Albanese garante histórico segundo mandato, impulsionado por onda anti‑Trump

Apoiadores do primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, celebram a vitória do Partido Trabalhista na noite da eleição, em Sydney, Austrália, 3 de maio de 2025.
Apoiadores do Partido Trabalhista celebram a vitória de Anthony Albanese na eleição federal de 2025, após a projeção da vitória do Labor Party pelos meios de comunicação locais. Sydney, Austrália, 3 de maio de 2025. REUTERS/Hollie Adams

3 de maio de 2025, o primeiro‑ministro Anthony Albanese garantiu um segundo mandato consecutivo — feito inédito em duas décadas — ao derrotar a Coalizão Liberal‑Nacional, cuja campanha foi prejudicada pela associação com o presidente americano Donald Trump .

Dados de pesquisas e enquetes

Pesquisas ao longo da campanha mostraram uma queda significativa no apoio à Coalizão Liberal‑Nacional à medida que sua retórica se aproximava do estilo de Trump:

  • Pesquisa YouGov (abril 2025): registrou 48% de intenção de voto para o Labor, contra 52% para a Coalizão no início do mês; até a véspera da eleição, esses números invertem‑se para 56% a 44% .
  • Enquete da Essential Media (final de abril): apontou que 62% dos eleitores consideravam “extremista” o tom da campanha de Dutton, citando diretamente a inspiração em slogans de Trump como fator de rejeição .
  • Tendência semanal do ABC Poll Bludger: mostrou crescimento contínuo do Labor a partir de 15 de abril, especialmente entre eleitores de 18–35 anos, preocupados com custo de vida e clima político polarizado .

Os principais fatores para a mudança de preferência foram o custo de vida (78% dos entrevistados) e a percepção de estabilidade oferecida por Albanese (65%).

Contexto econômico

Além do corte de juros inesperado em fevereiro pelo Banco Central — que reduziu a taxa básica de 4,35% para 4,1% e aliviou os custos de hipoteca após 13 aumentos consecutivos — o governo Albanese implementou:

  • Controle de inflação: medidas de subsídio a alimentos e combustíveis que ajudaram a conter a inflação anual em 3,8% no primeiro trimestre de 2025, contra projeções de até 5% pelas agências privadas .
  • Emprego: programa de incentivo a pequenas empresas que gerou 120 000 novos empregos formais entre janeiro e abril, reduzindo a taxa de desemprego de 4,2% para 3,9% .
  • Comparação com a Coalizão: o plano liberal previa redução de impostos para grandes corporações, mas sem propostas concretas para moradia; analistas criticaram falta de foco nos jovens e baixa ambição social.

Esses resultados deram credibilidade às promessas trabalhistas de priorizar famílias de baixa e média renda.

Perspectivas para o segundo mandato

Albanese apresentou um ambicioso pacote de reformas internas para os próximos quatro anos:

ÁreaPrincipais propostasImpacto esperado
SaúdeExpansão do Medicare, 1 000 novos leitos hospitalaresRedução de listas de espera, melhor cobertura rural
EducaçãoGratuidade parcial no ensino superior, 50 000 bolsasAumento de 20% na matrícula universitária
InfraestruturaInvestimento de AUD 30 bi em transportes e energias limpasCriação de 200 000 empregos na construção

Alvo central será habitação: programa de 100 000 moradias para primeiro‑comprador e subsídio de 5% de entrada, mirando jovens e famílias emergentes.

No campo internacional, espera‑se:

  • Relações EUA-China: manutenção do equilíbrio entre AUKUS e comércio com a China.
  • Mudanças climáticas: liderança em pacotes de energias renováveis, em linha com metas de redução de 45% de emissões até 2030.

Conclusão

A reeleição de Anthony Albanese não foi apenas uma vitória política, mas também uma resposta direta às tensões globais, especialmente o impacto das políticas de Donald Trump. O “efeito Trump” foi evidente na queda de popularidade da Coalizão Liberal‑Nacional, mostrando que, para muitos eleitores australianos, a estabilidade interna e o foco em questões domésticas, como o custo de vida e a saúde pública, pesaram mais do que as promessas de cortes fiscais para grandes empresas.

Agora, com o segundo mandato garantido, Albanese tem a chance de consolidar um legado de reformas progressistas que podem transformar profundamente a sociedade australiana, desde a educação até a infraestrutura, além de reforçar uma política externa pragmática. A vitória também representa uma oportunidade de aprofundar o engajamento com países chave, como os EUA e a China, enquanto lidera ações em relação às mudanças climáticas e outros desafios globais.

Com as tensões políticas internas e externas em alta, o futuro da Austrália, sob o comando de Albanese, se apresenta como um terreno fértil para transformações essenciais, com foco em inclusão, inovação e sustentabilidade.

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