
Na última quinta-feira, a vila de Malam Karanti, no estado de Borno, nordeste da Nigéria, foi palco de um ataque brutal que resultou na morte de pelo menos 23 agricultores e pescadores, além do sequestro de outras pessoas. Este episódio reflete o recente ressurgimento da violência protagonizada pelo grupo islamista Boko Haram e seu braço afiliado, o Estado Islâmico da Província da África Ocidental (ISWAP), que vêm ampliando sua presença e capacidade ofensiva na região, desafiando os esforços do governo nigeriano para conter a insurgência.
Ataque em Malam Karanti expõe ressurgimento do Boko Haram
Na manhã da última quinta‑feira (15 de maio de 2025), pelo menos 23 agricultores e pescadores foram executados e outros tomados como reféns por suspeitos militantes islamistas na vila de Malam Karanti, no estado de Borno, nordeste da Nigéria. Segundo fontes de segurança e moradores locais, o atentado reforça o ressurgimento das ações do Boko Haram e de seu braço afiliado, o Estado Islâmico da Província da África Ocidental (ISWAP).
O Boko Haram – Histórico e Ideologia
O Boko Haram surgiu em 2002, inicialmente como um movimento religioso radical que rejeitava a educação ocidental e a influência secular na Nigéria. Sob a liderança de Mohammed Yusuf, o grupo rapidamente evoluiu para uma insurgência armada a partir de 2009, com o objetivo de estabelecer um Estado islâmico baseado na Sharia no nordeste da Nigéria.
Ao longo dos anos, o Boko Haram ficou conhecido por ataques violentos, sequestros em massa — como o famoso caso das estudantes de Chibok em 2014 — e massacres contra civis. Em 2016, uma divisão interna gerou o surgimento do ISWAP, uma facção que se aliou oficialmente ao Estado Islâmico, focando em ataques mais estratégicos e táticas de guerrilha.
Apesar das operações militares que lograram recuperar várias áreas, o Boko Haram e o ISWAP continuam ativos, aproveitando a fragilidade do estado e as condições socioeconômicas precárias para recrutar novos combatentes e ampliar sua influência, como evidenciado pelo recente ataque em Malam Karanti.
Depoimentos Diretos
“Vi meus amigos caírem um a um. Não havia para onde correr.” — Aisha Musa, sobrevivente, 28 anos
“Perdemos meu irmão, um agricultor dedicado. Ele cultivava feijão para alimentar nossa família.” — Ibrahim Garba, familiar de vítima
“Precisamos de proteção urgente. Não podemos continuar neste estado de terror.” — Chefe comunitário Alhaji Umar, líder tradicional de Malam Karanti
Citações de Lideranças Religiosas
“Condenamos veementemente esta barbárie e oramos pela restauração da paz em Borno.” — Bispo Joseph Kwaga, Igreja Católica de Maiduguri
“Que as autoridades reforcem a segurança e cuidem de nosso povo vulnerável.” — Imã Musa Mohammed, mesquita central de Maiduguri
Dados e Estatísticas Atualizadas
Período | Ataques Registrados em Borno | Mortos | Seqüestros | Deslocados Internos (milhões) | População em Insegurança Alimentar (%) |
---|---|---|---|---|---|
2023 (ano) | 112 | 345 | 78 | 1,9 | 42 |
Jan–Maio 2024 | 48 | 125 | 35 | 2,1 | 44 |
Jun–Dez 2024 | 70 | 198 | 60 | 2,3 | 46 |
Jan–Abr 2025 | 30 | 80 | 22 | 2,5 | 49 |
Linha do Tempo da Insurgência (2009–2025)
- 2009: Surgimento do Boko Haram sob liderança de Mohammed Yusuf.
- 2011–2014: Expansão violenta; atentados em Abuja e sequestro de estudantes de Chibok.
- 2015: Operação conjunta da Nigéria e parceiros regionais retoma principais cidades.
- 2016: Fragmentação interna; emergência do ISWAP.
- 2018–2020: Alternância de ofensivas e breves cessar-fogos.
- 2021: Aumento de ataques suicidas em mercados de Maiduguri.
- 2023: Pico de violência com campanha de seqüestros por resgate.
- 2024: Leve redução de ataques, mas deslocamento interno atinge recorde.
- 2025: Ressurgimento de ataques em áreas rurais, como Malam Karanti.
Consequências Humanitárias
O ataque soma‑se aos mais de 2,5 milhões de deslocados internos em Borno. Comunidades de pescadores, já fragilizadas pela degradação ambiental do Lago Chade, veem sua subsistência ameaçada. A insegurança alimentar, hoje em cerca de 49% da população, agrava crises de saúde pública.
Conclusão
O massacre em Malam Karanti evidencia que a guerra contra o Boko Haram e o ISWAP permanece ativa e letal. A vulnerabilidade local, reforçada pela falta de patrulhas em áreas remotas, aliado ao financiamento ilícito das facções, sustenta o ciclo de violência. Somente um esforço integrado — unindo segurança, ajuda humanitária e parcerias comunitárias — poderá romper esse ciclo e trazer estabilidade ao Nordeste da Nigéria.
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