China propõe diálogo com EUA sobre tarifas: um novo capítulo na diplomacia comercial

Porte-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, durante coletiva de imprensa em Pequim, em 10 de abril de 2025.
Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, participa de coletiva de imprensa em Pequim, em 10 de abril de 2025. REUTERS/Tingshu Wang

Em um momento crucial para a economia global, a China manifestou nesta quinta-feira (10) interesse em retomar o diálogo com os Estados Unidos sobre as tarifas comerciais, desde que a negociação ocorra com base em respeito mútuo e igualdade.

Contexto e evolução do diálogo

A tensão entre Washington e Pequim se arrasta há anos, marcada por uma série de tarifas e contramedidas que afetaram desde produtos tecnológicos até agrícolas. Com cadeias produtivas fragmentadas e incertezas nos mercados, a sinalização de reabertura ao diálogo representa uma possível inflexão na postura da China.

A posição oficial da China

Durante uma coletiva nesta manhã, o porta-voz do Ministério do Comércio, He Yongqian, declarou:

“Qualquer diálogo com os EUA deve ser baseado em respeito mútuo e igualdade.”
“Não aceitaremos imposições unilaterais ou ameaças disfarçadas de diplomacia.”

A fala reflete uma linha já defendida pelo governo chinês em ocasiões anteriores, mas agora ganha novo peso em meio à crescente pressão interna e externa por soluções comerciais.

Dados econômicos relevantes

Segundo o Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR), o volume de comércio entre os dois países atingiu cerca de US$ 700 bilhões em 2024, refletindo a interdependência econômica das duas potências.

Estudos recentes apontam que, sem acordo, o comércio bilateral pode encolher até 3% nos próximos dois anos, afetando diretamente as cadeias globais de suprimentos, especialmente nos setores de:

  • Tecnologia e semicondutores
  • Agricultura e insumos industriais
  • Produtos farmacêuticos e eletrônicos de consumo

Especialistas projetam cenários

Especialistas reconhecidos apontam que a proposta da China pode indicar uma busca por estabilidade global.

Segundo Wendy Cutler, ex-negociadora dos EUA:

“O interesse da China em diálogo revela preocupação com o impacto econômico prolongado das tarifas. Ambos os lados têm muito a perder se o impasse continuar.”

Michael Pettis, economista e professor em Pequim, complementa:

“As tarifas distorcem mercados e prejudicam a confiança mútua. Um acordo bem conduzido pode restaurar o equilíbrio e evitar um novo ciclo de confrontos.”

Repercussões globais

A possibilidade de retomada do diálogo atrai atenção de blocos como União Europeia, ASEAN e América Latina, que também enfrentam efeitos indiretos da guerra tarifária. Uma reaproximação poderia:

  • Estimular fluxos comerciais e reativar investimentos internacionais
  • Fortalecer a estabilidade das cadeias de suprimentos
  • Reduzir riscos de inflação global provocada por tarifas indiretas

Conclusão e perspectivas

Se os Estados Unidos demonstrarem disposição para negociações equilibradas, um novo acordo tarifário poderá surgir, beneficiando não apenas as duas potências, mas também a economia global.

Contudo, caso prevaleça a lógica da pressão unilateral, o mundo pode testemunhar uma nova fase de rupturas comerciais e instabilidade econômica. O próximo movimento de Washington será crucial para determinar os rumos dessa nova fase da geopolítica comercial.

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