
O governo libanês enfrenta um desafio monumental ao tentar implementar um plano de desarmamento do Hezbollah até o final de 2025. Mediado pelos Estados Unidos, o plano busca estabelecer o monopólio estatal das armas no país e restaurar a soberania nacional, mas encontra resistência significativa do grupo militante e de aliados internos.
Contexto Histórico e Geopolítico
O Hezbollah, fundado em 1982 com apoio iraniano, emergiu como uma força militar significativa no Líbano, especialmente após a retirada de Israel do sul do país em 2000. Apesar da retirada israelense, o grupo manteve seu arsenal, alegando a necessidade de defesa contra possíveis agressões. Durante a guerra civil libanesa (1975–1990), o país enfrentou divisões sectárias profundas, e o desarmamento de grupos armados foi um dos maiores desafios pós-guerra.
O atual plano de desarmamento surge após o conflito devastador de 2024 com Israel, que resultou em cerca de 5.000 mortes de combatentes do Hezbollah e causou danos estimados em US$ 11,1 bilhões ao Líbano, agravando a crise econômica e política do país.
O Plano de Desarmamento em Fases
O plano mediado pelos EUA, apresentado pelo enviado especial Tom Barrack, é dividido em quatro fases:
- Entrega Inicial de Armas: O Hezbollah deve entregar parte significativa de seu arsenal dentro de 15 dias após a aceitação do plano.
- Retirada Gradual de Israel: Israel retiraria suas forças do sul do Líbano de maneira escalonada.
- Libertação de Prisioneiros e Desmantelamento de Infraestruturas: Inclui a libertação de prisioneiros libaneses e o desmantelamento de instalações militares do Hezbollah.
- Conferência Internacional: Uma reunião global seria realizada para apoiar a reconstrução do Líbano e assegurar recursos econômicos e humanitários.
Reação do Hezbollah
O líder do Hezbollah, Naim Qassem, rejeitou firmemente o plano, alegando que ele serve aos interesses de Israel e ameaça a defesa nacional do Líbano. Qassem advertiu que, se o governo libanês confrontar o grupo, o país “não terá vida”, sinalizando o risco de um conflito interno.
Ministros xiitas aliados do Hezbollah também expressaram oposição ao plano, argumentando que qualquer ação contra o grupo pode ser percebida como uma ameaça à comunidade xiita e à segurança do país.
Posição do Governo Libanês
O presidente libanês, Joseph Aoun, reafirmou a soberania do Líbano, declarando que nenhum grupo armado, incluindo o Hezbollah, pode operar independentemente. Aoun criticou a interferência de aliados do Hezbollah, como o Irã, e enfatizou a necessidade de consolidar uma defesa nacional unificada.
O governo enfrenta o desafio de equilibrar a pressão internacional, a necessidade de reconstrução pós-guerra e o risco de tensões sectárias internas.
Impactos da Guerra de 2024
A guerra com Israel em 2024 resultou em:
- Aproximadamente 5.000 mortes de combatentes do Hezbollah.
- Destruição significativa no sul do Líbano.
- Danos econômicos estimados em US$ 11,1 bilhões, agravando a crise financeira e social do país.
A devastação intensificou a urgência de restaurar a estabilidade política e econômica, mas também aumentou as tensões internas.
Implicações Regionais
O desarmamento do Hezbollah afeta o equilíbrio de poder no Oriente Médio, considerando que o grupo é aliado estratégico do Irã e um contrapeso à influência israelense. Mudanças na posição do Hezbollah podem impactar negociações de paz regionais e relações bilaterais entre países vizinhos.
Conclusão
O plano de desarmamento do Hezbollah é uma tentativa ambiciosa de consolidar o controle estatal sobre as armas no Líbano. A resistência do grupo, as divisões sectárias e as complexidades regionais tornam sua implementação extremamente desafiadora. O futuro do país dependerá da capacidade das lideranças de navegar essas tensões internas e externas, garantindo estabilidade e paz duradoura.
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