Desafio Presidencial na Coreia do Sul: Economia, Inovação e Reformas em Jogo

Kim Moon-soo em comício de campanha eleitoral no mercado tradicional de Daegu, Coreia do Sul, maio de 2025.
Kim Moon-soo, candidato presidencial do Partido do Poder Popular, discursa durante comício em mercado tradicional de Daegu em 12 de maio de 2025. Yonhap via REUTERS/File Photo

18 de maio de 2025, os dois principais candidatos à Presidência da Coreia do Sul se encontraram no primeiro de três debates televisivos que antecedem a eleição antecipada marcada para 3 de junho. Convocado após o impeachment de Yoon Suk Yeol, destituído pelo Tribunal Constitucional por sua breve declaração de estado de sítio em 3 de dezembro de 2024, o pleito assume caráter decisivo para o rumo econômico e institucional do país.

Contexto Político e Constitucional

Em 14 de dezembro de 2024, a Assembleia Nacional aprovou o afastamento de Yoon, e, em 4 de abril de 2025, o Tribunal Constitucional confirmou a decisão, abrindo caminho para a eleição em até 60 dias, conforme previsto no artigo 69 da Constituição. Han Duck‑soo assumiu como presidente interino e definiu 3 de junho como data oficial, tornando esse o segundo turno antecipado desde a redemocratização de 1987.

Desempenho Econômico e Impactos Externos

A economia sul‑coreana, quarta maior da Ásia, contraiu 0,3% no primeiro trimestre de 2025. O recuo reflete a desaceleração das exportações — especialmente de semicondutores — e o desaquecimento do consumo interno. Em abril, Washington impôs tarifas de 25% sobre produtos sul‑coreanos, elevando a tensão comercial. Para conter o impacto, Seul iniciou negociações diretas com os EUA em busca de isenção tarifária e busca diversificar destinos de exportação, com foco em mercados na Europa e no sudeste asiático.

Principais Candidatos e Propostas

Lee Jae‑myung (Partido Democrático)

  • Lidera as pesquisas com 51% de intenção de voto em levantamento divulgado na sexta-feira anterior ao debate.
  • Propõe investimento de até 100 trilhões de wons em inteligência artificial e crédito fiscal de 10% para semicondutores produzidos e comercializados internamente.
  • Defende reforma constitucional para mandatos de quatro anos, com possibilidade de reeleição, e criação de sistema de duas voltas.
  • Pretende limitar o poder de declarar estado de sítio, instituindo maior controle legislativo e responsabilização judicial.

Kim Moon‑soo (Partido do Poder Popular)

  • Aparece com 29% de apoio nas pesquisas mais recentes.
  • Planeja fundar uma Agência de Inovação Regulatória para revisar normas burocráticas e incentivar o empreendedorismo.
  • Aloca mais de 5% do orçamento nacional em pesquisa e desenvolvimento, priorizando biotecnologia e energia limpa.

Temas em Debate

  1. Revitalização Econômica: estímulos fiscais, parcerias público‑privadas e atração de investimentos estrangeiros.
  2. Inovação e Tecnologia: expansão de centros de pesquisa em IA, qualificação profissional e sinergia entre universidades e setor privado.
  3. Reformas Institucionais: reorganização de poderes, fortalecimento do Parlamento e mecanismos de freios e contrapesos.
  4. Política Externa: renegociação de tarifas com os EUA, fortalecimento de alianças na Ásia‑Pacífico e gerenciamento de tensões com a Coreia do Norte.

No primeiro debate, Lee enfatizou a modernização do Estado para acompanhar avanços tecnológicos, enquanto Kim defendeu que menos regulação estimulará a iniciativa privada e a geração de empregos.

Agenda dos Próximos Debates

O segundo confronto está marcado para 25 de maio e o terceiro para 1º de junho, todos transmitidos pela rede nacional KBS, com temas que vão incluir segurança, educação e meio ambiente.

Possíveis Cenários e Impactos

Uma vitória de Lee pode acelerar a reforma constitucional, alterando o formato do mandato presidencial já em 2027. Caso Kim seja eleito, o foco estará na desburocratização e em aprofundar a cooperação estratégica com Washington e Tóquio. Em ambos os cenários, enfrentar o envelhecimento populacional e a queda da taxa de natalidade serão desafios centrais.

Conclusão

O debate inaugural serviu para delinear diferenças de visão sobre o papel do Estado, a estratégia econômica e as reformas institucionais. Com a economia em desaceleração e o cenário internacional volátil, a escolha dos eleitores em 3 de junho definirá não apenas o próximo presidente, mas também o modelo de governança e o posicionamento global da Coreia do Sul.

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