Rússia Acusa Ucrânia de Intensificar Ataques à Infraestrutura Energética Mesmo com Moratória Mediado pelos EUA

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, afirmou que o ataque mortal a sua cidade natal demonstra que a Rússia não deseja um cessar-fogo. Foto: Serviço de Imprensa Presidencial da Ucrânia/Divulgação via Reuters (Arquivo)
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, afirmou que o ataque mortal a sua cidade natal demonstra que a Rússia não deseja um cessar-fogo. Foto: Serviço de Imprensa Presidencial da Ucrânia/Divulgação via Reuters (Arquivo)

A tensão na região se intensifica novamente, pois a Rússia acusa a Ucrânia de “multiplicar” ataques à sua infraestrutura energética, mesmo em meio a uma moratória de 30 dias mediada pelos Estados Unidos. Em um comunicado divulgado no Telegram, o Ministério da Defesa russo afirmou que a Ucrânia aumentou unilateralmente seus ataques utilizando drones e artilharia, atingindo alvos de infraestrutura energética 14 vezes nas últimas 24 horas. Para Moscou, essas investidas teriam causado danos significativos em regiões como Bryansk, Belgorod, Smolensk, Lipetsk e Voronezh, além de impactar partes das regiões ucranianas de Luhansk e Kherson, áreas sob controle parcial da Rússia.

Desde o início do conflito, que remonta à invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022, ataques a infraestruturas energéticas tornaram-se uma tática recorrente, visando enfraquecer a capacidade logística e a moral do adversário. Dados recentes indicam que o número total de ataques a essas infraestruturas vem crescendo, embora o impacto exato sobre a população civil e o fornecimento de energia ainda seja objeto de análise. Segundo informações da agência Reuters, não foi possível verificar de forma independente as alegações tanto russas quanto ucranianas sobre os ataques.

Moratória e Acusações Cruzadas

No mês anterior, Rússia e Ucrânia chegaram a um acordo, mediado pelos EUA, para um período de 30 dias durante o qual ambos os lados se comprometeriam a não atacar as infraestruturas energéticas. Esse pacto fazia parte de um esforço diplomático mais amplo, visando reduzir a escalada do conflito e preservar serviços essenciais para as populações afetadas. No entanto, as acusações de violação do acordo têm se intensificado de ambos os lados. Enquanto Moscou alega que a Ucrânia desrespeitou a moratória ao intensificar seus ataques com drones e artilharia, o comando militar ucraniano insiste que suas ações se restringem a alvos militares, negando as investidas contra a infraestrutura civil.

Ataques em Outras Regiões e Contexto Ampliado

Além das alegadas investidas contra a infraestrutura energética, autoridades de duas regiões russas relataram ataques de drones ucranianos contra instalações industriais. O governador da região de Mordovia, no rio Volga, informou que uma fábrica de fibras ópticas na capital Saransk foi atingida. De forma semelhante, na província de Samara, um ataque em Chapaevsk teria causado múltiplas explosões e incêndios em uma fábrica de produção de explosivos industriais, de acordo com uma fonte da SBU ucraniana.

No contexto mais amplo do conflito, esses episódios se somam a incidentes recentes, como o ataque russo à cidade ucraniana de Kryvyi Rih, no qual pelo menos 19 pessoas, incluindo nove crianças, teriam perdido a vida. Moscou justificou o ataque afirmando que o alvo era uma reunião militar, mas o comando ucraniano desmentiu essa versão, classificando-a como desinformação.

Análise e Perspectivas

Observadores internacionais alertam que, sem mecanismos de verificação independentes, a moratória corre risco de se tornar apenas simbólica, agravando ainda mais a crise energética e humanitária nas regiões afetadas. Especialistas ressaltam que, embora o acordo tenha sido um esforço para reduzir a escalada do conflito, a contínua troca de acusações e a falta de transparência quanto aos dados exatos — como o número total de ataques e seus impactos reais na população — podem comprometer a eficácia do pacto.

A intensificação dos ataques, se comprovada, pode sinalizar uma escalada estratégica por parte da Ucrânia ou servir como justificativa para novas operações militares por Moscou, intensificando o ciclo de desinformação. A eficácia da moratória mediada pelos EUA, portanto, dependerá do equilíbrio entre a pressão militar e os esforços diplomáticos em meio a um cenário cada vez mais volátil.

Conclusão

Em meio a acusações cruzadas e informações conflitantes, a verificação independente dos ataques à infraestrutura energética é fundamental para compreender a real dinâmica do conflito. Enquanto a moratória permanece em vigor, o cenário atual evidencia a complexidade e a volatilidade de uma situação em que cada ação tem implicações diretas na estabilidade regional e no fornecimento de energia. O desenrolar dos próximos dias será crucial para determinar se o acordo poderá efetivamente conter a escalada ou se continuará a ser palco de uma guerra híbrida de desinformação e confrontos indiretos.

Em uma análise anterior publicada pelo Hoje no Mundo Político, foi detalhado como a Rússia declarou reservar-se o direito de retomar os ataques à infraestrutura energética ucraniana diante do que classificou como violações do acordo por parte de Kiev. Leia mais aqui.

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