
Em 18 de junho de 2025, a polícia da Eslováquia realizou buscas e tentou deter o ex‑ministro da Defesa, Jaroslav Naď, e outros ex‑altos funcionários, no âmbito de uma investigação conduzida pelo Escritório do Procurador Europeu (EPPO) sobre o envio de munições e equipamentos militares à Ucrânia após a invasão russa de 2022. A ação reflete a guinada do governo de Robert Fico, em 2023, que suspendeu toda ajuda militar a Kiev e apelou por melhores relações com Moscou.
Contexto político
Desde outubro de 2023, o premiê Robert Fico vem orientando a Eslováquia em direção a uma postura mais neutra em relação ao conflito Rússia‑Ucrânia, suspendendo o envio de armamentos e questionando a permanência do país na OTAN. Ao mesmo tempo, seu governo acusou publicamente a administração anterior de “traição” e de violar normas orçamentárias ao doar equipamentos militares a Kiev.
A operação policial
Na manhã de hoje,18 de junho, agentes da polícia eslovaca cumpriram mandados de busca e apreensão de documentos em órgãos do Ministério da Defesa e tentaram deter Jaroslav Naď, atualmente em férias no Canadá, e outro ex‑funcionário ministerial. Enquanto Naď não pôde ser localizado para prisão imediata, o ex‑chefe de uma empresa estatal de defesa foi detido e conduzido para interrogatório.
Fundamentos da investigação
O inquérito, acionado pelo EPPO, apura se houve infrações às regras de licitação e à Lei Orçamentária ao encaminhar munições à Ucrânia. Um relatório de 2024 do Tribunal de Contas da Eslováquia já apontara “erros relacionados a regras orçamentárias” na aquisição e doação dessas munições, com envio de cópias à polícia para providências judiciais. Investigam‑se também doações de 13 caças MiG‑29 e de um sistema de defesa antiaérea.
Reações dos envolvidos
Em rede social, Jaroslav Naď repudiou as acusações, chamando as prisões de “show midiático” e reafirmando orgulho pelas medidas que adotou para ajudar a Ucrânia. Por sua vez, o ministro do Interior, Matúš Šutaj Eštok, defendeu a operação como essencial para “restaurar a legalidade” e coibir favorecimentos políticos na área de Defesa.
Implicações e desdobramentos
A ofensiva judicial agrava a polarização interna, onde grandes manifestações em apoio à continuidade da ajuda a Kiev ocorreram em 2024 e 2025. No plano internacional, Bruxelas observa com cautela as ações eslovacas, receosa de cortes adicionais no apoio a Ucrânia e de eventuais repercussões sobre fundos comunitários.
Perspectivas futuras
Espera‑se que o EPPO emita novos mandados de prisão ou bloqueios de bens ainda em junho, quando Naď retornar ao país. A oposição já sinalizou manifestações e possíveis recursos ao Tribunal Constitucional em caso de suspeitas de abuso de poder. A disputa jurídica e política seguirá moldando o futuro diplomático e institucional da Eslováquia.
Conclusão
O caso envolvendo o ex-ministro da Defesa Jaroslav Naď e outros ex-funcionários é emblemático do cenário complexo que a Eslováquia enfrenta ao redefinir sua posição geopolítica diante do conflito na Ucrânia. A investigação judicial, impulsionada pelo atual governo de Robert Fico, traduz não apenas uma disputa política interna, mas também o desafio de conciliar legalidade administrativa com interesses estratégicos e diplomáticos. O desenrolar desse processo terá impacto direto na credibilidade das instituições eslovacas e poderá influenciar a relação do país com a União Europeia, a OTAN e seus parceiros internacionais. Em um momento delicado para a segurança europeia, a transparência e o respeito ao devido processo legal serão essenciais para garantir estabilidade política e confiança pública na Eslováquia.
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