Dois acidentes fluviais na República Democrática do Congo deixam quase 200 mortos

Acidente fluvial no rio Congo na República Democrática do Congo: barco sobrecarregado começa a virar com passageiros à bordo.
Momento em que um barco sobrecarregado vira no rio Congo, resultando em dezenas de vítimas nos acidentes fluviais de setembro de 2025 na RDC. Foto: Sonar360/Twitter.

Em apenas dois dias, quase 200 vidas foram perdidas em acidentes de barcos no rio Congo, evidenciando a vulnerabilidade do transporte fluvial na República Democrática do Congo (RDC).

Nos dias 10 e 11 de setembro de 2025, a RDC foi palco de dois graves acidentes fluviais, resultando na morte de pelo menos 193 pessoas, além de dezenas de desaparecidos. Os incidentes ocorreram na região da Província de Equateur, destacando os riscos persistentes no transporte aquático do país, especialmente em rios superlotados e com condições de navegação precárias.

Contexto dos acidentes

O primeiro acidente aconteceu em Basankusu, no dia 10 de setembro, quando uma embarcação motorizada virou durante a noite, resultando em 86 mortes confirmadas. Entre as vítimas, estavam estudantes que retornavam para suas comunidades. Autoridades locais atribuíram o acidente a superlotação e navegação noturna, fatores comuns nesse tipo de transporte fluvial.

O segundo acidente ocorreu em Lukolela, no dia 11 de setembro. Uma embarcação com cerca de 500 passageiros pegou fogo e virou no rio Congo, deixando 107 mortos confirmados e 146 desaparecidos. Testemunhas relataram que a embarcação estava sobrecarregada e que não havia coletes salva-vidas suficientes para todos os passageiros.

Causas e fatores de risco

Estes incidentes ilustram problemas estruturais no transporte fluvial na RDC:

  1. Superlotação – Muitos barcos operam acima da capacidade máxima permitida, comprometendo a estabilidade e a segurança da navegação.
  2. Falta de equipamentos de segurança – Coletes salva-vidas insuficientes e embarcações sem sinalização adequada aumentam o risco de mortes em caso de acidentes fluviais.
  3. Condições da embarcação – Falta de manutenção e equipamentos inapropriados para navegação em rios com correntezas fortes.
  4. Navegação noturna – A ausência de iluminação e sinalização aumenta o risco de colisões e capotamentos.

Impacto humanitário

Além das perdas humanas, os acidentes afetam diretamente famílias, comunidades locais e a economia fluvial, que é vital para transporte de pessoas e mercadorias na região. A incapacidade de transporte seguro compromete o acesso a serviços essenciais, incluindo saúde e educação, especialmente em áreas remotas.

Organizações humanitárias internacionais, como a Cruz Vermelha, estão mobilizadas para apoiar as famílias das vítimas e fornecer assistência emergencial aos sobreviventes.

Precedentes e contexto histórico

A RDC possui um histórico de acidentes fluviais devido à dependência de transporte por rios extensos, falta de regulamentação rigorosa e fiscalização insuficiente. Incidentes semelhantes já causaram centenas de mortes nos últimos anos, destacando a necessidade de reformas estruturais e políticas de segurança no setor.

Especialistas recomendam medidas como:

  • Regulamentação mais rigorosa do transporte fluvial.
  • Fiscalização constante de embarcações e operadores.
  • Investimento em treinamento e equipamentos de segurança para tripulações.
  • Campanhas de conscientização sobre limites de carga e navegação segura.

Conclusão

Os acidentes de 10 e 11 de setembro de 2025 reforçam a vulnerabilidade do transporte fluvial na RDC e evidenciam a urgência de intervenções estruturais e políticas públicas. Embora tragédias como essas sejam frequentemente tratadas como acidentes isolados, elas representam um problema sistêmico de segurança e infraestrutura, cujo impacto humanitário e socioeconômico é profundo.

Enquanto esforços de resgate e assistência continuam, as autoridades locais e organizações internacionais enfrentam o desafio de prevenir futuras tragédias, garantindo que a navegação nos rios da RDC seja segura e confiável.

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