
Na quinta-feira, 14 de agosto de 2025, os Estados Unidos autorizaram o envio de forças aéreas e navais para o Mar do Caribe Meridional com o objetivo de combater cartéis de drogas latino-americanos classificados como “terroristas globais” pelo governo de Donald Trump. Essa medida marca uma mudança estratégica significativa na abordagem dos EUA ao narcotráfico e repercutiu com força na América Latina e no cenário internacional. Para mais detalhes sobre este tema, confira: EUA Autorizam Uso Militar Contra Cartéis Latino-Americanos: Implicações, Contexto e Reações.
A operação militar
De acordo com fontes do Pentágono citadas pela Reuters, os EUA começaram a mobilizar ativos aéreos e navais no sul do Caribe para enfrentar cartéis como o Sinaloa (México) e o Tren de Aragua (Venezuela), agora classificados como organizações terroristas globais.
Essa estratégia se soma a um contexto de crescente militarização do combate a cartéis, que abrange:
- O uso de drones de vigilância e interceptação, incluindo voos sobre territórios como México e Venezuela.
- A designação de cartéis como Organizações Terroristas Estrangeiras (FTO), medida que potencializa a aplicação de ações contra essas entidades.
- O direcionamento de membros de organizações criminosas detidos para locais como a Base Naval de Guantánamo, levantando questões sobre direitos humanos e devido processo.
Reações regionais e internacionais
- México: a presidente Claudia Sheinbaum rejeitou qualquer possibilidade de invasão militar, enfatizando que “não haverá invasão do México” e reafirmando a inviolabilidade da soberania nacional.
- Outros países da América Latina demonstraram inquietação, e alguns avanços diplomáticos foram retomados. O Secretário de Estado Marco Rubio intensificou a cooperação com nações do Caribe e da América Central, ampliando o intercâmbio de inteligência e apoio operacional.
- A comunidade internacional, em especial organizações como a OEA e a ONU, manifestou preocupação com o uso militar como ferramenta dominante contra o narcotráfico, alertando para possíveis violações de direitos e do direito internacional.
Impactos estratégicos, legais e econômicos
Estratégicos
- A medida visa interromper rotas transnacionais de tráfico de drogas com maior eficácia, utilizando interceptações marítimas e aéreas — uma escalada em relação às operações contra-narcóticos anteriores.
- Esse posicionamento reforça uma presença militar mais assertiva dos EUA em uma área sensível para a América Latina, levantando preocupações políticas e diplomáticas.
Legais
- A classificação dos cartéis como FTOs autoriza ações que antes eram exclusivas de agências civis, algo que remete à abordagem pós-11 de setembro.
- Especialistas criticam o uso de força militar em terra estrangeira sem autorização de instâncias multilaterais, o que pode conflitar com o direito internacional humanitário.
Econômicos
- A presença militar no Caribe pode afetar rotas comerciais legítimas, além de impactar o turismo e a estabilidade portuária em países vizinhos.
- O aumento da tensão pode também onerar o comércio regional e gerar resistências políticas.
Novas ações complementares destacadas hoje
Além da operação militar, foram divulgadas outras iniciativas significativas pelos Estados Unidos:
- Processos e sanções: Em 14 de agosto de 2025, o Departamento de Justiça dos EUA indiciou cinco líderes do Cartel Unido do México, incluindo Juan José Farías Álvarez (“El Abuelo”), por tráfico de metanfetamina, cocaína e fentanil, com recompensas de até US$ 26 milhões.
- Intervenção privada no Haiti: Erik Prince, fundador da Blackwater, está enviando cerca de 200 mercenários a Haiti por meio da empresa Vectus Global, em um acordo de um ano com o governo haitiano para enfrentar a violência de gangues. Essa ação levanta preocupações sobre a soberania local e o papel de contratados militares privados.
Esses eventos reforçam o caráter multilateral — e por vezes questionável — da resposta dos EUA ao crime organizado transnacional.
Conclusão
A autorização para uso militar no Caribe contra cartéis latino-americanos representa uma redefinição dos limites do combate ao narcotráfico. Trata-se de um marco de força, mas também um ponto de ruptura legal, diplomático e humanitário. O sucesso dependerá não apenas da eficácia operacional, mas também da construção de consensos regionais, do respeito à legalidade internacional e da capacidade de reduzir tensões políticas. A integração com sanções financeiras – como as ações contra o Cartel Unido – e com iniciativas privadas controversas como em Haiti deixa claro que a estratégia vai muito além da busca por segurança.
Faça um comentário