
Em 10 de setembro de 2025, o líder do Hezbollah, Naim Qassem, emitiu uma advertência contundente aos países do Golfo Pérsico, sugerindo que poderiam ser os próximos alvos se Israel obtivesse sucesso na eliminação de grupos militantes na região. Essa declaração surge após um ataque aéreo israelense em Doha, no Catar, que resultou na morte de cinco membros do Hamas e um oficial de segurança qatari.
Contexto da ameaça
Qassem afirmou que Israel não conseguiu alcançar seus objetivos expansionistas devido à presença de grupos militantes no Líbano, Gaza e outras partes do Oriente Médio. Ele instou os países ricos em petróleo do Golfo, como Bahrein e Emirados Árabes Unidos, a apoiar financeiramente, politicamente e socialmente esses grupos.
O ataque em Doha ocorre em um momento de alta tensão, após um ano de confrontos indiretos entre Israel e o Hezbollah. Apesar do cessar-fogo mediado pelos EUA no fim de 2024, Israel continua realizando ataques aéreos no Líbano e Gaza, visando principalmente o Hezbollah e o Hamas.
Atores secundários e influência regional
Além do Hezbollah e Israel, outros atores desempenham papéis estratégicos nesse cenário:
- Irã: fornece apoio militar e logístico ao Hezbollah e a militantes na região. Sua influência limita a liberdade de ação de Israel e projeta poder no Levante.
- Turquia: busca equilibrar suas relações com os países do Golfo e com o Hamas, tentando se posicionar como mediador regional.
- Egito: mantém papel diplomático histórico, principalmente em negociações de cessar-fogo em Gaza, além de controlar passagens estratégicas como Rafah.
A participação desses atores torna o conflito mais complexo e aumenta o risco de escalada regional.
Implicações para os países do Golfo
A ameaça do Hezbollah destaca a crescente polarização no Oriente Médio. Países do Golfo que estabeleceram relações diplomáticas com Israel, como Emirados Árabes Unidos e Bahrein, agora enfrentam dilemas estratégicos: apoiar Israel formalmente ou manter algum alinhamento com grupos militantes para proteger seus interesses regionais.
Além do risco militar, a escalada afeta a economia e energia global. A instabilidade na região do Golfo, maior exportadora de petróleo do mundo, pode elevar preços do barril e gerar volatilidade nos mercados de gás natural. Rotas comerciais marítimas, como o estreito de Ormuz, podem ser impactadas caso ocorra escalada, afetando fluxos comerciais globais.
Reações internacionais
A comunidade internacional reagiu com preocupação. O Catar condenou o ataque israelense em Doha, classificando-o como “terrorismo estatal” e alertando que ações como esta prejudicam os esforços de mediação para um cessar-fogo duradouro em Gaza.
Países como EUA e Reino Unido expressaram apoio a Israel, enfatizando o direito de defesa, mas há crescente pressão para que todas as partes busquem soluções diplomáticas e evitem escalada militar. Organismos como a ONU acompanham de perto a situação, reforçando apelos por negociação e restrição de ações unilaterais.
Perspectivas futuras
A situação permanece volátil. O Hezbollah mantém postura de resistência, incentivando apoio a militantes e pressionando países do Golfo. A escalada pode envolver mais nações, alterando alianças estratégicas e ampliando conflitos secundários.
Para os países do Golfo, a escolha entre alinhar-se com Israel ou apoiar grupos locais é um dilema geopolítico de longo prazo. Além disso, a instabilidade afeta diretamente mercados de energia e comércio internacional, tornando a região um ponto focal global de atenção.
Conclusão
A ameaça do Hezbollah aos países do Golfo sublinha a complexidade da geopolítica no Oriente Médio. Com múltiplos atores e interesses em jogo — Israel, Hezbollah, Irã, Turquia, Egito e países do Golfo — a região continua sendo palco de tensões internacionais que afetam não apenas a segurança, mas também a economia global. A busca por uma solução pacífica depende de esforços coordenados e compromissos substanciais de todos os envolvidos.
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