Ucrânia mira fechar negociações de acordo de minerais com os EUA em uma semana

Vista aérea da mina de grafite a céu aberto Zavallievsky, em Zavallia, Ucrânia, durante o ataque da Rússia à Ucrânia, em 10 de fevereiro de 2025.
A mina de grafite Zavallievsky, localizada em Zavallia, Ucrânia, vista de um drone, no contexto da invasão russa. A imagem foi capturada em 10 de fevereiro de 2025, destacando a magnitude da operação de mineração e os efeitos da guerra na região./ Reuters

O governo ucraniano anunciou nesta sexta‑feira que pretende concluir as negociações com Washington sobre um acordo para explorar conjuntamente os recursos minerais da Ucrânia até o fim da próxima semana, com a assinatura do pacto prevista logo em seguida. A medida busca estabilizar o apoio norte‑americano, que tem mostrado sinais de arrefecimento após três anos de guerra contra a Rússia.

Memorando de intenções e cronograma

Na quinta-feira(17), Ucrânia e EUA assinaram um memorando de intenções que estabelece o compromisso mútuo de finalizar o texto definitivo do acordo até 26 de abril de 2025, dando a ambos um prazo exíguo para ajustar termos e sanções contratuais . Como próximo passo, o primeiro‑ministro Denys Shmyhal viajará a Washington para se reunir com o secretário do Tesouro Scott Bessent no início da próxima semana, com vistas a acelerar o fechamento do documento.

Termos provisórios e críticas internas

Embora os detalhes finais ainda não estejam formalizados, sabe‑se que o esboço do acordo prevê:

  • Acesso privilegiado dos EUA aos depósitos minerais ucranianos em forma de reembolso pela assistência militar prestada nos últimos três anos.
  • Criação de um fundo de investimento para financiar a reconstrução das áreas afetadas pela guerra.
  • Exclusão de garantias de segurança para a Ucrânia, uma demanda central de Kiev que permanece sem resposta.

Parlamentares ucranianos demonstram cautela. A deputada Inna Sovsun afirmou que, embora aprecie o apoio americano, sente que “parece que outro país está usando nossa vulnerabilidade, que não criamos” e alertou para a necessidade de proteger os interesses futuros da população local.

Recursos estratégicos ucranianos

A Ucrânia detém reservas significativas de terras raras, grafite, lítio, titânio e urânio – insumos críticos para indústrias de eletrônicos, energia e defesa.

Titânio e urânio: importantes para setores aeroespacial e de energia nuclear.

Terras raras: fundamentais para ímãs de motores elétricos e baterias de alta performance.

Grafite e lítio: matérias‑primas de baterias recarregáveis, essenciais à transição energética.

Implicações e perspectivas

Recuperação econômica: A criação do fundo de reconstrução pode acelerar o restabelecimento de infraestrutura devastada pela guerra.

Reforço do apoio americano: Concluir o pacto pode assegurar continuidade da ajuda militar e financeira dos EUA, ameaçada por tensões diplomáticas recentes.

Pressão geopolítica: O cronograma apertado pressiona Moscou a demonstrar flexibilidade, sob risco de ver o pacto naufragar sem mediação de grande potência.

Impactos econômicos globais

Caso o acordo avance, os Estados Unidos poderão garantir acesso a insumos estratégicos como lítio e terras raras — essenciais para setores como tecnologia e energia renovável — o que pode impactar diretamente cadeias produtivas e preços globais.
Por outro lado, uma disputa pública sobre os termos do acordo poderia gerar incertezas nos mercados de commodities, especialmente no setor energético e mineral.

Perspectiva da sociedade civil ucraniana

Parlamentares e membros da sociedade civil ucraniana alertam sobre o risco de “colonialismo econômico disfarçado”, em que a vulnerabilidade do país poderia ser explorada. A deputada Inna Sovsun ressalta que, mesmo agradecendo a ajuda, é essencial garantir que os termos não prejudiquem a soberania e o bem‑estar das comunidades locais.

Análise geopolítica

Especialistas interpretam o acordo como parte de uma nova corrida global por recursos estratégicos, com os EUA buscando reduzir sua dependência de fornecedores tradicionais e fortalecer sua posição frente à China. Ao assegurar acesso privilegiado aos minerais ucranianos, Washington pode consolidar parcerias econômicas e ampliar sua influência na região, enquanto Kiev busca equilibrar a necessidade de financiamento com a urgência de preservar sua autonomia.

Conclusão


A meta de fechar o acordo em uma semana destaca a urgência de Kiev em solidificar o suporte americano, mas lança desafios de soberania e temporalidade. O desfecho, previsto para 26 de abril, será decisivo para o futuro econômico e a segurança da Ucrânia, bem como para o equilíbrio geopolítico no Leste Europeu.

“Para aprofundar, veja também nosso artigo sobre o Acordo sobre Minerais Entre EUA e Ucrânia: Perspectivas e Implicações Geopolíticas.”

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