profundas e prolongadas.
Especialistas e representantes da HRW enfatizam que as autoridades sudanesas devem agir com rigor e transparência para investigar todos os incidentes e assegurar que os responsáveis, especialmente os comandantes envolvidos, sejam efetivamente responsabilizados perante a justiça.
Conclusão
O relatório da HRW lança luz sobre uma realidade perturbadora no conflito sudanês, onde não apenas as forças opositoras, mas também grupos aliados ao exército estão envolvidos em atos que atentam contra a vida e os direitos fundamentais dos civis. Com evidências robustas e relatos chocantes, a comunidade internacional observa atentamente a evolução dos acontecimentos, enquanto a urgência por investigações imparciais e pela responsabilização dos envolvidos se torna cada vez mais premente para a construção de uma paz duradoura e justa no Sudão.
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