
Nesta quarta-feira (30 de abril de 2025), Ucrânia e Estados Unidos assinaram em Washington um acordo que garante aos EUA acesso preferencial a futuros projetos de extração de minerais ucranianos e institui um fundo conjunto para financiar a reconstrução da Ucrânia. A parceria, muito promovida pelo ex-presidente Donald Trump, não gera obrigações de pagamento por parte de Kiev e respeita a legislação ucraniana e seu caminho de integração à União Europeia.
Contexto e negociação
Após meses de negociações às vezes tensas e até uma possível “pendência de última hora”, o acordo foi formalizado com a presença do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e da primeira-vice-primeira-ministra ucraniana, Yulia Svyrydenko, em cerimônia na sede do Tesouro em Washington.
- Objetivo norte-americano: garantir contrapartida aos cerca de €64 bilhões (US$ 72 bilhões) em ajuda militar já fornecidos pelos EUA desde a invasão russa de 2022 .
- Prioridade de Kiev: manter o apoio político e financeiro dos EUA para sua defesa, sem assumir novas dívidas .
Principais pontos do acordo
Ponto-chave | Descrição |
---|---|
Fundo conjunto de reconstrução | Capital inicial financiado pelos EUA; destinação a infraestrutura, defesa e serviços sociais. |
Acesso preferencial | Empresas norte-americanas terão prioridade em licitações futuras de mineração ucraniana. |
Propriedade do subsolo | Continua sendo da Ucrânia; decisões de extração definidas por Kiev. |
Sem obrigações de reembolso | Ucrânia não pagará pelos auxílios militares passados nem pela contribuição ao fundo. |
Conformidade constitucional | Acordo revisado para atender à Carta Magna ucraniana e aos requisitos de adesão à UE. |
Impactos esperados
Econômico:
- Atração de investimentos privados americanos para explorar terras raras e outros minerais estratégicos (ferro, urânio, gás) .
- Geração de empregos e receitas de exportação, fortalecendo a reconstrução pós-guerra.
Geopolítico:
- Reforço da parceria EUA-Ucrânia, mesmo com a mudança de administrações em Washington.
- Contraposição ao domínio chinês no mercado de terras raras, em meio à guerra comercial em curso .
Militar e de segurança:
- Possibilidade de novos pacotes de assistência, inclusive sistemas de defesa antiaérea, sem vínculo de dívida.
- Sinal global de compromisso de longo prazo com a soberania ucraniana
Reações e próximos passos
- Ucrânia: Svyrydenko ressaltou que o país “determina o que e onde extrair” e que o fundo “é fiável para décadas de cooperação” . Discute-se ainda a formação de força internacional para garantir segurança caso um acordo de paz seja firmado.
- EUA: Administradores destacam que o texto reflete “o reconhecimento do apoio financeiro e material dos americanos” .
- Rússia: Não comentou formalmente, mas analistas veem o movimento como intensificação do alinhamento Ocidente-Kiev.
Análise crítica
- Vantagem ucraniana: mantém soberania sobre recursos e evita novas dívidas; obtém financiamento sem amarras políticas adicionais.
- Risco americano: retorno sobre investimento em mineração pode demorar; exposição a instabilidades locais.
- Cenário futuro: o sucesso dependerá da transparência nas licitações e da efetiva aplicação dos recursos em projetos de reconstrução e defesa.
Conclusão
O acordo de minerais entre Ucrânia e EUA, impulsionado por Trump, representa um marco nas relações bilaterais: oferece a Washington benefícios econômicos e estratégicos em troca de apoio contínuo à reconstrução e à defesa de Kiev, tudo isso sem onerar financeiramente a Ucrânia. Resta acompanhar a implementação prática do fundo e o impacto real na economia ucraniana e na dinâmica geopolítica em torno da guerra.
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