
Uma nova ofensiva por drones da Força de Apoio Rápido (RSF) atingiu ontem as principais infraestruturas de Port Sudan, ameaçando paralisar o principal corredor de ajuda humanitária do país e aprofundar a já grave crise no Sudão.
Conflito e alvo estratégico
Desde abril de 2023, o Exército sudanês e a RSF travam uma guerra civil por controle político e militar. Port Sudan, na costa do Mar Vermelho, tornou‑se a capital de fato do governo alinhado ao Exército, abrigando centenas de milhares de deslocados internos e concentrando as operações logísticas de agências como ONU e Cruz Vermelha.
Em três dias de ataques (3–6 de maio), drones suicidas da RSF visaram:
- 3 de maio (UTC): ataque inicial ao aeroporto de Kassala, seguido de 11 drones contra o aeroporto internacional de Port Sudan, atingindo hangares e depósitos de munições, suspendendo voos até as 15h locais.
- 4 de maio, 02h00 UTC: ataque ao depósito de mantimentos Osman Digna Air Base; danos foram descritos como “limitados” por porta‑voz militar.
- 5 de maio, tarde: segunda onda atingiu depósitos de combustível ao sul do porto, gerando colunas de fumaça visíveis a quilômetros
- 6 de maio, 06h45 UTC: drones atingem o terminal de contêineres e a subestação elétrica, provocando apagão em toda a cidade; explosões foram ouvidas perto do hotel presidencial
Impacto humanitário
- Deslocamento: mais de 13 milhões de pessoas já foram forçadas a sair de suas casas; metade da população enfrenta insegurança alimentar aguda, segundo a ONU.
- Infraestrutura crítica: incêndios em tanques de combustível interrompem o fornecimento de diesel para hospitais de campanha, estações de água e geradores; queda de energia afeta atendimento médico, comunicações e refrigeração de medicamentos.
- Ajuda bloqueada: danos ao terminal de contêineres paralisam o desembarque de alimentos, remédios e combustível, elevando o risco de fome em regiões já isoladas.
Reações e contexto regional
- Sudão: o governo acusa os Emirados Árabes Unidos de apoiar a RSF – alegação que os Emirados negam; investigação da ONU considera a hipótese plausível.
- Vizinhos: Egito e Arábia Saudita condenaram os ataques; Irã e Kuwait manifestaram preocupação com alvos civis.
- Organismos internacionais: ONU classifica os eventos como “desenvolvimento preocupante que ameaça a proteção de civis e operações humanitárias”.
Evolução tática
Analistas destacam que a RSF intensificou o uso de drones suicidas para superar defesas convencionais e atingir infraestruturas longe das linhas de frente. Essa mudança dificulta a reação do Exército e aumenta o alcance dos ataques em áreas antes consideradas seguras.
Medidas Necessárias para Mitigar a Crise e Garantir a Continuidade Humanitária em Port Sudan
- Corredores humanitários sob escolta neutra da União Africana ou ONU.
- Sanções a fornecedores de UAVs e combustíveis usados pela RSF.
- Rotas alternativas de abastecimento por oleodutos marítimos e comboios escoltados.
Conclusão
Os ataques aéreos com drones em Port Sudan representam uma escalada significativa no conflito sudanês, ameaçando não apenas a segurança da população, mas também a entrega de ajuda humanitária crucial em um momento de grave crise. A destruição de infraestrutura vital como depósitos de combustível, terminais portuários e estações de energia agrava a situação, colocando em risco a vida de milhões de deslocados internos e civis em todo o país.
Diante disso, medidas imediatas e coordenadas pela comunidade internacional são essenciais para garantir a proteção de civis e o funcionamento das operações humanitárias. A implementação de corredores humanitários sob escolta neutra, a imposição de sanções rigorosas aos fornecedores de drones e combustível, bem como o estabelecimento de rotas alternativas de abastecimento, são passos cruciais para mitigar os impactos da guerra e prevenir uma crise humanitária ainda mais devastadora.
A responsabilidade de garantir a paz e a estabilidade no Sudão recai sobre as potências regionais e a comunidade internacional, que devem agir rapidamente para conter os avanços da RSF e restaurar a ordem no país. Caso contrário, o risco de uma escalada irreversível do conflito e um sofrimento ainda maior para a população será iminente.
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