Ataque em Malam Karanti expõe ressurgimento do Boko Haram no Nordeste da Nigéria

Forças de segurança nigerianas patrulham em Ngarannam, estado de Borno, Nigéria, outubro de 2022.
Forças de segurança nigerianas em patrulha em Ngarannam, estado de Borno, outubro de 2022. Foto: Christophe Van Der Perre/Reuters.

Na última quinta-feira, a vila de Malam Karanti, no estado de Borno, nordeste da Nigéria, foi palco de um ataque brutal que resultou na morte de pelo menos 23 agricultores e pescadores, além do sequestro de outras pessoas. Este episódio reflete o recente ressurgimento da violência protagonizada pelo grupo islamista Boko Haram e seu braço afiliado, o Estado Islâmico da Província da África Ocidental (ISWAP), que vêm ampliando sua presença e capacidade ofensiva na região, desafiando os esforços do governo nigeriano para conter a insurgência.

Ataque em Malam Karanti expõe ressurgimento do Boko Haram

Na manhã da última quinta‑feira (15 de maio de 2025), pelo menos 23 agricultores e pescadores foram executados e outros tomados como reféns por suspeitos militantes islamistas na vila de Malam Karanti, no estado de Borno, nordeste da Nigéria. Segundo fontes de segurança e moradores locais, o atentado reforça o ressurgimento das ações do Boko Haram e de seu braço afiliado, o Estado Islâmico da Província da África Ocidental (ISWAP).

O Boko Haram – Histórico e Ideologia

O Boko Haram surgiu em 2002, inicialmente como um movimento religioso radical que rejeitava a educação ocidental e a influência secular na Nigéria. Sob a liderança de Mohammed Yusuf, o grupo rapidamente evoluiu para uma insurgência armada a partir de 2009, com o objetivo de estabelecer um Estado islâmico baseado na Sharia no nordeste da Nigéria.

Ao longo dos anos, o Boko Haram ficou conhecido por ataques violentos, sequestros em massa — como o famoso caso das estudantes de Chibok em 2014 — e massacres contra civis. Em 2016, uma divisão interna gerou o surgimento do ISWAP, uma facção que se aliou oficialmente ao Estado Islâmico, focando em ataques mais estratégicos e táticas de guerrilha.

Apesar das operações militares que lograram recuperar várias áreas, o Boko Haram e o ISWAP continuam ativos, aproveitando a fragilidade do estado e as condições socioeconômicas precárias para recrutar novos combatentes e ampliar sua influência, como evidenciado pelo recente ataque em Malam Karanti.

Depoimentos Diretos

“Vi meus amigos caírem um a um. Não havia para onde correr.” — Aisha Musa, sobrevivente, 28 anos

“Perdemos meu irmão, um agricultor dedicado. Ele cultivava feijão para alimentar nossa família.” — Ibrahim Garba, familiar de vítima

“Precisamos de proteção urgente. Não podemos continuar neste estado de terror.” — Chefe comunitário Alhaji Umar, líder tradicional de Malam Karanti

Citações de Lideranças Religiosas

“Condenamos veementemente esta barbárie e oramos pela restauração da paz em Borno.” — Bispo Joseph Kwaga, Igreja Católica de Maiduguri

“Que as autoridades reforcem a segurança e cuidem de nosso povo vulnerável.” — Imã Musa Mohammed, mesquita central de Maiduguri

Dados e Estatísticas Atualizadas

PeríodoAtaques Registrados em BornoMortosSeqüestrosDeslocados Internos (milhões)População em Insegurança Alimentar (%)
2023 (ano)112345781,942
Jan–Maio 202448125352,144
Jun–Dez 202470198602,346
Jan–Abr 20253080222,549

Linha do Tempo da Insurgência (2009–2025)

  • 2009: Surgimento do Boko Haram sob liderança de Mohammed Yusuf.
  • 2011–2014: Expansão violenta; atentados em Abuja e sequestro de estudantes de Chibok.
  • 2015: Operação conjunta da Nigéria e parceiros regionais retoma principais cidades.
  • 2016: Fragmentação interna; emergência do ISWAP.
  • 2018–2020: Alternância de ofensivas e breves cessar-fogos.
  • 2021: Aumento de ataques suicidas em mercados de Maiduguri.
  • 2023: Pico de violência com campanha de seqüestros por resgate.
  • 2024: Leve redução de ataques, mas deslocamento interno atinge recorde.
  • 2025: Ressurgimento de ataques em áreas rurais, como Malam Karanti.

Consequências Humanitárias

O ataque soma‑se aos mais de 2,5 milhões de deslocados internos em Borno. Comunidades de pescadores, já fragilizadas pela degradação ambiental do Lago Chade, veem sua subsistência ameaçada. A insegurança alimentar, hoje em cerca de 49% da população, agrava crises de saúde pública.

Conclusão

O massacre em Malam Karanti evidencia que a guerra contra o Boko Haram e o ISWAP permanece ativa e letal. A vulnerabilidade local, reforçada pela falta de patrulhas em áreas remotas, aliado ao financiamento ilícito das facções, sustenta o ciclo de violência. Somente um esforço integrado — unindo segurança, ajuda humanitária e parcerias comunitárias — poderá romper esse ciclo e trazer estabilidade ao Nordeste da Nigéria.

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