
Em 31 de julho de 2025, o governo dos Estados Unidos anunciou tarifas recíprocas de 10% a 50% sobre produtos brasileiros, incluindo carnes, a serem aplicadas a partir de 7 de agosto de 2025. Essa medida impacta diretamente a competitividade das carnes brasileiras no mercado americano, tradicionalmente um dos principais destinos das exportações brasileiras. Em resposta, exportadores brasileiros têm buscado expandir sua presença em mercados estratégicos da Ásia e do Oriente Médio, regiões que apresentam forte demanda por proteínas animais.
Contexto das Tarifas Globais e seu Impacto no Mercado Brasileiro de Carnes
De acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), cerca de 35,9% das exportações brasileiras aos EUA serão atingidas por tarifas que chegam a 50%, impactando fortemente o setor de carnes. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) estima que as perdas no primeiro semestre de 2025 podem alcançar US$ 1 bilhão caso as tarifas sejam plenamente aplicadas.
Evolução das Tarifas de Carne Brasileira nos EUA (2023-2025)
Evolução das Tarifas de Carne Brasileira nos EUA (2023-2025)
Ano | Tarifa Média Aplicada (%) | Volume Exportado para EUA (mil toneladas) |
---|---|---|
2023 | 10% | 230 |
2024 | 15% | 215 |
2025 | 50% (previsto a partir de 7 ago) | 180 (estimado) |
Fonte: MAPA, ABIEC, 2025
Ásia e Oriente Médio como Novos Focos do Comércio de Carne
Dados de Exportação Recentes
Em 2024, o Brasil atingiu recorde de exportação de carne bovina, com 2,89 milhões de toneladas, gerando US$ 12,8 bilhões em receita — um aumento de 22% em relação a 2023, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e ABIEC.
Principais Destinos da Carne Bovina Brasileira em 2024 (% do total exportado)
País/Região | Percentual (%) |
---|---|
China | 51,95 |
Emirados Árabes Unidos | 5,07 |
Estados Unidos | 7,55 |
Japão | 4,20 |
Coreia do Sul | 3,60 |
Fonte: ABIEC, 2025
Crescimento da Demanda Asiática e do Oriente Médio
- China: Maior importador global, mantém forte demanda para suprir déficit interno e manter estoques estratégicos.
- Japão e Coreia do Sul: Acordos sanitários recentes abriram portas para importações crescentes, com foco em carnes de alta qualidade.
- Oriente Médio: Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita têm elevado suas importações devido à baixa produção local e acordos comerciais facilitadores.
Casos de Sucesso de Exportadores Brasileiros
- JBS S.A.: A maior empresa de processamento de carnes do mundo tem aumentado sua participação no mercado asiático, especialmente na China e no Japão, investindo em certificações sanitárias e infraestrutura logística local. Em 2024, 40% das vendas internacionais da JBS foram destinadas à Ásia e Oriente Médio.
- Minerva Foods: Possui escritórios estratégicos em Dubai e Xangai, com foco em carne bovina e de cordeiro, aproveitando as demandas específicas e certificações halal exigidas na região do Golfo.
- BRF S.A.: Embora focada no setor de carnes de frango e suína, ampliou seu portfólio de produtos halal para o Oriente Médio, que corresponde a cerca de 20% das suas receitas internacionais em 2024.
Implicações Geopolíticas e Econômicas
O redirecionamento comercial fortalece a inserção do Brasil em cadeias globais de valor na Ásia e Oriente Médio, mas exige esforços coordenados em acordos comerciais, investimentos em infraestrutura e adequação a exigências sanitárias rigorosas, como as certificações HALAL, OIE e HACCP.
Ações Governamentais e Perspectivas
O governo federal, por meio do MAPA e do Ministério da Economia, lançou linhas de crédito e seguros especiais para exportadores impactados pelas tarifas americanas, além de reforçar a diplomacia econômica visando ampliar acordos comerciais e reduzir barreiras.
Perspectivas Futuras
Consolidar vendas na Ásia e Oriente Médio pode reduzir a dependência brasileira dos mercados ocidentais, promovendo maior resiliência. A diversificação de produtos, o aprimoramento da logística e o investimento em sustentabilidade serão diferenciais competitivos essenciais.
Conclusão
As tarifas impostas pelos EUA representam um desafio imediato para o setor exportador de carnes brasileiro, mas também funcionam como um catalisador para a diversificação de mercados. O foco na Ásia e Oriente Médio se mostra promissor, com exemplos práticos de empresas brasileiras que já ampliaram sua presença nessas regiões, demonstrando a capacidade do Brasil de se adaptar e prosperar em um cenário global em transformação.
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