Pierre Poilievre, líder do Partido Conservador do Canadá, conversa com a imprensa durante uma parada de campanha em um prédio em construção em Toronto, Ontário, em 21 de abril de 2025. REUTERS/Arlyn McAdorey/File Photo
Faltando apenas 5 dias para o pleito canadense de 28 de abril de 2025, a política energética ganhou destaque sem precedentes na campanha eleitoral. A inusitada convergência entre os dois principais candidatos – o primeiro-ministro Mark Carney (Partido Liberal) e o líder da oposição Pierre Poilievre (Partido Conservador) – reflete preocupações estratégicas com a dependência histórica do mercado norte-americano e com a recente retórica do presidente dos EUA, Donald Trump, que chegou a ameaçar tarifas sobre o petróleo canadense e a aventar a anexação do país como 51ª estado.
O Canadá exporta cerca de 4 milhões de barris de petróleo por dia, sendo 90 % destinados aos EUA.
Analistas de segurança energética apontam que essa concentração em um único comprador configura risco de segurança nacional, especialmente diante de retórica protecionista ou expansionista .
Retórica de tarifas e anexação:
Em discursos recentes, Trump mencionou a possibilidade de taxar o petróleo canadense ou mesmo incorporar o Canadá aos EUA.
Essa fala, ainda que considerada hipertrofia eleitoral, serviu de gatilho para um debate nacional sobre soberania energética e diversificação de mercados .
Propostas dos candidatos
Item
Mark Carney (Liberal)
Pierre Poilievre (Conservador)
Objetivo-chave
Tornar o Canadá “superpotência energética limpa”
Soberania econômica e energética
Aprovação de projetos
Reduzir prazo de 5 para 2 anos
Prazo de 6 meses entre aplicação e decisão
Infraestrutura
Apoio a CCUS (captura e armazenamento de carbono) e energia limpa
Revoga imposto de carbono industrial; deixa preço de emissões a critério provincial
Impacto Social e Econômico
Alberta (grande produtora):
Positivo: Geração de empregos em construção e operação de novos projetos; aumento de receitas fiscais provinciais.
Negativo: Riscos ambientais e sociais associados à expansão de oleodutos e à intensificação da extração .
Colúmbia Britânica (foco ambiental):
Reação: Pressão por garantias de que projetos fósseis respeitarão padrões ambientais rigorosos e que parte da receita seja revertida em programas verdes.
Oportunidade: Investimento em terminais de GNL (gás natural liquefeito) para exportação, conciliando renda e menor intensidade de carbono.
O Papel das Indústrias e Grandes Empresas
Suncor Energy: Executivos veem na aceleração de aprovações oportunidade de retomar projetos adiados, mas alertam para a necessidade de estabilidade regulatória a longo prazo.
Enbridge: Apoia o corredor leste-oeste, destacando sua experiência em gerenciamento de gasodutos, mas ressalta a importância de consulta eficaz a comunidades indígenas para evitar litígios futuros.
Cenários Futuros
Cenário
Carney vencedor
Poilievre vencedor
5 anos
Avanços em CCUS; modesta expansão de oleodutos; aumento de exportações limpas
Forte crescimento de infraestrutura fóssil; redução de investimentos em tecnologias verdes
10 anos
Canadá como hub de energia híbrida (fóssil+limpa); atração de fundos internacionais de clima
Maior curto prazo de crescimento econômico fóssil; possíveis sanções de mercados que cobram ESG
Opiniões de Especialistas
Analista de Energia da IEA: “Diversificar mercados reduzirá vulnerabilidade, mas requer sinergia federal-provincial.”
Economista Ambiental (Univ. Toronto): “A transição justa depende de políticas que reconvertam mão de obra fóssil para setores verdes.”
Dados e Estatísticas
Contribuição ao PIB (2023): 10,3 % do PIB nominal canadense provém do setor de energia .
Emprego: O setor emprega diretamente 200 000 pessoas e gera outros 300 000 empregos indiretos.
Receita Fiscal: Em Alberta, royalties de petróleo representam 20 % da receita provincial.
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