
No dia 4 de maio de 2025, durante visita oficial a Praga, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou que um cessar‑fogo incondicional no conflito com a Rússia, que já dura mais de três anos, pode ser implementado a qualquer momento — “até hoje”, enfatizou — e deveria perdurar pelo menos 30 dias para proporcionar “uma chance real” à diplomacia. A declaração foi feita em coletiva conjunta com o presidente tcheco Petr Pavel, que concordou que apenas Putin detém “todas as cartas” para encerrar a guerra com um único decreto.
Por que 30 dias?
Zelensky criticou o cessar‑fogo simbólico de três dias (8 a 10 de maio) anunciado por Vladimir Putin para marcar o 80º aniversário da vitória soviética na Segunda Guerra, classificando-o de “teatral e insuficiente”. Segundo o presidente ucraniano, uma trégua de apenas 72 horas não pune os ataques diários a civis nem abre espaço para negociações sérias. Somente um período mínimo de 30 dias permitiria:
- Reforçar a evacuação de civis, reparar infraestrutura e prover ajuda humanitária;
- Realizar rodadas de negociação com participação de mediadores internacionais;
- Avaliar efeitos de sanções adicionais sobre a capacidade bélica russa.
O salto da pressão sobre Moscou
Zelensky pediu a aliados que intensifiquem sanções setoriais, especialmente sobre energia e finanças russas, para aumentar o custo político-econômico do Kremlin. Ele ressaltou que, sem essa pressão, “a Rússia não tomará medidas práticas para encerrar a guerra”. Em paralelo, defendeu cooperação de defesa europeia ampliada, incluindo:
- Expansão do treinamento de pilotos de F‑16;
- Fornecimento de sistemas de defesa aérea contra drones e mísseis;
- Compartilhamento de inteligência entre países da OTAN.
Apoio tcheco e munição de grande calibre
A República Tcheca, aliada firme de Kiev desde 2022, lidera uma iniciativa financiada por membros da OTAN para adquirir e entregar munição de grande calibre. Até agora, foram enviadas 1,6 milhão de unidades em 2024, e a meta para 2025 é 1,8 milhão. Esse programa tem:
- Mapeado estoques em fabricantes ao redor do mundo;
- Coordenado logística de transporte até linhas de frente;
- Planejado extensão para aviação militar e manutenção de F‑16.
O contexto humanitário imediato
Na madrugada de 4 de maio, um ataque de drones russos atingiu áreas residenciais de Kiev, ferindo 11 pessoas, entre elas duas crianças, e provocando incêndios em vários distritos. Esses episódios reforçam o apelo de Zelensky por um cessar‑fogo duradouro que proteja civis de ataques quase diários. Para mais detalhes, veja o artigo Ataque de drones russos fere 11 e incendeia prédios em Kiev.
Reação dos Estados Unidos
Em encontro paralelo no funeral do Papa Francisco (26 de abril), Zelensiy e o presidente dos EUA, Donald Trump, concordaram que um cessar‑fogo de 30 dias seria o “passo correto” para iniciar um processo de paz. Trump, porém, permanece relutante quanto a garantias de segurança formais ao modelo da Otan, mantendo debates sobre o reconhecimento da Crimeia fora das negociações iniciais.
Cenários adiante
- Cessar‑fogo acatado: facilitaria ajuda humanitária e diplomacia, mas dependeria de monitoramento rigoroso por observadores internacionais.
- Rejeição de Moscou: levaria a novas sanções e intensificação do apoio militar ocidental, podendo prolongar o conflito.
- Negociações condicionais: proposta europeia inclui “garantias robustas de segurança” sem concessões territoriais prévias, abrindo caminho para futura retomada de diálogos.
Conclusão
A proposta de cessar‑fogo de 30 dias apresentada em Praga combina pressão política — por meio de sanções mais severas — com reforço militar coordenado entre aliados, visando forçar a Rússia a aceitar uma trégua significativa. Enquanto a União Europeia e os EUA avaliam medidas complementares, a população civil ucraniana aguarda uma pausa que possa aliviar o sofrimento diário e criar o ambiente propício para negociações de paz de longo prazo.
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