Apelo do Irã a Putin: Busca por Apoio Após o Maior Ataque Militar dos EUA ao País

Ayatollah Ali Khamenei fala durante uma reunião oficial em Teerã, Irã.
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, durante uma reunião em Teerã, em 2 de novembro de 2022. Foto: Escritório do Líder Supremo do Irã/WANA via REUTERS.

Entre os dias 21 e 22 de junho de 2025, os Estados Unidos lançaram a “Operação Midnight Hammer” — a maior ação militar contra o Irã desde a Revolução Islâmica de 1979 — atingindo as instalações nucleares de Fordow, Natanz e Isfahan com mísseis de cruzeiro e bombas de penetração pesada . Em meio a esse cenário, e diante de declarações públicas de Washington e de Jerusalém especulando sobre o assassinato do aiatolá Ali Khamenei e possível mudança de regime, o líder supremo iraniano despachou seu ministro das Relações Exteriores, Abbas Araqchi, a Moscou. O objetivo: obter de Vladimir Putin um apoio russo mais vigoroso contra os Estados Unidos e Israel.

O pedido de apoio de Teerã a Moscou

Na tarde de hoje, 23 de junho, Araqchi chegou a Moscou portando uma carta de Khamenei que reclamava da insuficiência do suporte russo até então e demandava “ajuda mais contundente” — tanto militar quanto diplomática — para enfrentar as repercussões dos ataques americanos e israelenses . Embora Teerã não tenha divulgado detalhes específicos sobre os tipos de assistência desejados, fontes iranianas mencionaram interesse em sistemas de defesa aérea, reforço de inteligência por satélite e garantias políticas no âmbito das Nações Unidas.

A posição de Putin e as considerações russas

Apesar de condenar explicitamente apenas as ações de Israel, Moscou ainda não se pronunciou sobre os ataques dos EUA às instalações nucleares iranianas . Enredada em seu conflito prolongado na Ucrânia, a Rússia pondera os riscos de uma escalada direta com Washington, ao mesmo tempo em que reforça seu papel de mediador. Em audiência recente, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, reiterou que a Rússia “continua disposta a facilitar um acordo sobre o programa nuclear iraniano, preservando o direito de Teerã ao uso pacífico da energia nuclear”.

Implicações regionais e globais

Caso Moscou acate o pedido iraniano, a dinâmica de poder no Oriente Médio pode mudar substancialmente. Um apoio russo mais ativo — especialmente fornecimento de armamentos e inteligência — elevaria o grau de desafio ao predominância americana e poderia levar aliados regionais, como Arábia Saudita e Turquia, a recalibrar suas estratégias de segurança . Adicionalmente, a simples percepção de um eixo Russo-Irã fortalecido tende a pressionar os preços do petróleo e gerar instabilidade nos mercados globais.

Perspectivas futuras

O Tratado de Parceria Estratégica de 20 anos, assinado entre Rússia e Irã em janeiro de 2025, não inclui cláusula de defesa mútua, o que limita a obrigação de intervenção militar direta de Moscou . Porém, o encontro entre Araqchi e Putin pode resultar num protocolo não oficial de cooperação — entrega de sistemas S-400 e acordos de inteligência conjunta — sem descaracterizar a postura de mediação de Moscou junto a Washington. A rapidez e o teor das decisões russas serão determinantes para definir se a crise no Golfo Pérsico evoluirá para um conflito regional ampliado ou se haverá abertura para novas negociações multilaterais.

Conclusão

O envio de Abbas Araqchi a Moscou simboliza a urgência de Teerã em reforçar sua posição diante da maior ofensiva militar ocidental desde 1979. A resposta de Putin — ainda que cautelosa — refletirá o delicado equilíbrio entre manter influência estratégica no Irã e evitar um confronto direto com os EUA. No limiar entre guerra e diplomacia, os próximos desdobramentos desse diálogo russo-iraniano serão decisivos para o futuro da estabilidade no Oriente Médio.

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