
Eleições, inicialmente previstas para setembro, foram adiadas para 5 de outubro de 2025 em meio a crises humanitárias, tensões sectárias e desafios logísticos.
A Síria vive um momento histórico: as primeiras eleições parlamentares desde a queda do regime de Bashar al-Assad em dezembro de 2024. Inicialmente previstas para setembro, conforme detalhado no artigo Síria se prepara para primeiras eleições legislativas pós-Assad em meio a tensões sectárias e instabilidade política, as eleições foram adiadas para 5 de outubro de 2025 devido a desafios logísticos e de segurança em um país ainda marcado por conflitos e crises humanitárias. Observadores internacionais consideram este processo como um teste crítico para a estabilidade política e a reconstrução social do país.
Contexto histórico e político
O governo de transição enfrenta a tarefa de consolidar instituições democráticas em um cenário complexo, com mais de 2,5 milhões de deslocados internos e aproximadamente 500 mil refugiados sírios vivendo em países vizinhos. A transição política ocorre sob forte pressão internacional para demonstrar transparência e legitimidade.
O presidente de transição, Ahmad al-Sharaa, afirmou:
“Garantir eleições livres e justas é essencial para reconectar a Síria com a comunidade internacional e restaurar a confiança da população no processo político.”
Estrutura do processo eleitoral
O modelo adotado prevê que 121 dos 210 membros da Assembleia Popular sejam eleitos, enquanto os 89 restantes serão nomeados pelo presidente interino. Esta combinação busca equilibrar representatividade democrática e estabilidade política, embora críticos apontem que a nomeação direta possa limitar a autonomia legislativa.
Até o momento, cerca de 450 candidatos se registraram oficialmente, incluindo representantes de diferentes comunidades étnicas e religiosas. A Organização Internacional para Monitoramento Eleitoral destacou:
“O desafio será garantir que todas as regiões, especialmente as mais instáveis, consigam organizar eleições seguras e acessíveis para a população civil.”
Tensões e segurança
Setembro de 2025 foi marcado por confrontos em Aleppo e em regiões do norte da Síria, com bombardeios e ataques localizados. Organizações humanitárias estimam que mais de 1.200 civis tenham sido afetados por violência armada nas últimas semanas, incluindo deslocamentos forçados de centenas de famílias.
Rana al-Khatib, analista do Middle East Institute, afirmou:
“A insegurança persistente nas áreas controladas por grupos armados representa o maior risco para a participação eleitoral e a integridade do processo.”
Crise humanitária e social
A Síria enfrenta uma grave crise alimentar, agravada por seca histórica e incêndios florestais. Estima-se que mais de 3,8 milhões de pessoas estejam em situação de insegurança alimentar grave, segundo dados da ONU. Estes fatores impactam diretamente a logística eleitoral e a capacidade das candidaturas de atuar em regiões afetadas.
Diplomacia e legitimidade internacional
Ahmad al-Sharaa participou da 80ª sessão da Assembleia Geral da ONU, a primeira vez que um líder sírio compareceu à ONU em quase 60 anos. A visita reforça o esforço do governo de transição para obter apoio político e econômico internacional, essencial para a estabilidade e reconstrução do país.
Um representante da ONU destacou:
“A participação da Síria neste processo eleitoral é observada como um indicador da capacidade do país de avançar na reconstrução e na reconciliação social.”
Perspectivas
O sucesso ou fracasso das eleições de 5 de outubro pode definir o rumo da estabilidade política, reconciliação social e reconstrução econômica da Síria. O adiamento de setembro para outubro demonstra uma tentativa pragmática de garantir transparência e organização mínima, mesmo diante de crises internas e externas.
Analistas concluem que, apesar dos desafios, a realização das eleições é um passo essencial para a legitimidade do governo de transição e para a reconstrução do tecido político sírio.
Conclusão
As primeiras eleições parlamentares pós-Assad representam um marco histórico para a Síria. Entre desafios logísticos, crises humanitárias e tensões sectárias, o país busca consolidar instituições políticas legítimas e restaurar a confiança da população. A realização das eleições em outubro será um teste decisivo, oferecendo à Síria a oportunidade de avançar na estabilidade política e na reconstrução social, ao mesmo tempo em que sinaliza à comunidade internacional um compromisso com a governança democrática.
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