Coreia do Sul e Estados Unidos: Negociações Estratégicas para Evitar Tarifas e Impulsionar Investimentos Bilionários

Bandeiras da Coreia do Sul e dos Estados Unidos com ícones de indústria, microchip, carro elétrico conectado a tomada e pilhas de moedas douradas simbolizando investimentos bilionários e cooperação tecnológica.
Negociações estratégicas entre Coreia do Sul e Estados Unidos para evitar tarifas comerciais de 25%, com proposta de investimentos bilionários da Samsung e Hyundai em setores como semicondutores e veículos elétricos.

Em meio ao clima protecionista que marca a administração americana, a Coreia do Sul trava negociações intensas com os Estados Unidos para evitar a imposição de tarifas recíprocas de 25% sobre suas exportações — medida prevista para entrar em vigor em 1º de agosto de 2025. Seul pretende apresentar um pacote de investimentos de cerca de US$ 100 bilhões por meio de gigantes como Samsung e Hyundai, aliado a propostas de cooperação em setores estratégicos, como construção naval e semicondutores.

O ministro da Indústria da Coreia do Sul, Kim Jung-kwan, declarou em entrevista à Reuters:
“Estamos comprometidos em fortalecer a parceria com os EUA por meio de investimentos substanciais que beneficiarão ambas as economias, evitando a imposição de tarifas que prejudicariam setores-chave.”

Contexto Comercial e Amença Tarifária

  • Origem das Tarifas: Em 2 de abril de 2025, o governo americano anunciou tarifas recíprocas de 25% sobre produtos sul-coreanos, visando equilibrar o déficit comercial e proteger indústrias domésticas (Departamento de Comércio dos EUA, 2025).
  • Relação KORUS FTA: O KORUS FTA, em vigor desde 2012, eliminou várias barreiras tarifárias, mas ficou ameaçado pela política tarifária atual dos EUA.
  • Referência ao Caso Japonês: Em junho de 2025, o Japão assegurou um acordo que reduziu tarifas para 15%, além de um compromisso de investimentos de US$ 550 bilhões (Bloomberg, 2025). Isso aumentou a pressão sobre Seul para obter termos semelhantes.

A Proposta Sul-Coreana: Investimentos e Cooperação Setorial

  1. Pacote de US$ 100 bilhões
    • Inclui fundos para pesquisas, ampliação de fábricas e desenvolvimento conjunto em semicondutores, baterias e veículos elétricos.
    • Objetiva gerar milhares de empregos nos EUA e reforçar a cadeia de valor local.
  2. Samsung
    • Expansão de fábricas de chips avançados e centros de P&D em Arizona e Texas.
    • Parcerias previstas com universidades americanas para pesquisa em inteligência artificial e 6G.
  3. Hyundai
    • Construção de novas plantas de veículos elétricos em Geórgia e Ohio.
    • Investimento em infraestrutura de recarga e centros de desenvolvimento de baterias.
  4. Novas Áreas de Cooperação
    • Construção Naval: proposta de joint ventures para estaleiros nos EUA, atendendo ao interesse do secretário de Comércio americano Howard Lutnick.
    • Gás Natural: avaliação de participação sul-coreana em projeto de duto do Alasca, de US$ 44 bilhões.

O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou em coletiva:
“Os investimentos das empresas sul-coreanas são uma oportunidade única para revitalizar indústrias americanas, criando empregos e inovação.”

Impacto Social: Geração de Empregos nos EUA

De acordo com projeções da consultoria econômica Global Insight, os investimentos anunciados podem gerar entre 150.000 a 200.000 empregos diretos e indiretos nos Estados Unidos ao longo da próxima década, especialmente nos setores de manufatura de semicondutores, veículos elétricos e infraestruturas associadas.

Além disso, a expansão das fábricas e centros de pesquisa promete estimular o desenvolvimento de mão-de-obra qualificada, contribuindo para a competitividade industrial americana em longo prazo.

Dados Estatísticos Relevantes

IndicadorValor (2024)Fonte
Volume de comércio bilateral EUA-CoreiaUS$ 222 bilhõesU.S. Census Bureau
Investimentos sul-coreanos diretos nos EUAUS$ 60 bilhões (acumulado até 2023)Banco de Investimentos da Coreia do Sul
Empregos diretos gerados por Samsung nos EUA~40.000Relatório Samsung 2023
Empregos diretos gerados por Hyundai nos EUA~30.000Relatório Hyundai 2023
Meta de novos empregos com o pacote atual150.000 – 200.000 (estimativa)Consultoria Global Insight

Andamento Recente das Negociações

Reuniões de Alto Nível

  • Em 24 de julho, o ministro Kim Jung-kwan se reuniu com o secretário de Comércio Howard Lutnick em Washington.
  • Estava previsto encontro do ministro das Finanças Koo Yun-cheol com o secretário do Tesouro Scott Bessent, mas foi adiado por conflito de agenda.

Próximos Passos

  • Rodada de negociações ministeriais será retomada nos próximos dias, com prazo final em 1º de agosto para a suspensão das tarifas.
  • Analistas alertam que, sem acordo, setores como automotivo e aço poderão sofrer forte impacto.

Análise Econômica e Geopolítica

  1. Ganho Mútuo
    • Para os EUA, os investimentos sul-coreanos significam criação de empregos e fortalecimento de cadeias críticas (chips, veículos elétricos).
    • Para a Coreia do Sul, mantém-se o acesso sem tarifas ao maior mercado consumidor do mundo.
  2. Equilíbrio na Ásia-Pacífico
    • O acordo reforçaria a aliança estratégica com Washington em face ao avanço chinês na região.
    • Poderia servir de modelo para parcerias baseadas em investimento produtivo, não apenas em exportação.

Desafios e Perspectivas Futuras

  • Aprovação Política: Congresso americano terá voz decisiva na homologação do acordo e dos investimentos anunciados.
  • Implementação: As empresas terão de cumprir prazos e metas de geração de empregos e tecnologia local.
  • Modelo para Outras Nações: Se exitoso, o formato “investimento em troca de acesso” poderá ser replicado por outros parceiros comerciais.

Conclusão

As negociações entre Coreia do Sul e Estados Unidos ilustram a diplomacia econômica contemporânea, que alia investimentos bilionários a acordos comerciais para resolver tensões tarifárias. A proposta de US$ 100 bilhões de Samsung e Hyundai, associada à cooperação em setores estratégicos, busca impedir tarifas de 25%, ao mesmo tempo que aprofunda a integração industrial e tecnológica entre os dois países, em um momento crucial para a economia global.

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