
Em meio à turbulência política gerada pela condenação de Marine Le Pen por malversação de fundos, o jovem líder Jordan Bardella se posiciona como a principal aposta do Rassemblement National (RN) para a eleição presidencial de 2027. Este artigo analisa o contexto jurídico que afasta Le Pen, traça o perfil de Bardella, avalia as implicações eleitorais e apresenta o cronograma dos próximos passos, oferecendo uma visão abrangente e informativa sobre o futuro da extrema‑direita na França.
Jordan Bardella, presidente do Rassemblement National, afirmou a Le Parisien que será candidato à Presidência da República em 2027 caso Marine Le Pen permaneça impedida de concorrer após sua condenação por desvio de verbas do Parlamento Europeu.
Contexto da condenação de Marine Le Pen
- Sentença judicial: Em 31 de março de 2025, um tribunal francês considerou Le Pen e outros membros do RN culpados por malversação de fundos do Parlamento Europeu, no valor de mais de €4 milhões, e aplicou-lhe:
- Quatro anos de prisão (dois em regime fechado);
- Multa de €100 000;
- Inabilitação para exercer cargo público por cinco anos, com efeito imediato.
- Recurso: Le Pen nega irregularidades e acusa o veredicto de ser “motivação política” para barrar sua quarta candidatura. O recurso está previsto para 2026, mas, até lá, a inelegibilidade vigora.
- Implicação legal: Pela legislação francesa, qualquer cidadão com mais de 18 anos pode disputar a Presidência — a barreira de Le Pen é exclusivamente judicial, não etária.
Jordan Bardella: perfil do “sucessor”
- Trajetória política: Membro do RN desde os 16 anos, tornou‑se eurodeputado e, em 2024, assumiu a presidência do partido, consolidando‑se como protegido de Le Pen.
- Imagem pública: Conhecido como o rosto jovem da extrema‑direita, mescla discurso nacionalista com apelo à renovação, mirando o eleitorado jovem e insatisfeito com os partidos tradicionais.
- Declaração: “Marine Le Pen é minha candidata, e se ela for impedida, serei eu”
Implicações para o cenário eleitoral de 2027
- Potencial de voto: Pesquisas indicam que Bardella e Le Pen lideram as intenções de voto, ambos acima de rivais como Édouard Philippe, com Bardella ligeiramente na frente em certos cenários.
- Reação do establishment: Analistas da Reuters apontam que a inelegibilidade de Le Pen pode fragmentar o Parlamento e intensificar a instabilidade política, abrindo espaço para o RN explorar o sentimento anti‑elite.
- Desafio interno: Há receio de que promover Bardella prematuramente fragilize a apelação de Le Pen, conforme reportou Le Monde.
Opinião de especialistas
- Julien Pérouse (Sciences Po): destaca que Bardella pode modernizar o RN, mas sua inexperiência executiva será testada em uma eventual campanha presidencial.
- Sophie Durand (Ifri): afirma que, para conquistar a classe média, Bardella precisará ampliar o programa econômico do partido além do discurso identitário.
Cronograma dos próximos passos
Data | Evento |
---|---|
Resto de 2025 | Recursos de Le Pen no Tribunal de Apelação |
Início de 2026 | Julgamento em segunda instância |
2.º semestre de 2026 | Definição de pré-candidatos no RN |
Abril–Maio de 2027 | Eleição presidencial: primeiro turno |
Conclusão
A ascensão de Jordan Bardella como “plano B” do RN destaca a vulnerabilidade de Marine Le Pen frente ao sistema judiciário. Se o recurso fracassar, Bardella herdará uma máquina de mobilização robusta, mas terá de provar que sua juventude e discurso de renovação se traduzem em governabilidade. O pleito de 2027 poderá redefinir o espectro político francês, testando se o RN está pronto para governar ou permanecerá como voz de protesto.
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