Bolívia decide seu futuro em meio à pior crise econômica em 20 anos e juventude decisiva nas urnas

Samuel Doria Medina durante entrevista em La Paz, Bolívia, 30 de julho de 2025
Samuel Doria Medina, candidato presidencial boliviano, responde perguntas durante entrevista em La Paz. (AP Photo/Juan Karita)

No próximo domingo, 17 de agosto de 2025, cerca de 7,9 milhões de eleitores irão às urnas para escolher presidente, vice e legisladores. As eleições Bolívia 2025 ocorrem em um momento crítico: o país enfrenta a pior crise econômica boliviana em duas décadas, com inflação na casa dos 24–25%, reservas cambiais pressionadas e desabastecimento de combustíveis.

“Estamos diante de um momento em que o voto não é apenas uma escolha política, é um grito por estabilidade e oportunidades”, afirmou a cientista política Mariana Rojas, da Universidade Mayor de San Andrés, ao resumir o clima nas ruas de La Paz.

O enfraquecimento do MAS e a ausência de Arce e Morales

O governista Movimento ao Socialismo (MAS), que dominou a política nacional por quase 20 anos, chega fragilizado. O atual presidente Luis Arce decidiu não disputar a reeleição, e Evo Morales foi impedido judicialmente de concorrer. Sem espaço na disputa, Morales optou por pedir voto nulo — gesto que pode reduzir a participação efetiva da base tradicional do partido e abrir caminho para a oposição.

Candidatos presidenciais Bolívia 2025: disputa pela mudança

As pesquisas mais recentes colocam na dianteira dois nomes de oposição:

  • Samuel Doria Medina — empresário de centro-direita, com propostas de privatização parcial de estatais e atração de investimentos estrangeiros.
  • Jorge “Tuto” Quiroga — ex-presidente conservador, defensor de acordos de livre comércio e abertura de mercados.

Ambos se apresentam como a antítese do modelo econômico vigente e prometem romper com as políticas intervencionistas do MAS. Segundo analistas, o cenário mais provável é um segundo turno entre os dois em 19 de outubro, já que nenhum deve conquistar a maioria absoluta neste domingo.

Crise econômica boliviana: pano de fundo decisivo

O desgaste do governo Arce foi amplificado pela combinação de inflação alta, escassez de combustíveis e queda nas exportações de gás natural. Relatórios do FMI alertam para vulnerabilidades fiscais e cambiais, indicando necessidade urgente de reformas. Essa conjuntura transformou a economia no tema central da campanha e favoreceu candidatos que defendem mudanças rápidas.

Juventude como força eleitoral

Mais da metade do eleitorado tem até 35 anos. Essa juventude decisiva nas urnas é alvo de estratégias inovadoras: transmissões ao vivo, eventos que mesclam política e música, e campanhas digitais agressivas. Apesar do engajamento online, especialistas alertam que a abstenção ainda é um risco — principalmente entre jovens que não se identificam com os nomes tradicionais.

O trunfo do lítio

A Bolívia abriga uma das maiores reservas de lítio do mundo, mineral estratégico para a indústria de baterias elétricas. O próximo presidente terá de decidir se mantém o controle estatal rígido ou se abre espaço para parcerias privadas e estrangeiras. Essa decisão pode redefinir a economia boliviana e posicionar o país como líder global na transição energética.

Riscos e expectativas

Observadores internacionais estarão presentes para garantir transparência, mas o ambiente polarizado e os apelos de Morales ao voto nulo podem gerar protestos se o resultado for apertado. Entre investidores e parceiros comerciais, há expectativa de que a eleição defina o ritmo e a direção das reformas — seja com abertura de mercado, seja com manutenção de barreiras.

Conclusão

As eleições Bolívia 2025 representam um divisor de águas. Entre a crise econômica boliviana, a influência do lítio e o peso da juventude, o país caminha para um resultado que vai muito além de escolher um presidente: está em jogo a própria trajetória política e econômica da Bolívia na próxima década.

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