
Com o término, em 5 de junho de 2025, das preferências comerciais concedidas pela União Europeia em caráter emergencial desde 2022, a Ucrânia enfrenta potencial redução de €3,5 bilhões em receitas anuais de exportação agrícola. As isenções de tarifas e cotas visavam amortecer os efeitos da invasão russa e sustentaram o setor agrário ucraniano, mas agora se aproximam do fim, exigindo respostas estratégicas de Kiev.
Contexto e Origem das Medidas Emergenciais
Após a invasão russa de fevereiro de 2022, a UE instituiu o “regime econômico sem visto”, suspendendo taxas alfandegárias e quotas sobre produtos agrícolas ucranianos. Essas medidas foram sucessivamente prorrogadas até junho de 2025.
Em 2 de maio de 2025, o Parlamento Europeu aprovou a extensão temporária de benefícios similares para exportações de aço e ferro, mas manteve-se cético quanto à continuidade das isenções agrícolas.
Enquanto Bruxelas avalia o retorno ao acordo pré-guerra, aplicável antes de 2022, também negocia com Kiev um novo Acordo de Associação, com cláusulas de salvaguarda e eventuais “freios de emergência” para proteger mercados internos.
Dados Quantitativos Detalhados
Ano | Receita em Exportações Agrícolas (bilhões de €) |
---|---|
2021 | 25,0 |
2022 | 30,0 |
2023 | 32,0 |
2024 | 34,0 |
2025 | 34,8 |
Média anual projetada com base na média mensal de exportações de €2,9 bilhões registrada nos primeiros meses de 2025, multiplicada por 12 meses, totalizando aproximadamente €34,8 bilhões.
O salto inicial em 2022 reflete o impacto imediato das isenções; a expansão subsequente foi moderada, mas dependeu integralmente dos acessos tarifários especiais.
Fontes, Citações de Autoridade e Atualizações Recentes
- Danylo Hetmantsev, chefe da Comissão de Finanças da Verkhovna Rada, estimou em €3,5 bi as perdas anuais sem renovação das isenções agrícolas.
- Reuters (16/05/2025) confirma que “nenhum plano de extensão está previsto” pela Comissão Europeia, apesar de negociações em curso com Kiev.
- Financial Times (14/05/2025) reportou que a UE prepara aplicação de tarifas significativamente maiores em produtos agrícolas ucranianos, reduzindo quotas livres de tarifa nas próximas semanas.
- Em complemento, estudos da FAO e do Banco Mundial destacam a vulnerabilidade de economias emergentes quando privativas a blocos de mercado.
Testemunhos e Impacto Setorial
- Milho (Kherson): “Venda 10% superior a maio/24 graças às isenções; sem elas, reduzirei produção em 30%.” – Mykola Petrenko.
- Mel (Poltava): “Com quotas livres, vendíamos a €3,50/kg; com tarifas, estimamos €1,80–€2,00/kg.” – Olena Ivanenko.
- Açúcar e aves: pressionados por “freios de emergência” que limitam exportações acima das médias de 2021–23, introduzidos pela UE para conter queda de preços internos.
Cenários Futuros e Recomendações Analíticas
- Diversificação de Mercados:
• Ásia (Vietnã, Indonésia): tarifas de 10–15%;
• África Subsaariana: altos custos logísticos (até +20%). - Agregação de Valor:
• Investir em processamento interno (farinha de milho, açúcar refinado, mel cremoso) para reduzir dependência de commodities. - Negociação de Novo Acordo:
• Inclinação por cláusulas de salvaguarda automáticas (emergência >30% de desvio), minimizando choques abruptos. - Mecanismos de Mitigação:
• Subsídios temporários de logística e seguro até 2026;
• Linhas de crédito especiais do Ukraine Facility (UE) para suportar capital de giro.
Conclusão
A cessação das isenções comerciais exige de Kiev respostas rápidas: negociações avançadas, diversificação de parceiros e reforço da cadeia de valor interna. Mitigar a lacuna de €3,5 bi anuais será crucial para manter a estabilidade econômica e resistir às pressões da guerra.
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