Alemanha e Reino Unido reforçam cooperação militar com pacto de assistência mútua

Bandeiras da Alemanha e do Reino Unido lado a lado, simbolizando a cooperação militar entre os dois países.
Alemanha e Reino Unido fortalecem laços militares com novo pacto de assistência mútua.

Está prevista para o dia 17 de julho de 2025 a assinatura de um Pacto de Assistência Mútua em Defesa entre Alemanha e Reino Unido, estendendo sua colaboração além dos compromissos tradicionais da OTAN. O acordo prevê que qualquer “ameaça estratégica” contra uma das nações será considerada ameaça à outra, estabelecendo um nível de resposta bilateral imediato e coordenado. Esta iniciativa se apoia na já existente Trinity House Agreement, firmada em 23 de outubro de 2024 pelos ministros Boris Pistorius (ALE) e John Healey (UK) para aprofundar a cooperação em todos os domínios de defesa**, firmada em 23 de outubro de 2024 pelos ministros Boris Pistorius (ALE) e John Healey (UK) para aprofundar a cooperação em todos os domínios de defesa.

Contexto e gênese do pacto

Antecedentes políticos:

  • Em agosto de 2024, na época, o chanceler alemão Olaf Scholz e o primeiro‑ministro britânico Keir Starmer firmaram uma declaração conjunta, comprometendo‑se com maior colaboração em comércio, segurança e apoio à Ucrânia. Essa base política acelerou as negociações para o tratado de julho de 2025.

Negociações:

  • Foram realizadas cerca de 18 rodadas de negociações, incluindo reuniões em Berlim e Londres, concluídas em meados de junho de 2025, quando o texto final foi aprovado pelos gabinetes de ambos os países.

Principais disposições do acordo

Cláusula de Assistência Mútua

  • Qualquer “ameaça estratégica” contra Alemanha ou Reino Unido acionará auxílios recíprocos imediatos, equiparando‑se a um Artigo 5 bilateral.

Segurança Marítima e Antissubmarino

  • Aeronaves de patrulha P‑8A da Força Aérea Alemã operarão periodicamente a partir da RAF Lossiemouth (Escócia), ampliando o monitoramento do Atlântico Norte e a proteção de cabos de comunicações submarinos.

Desenvolvimento de Mísseis de Longo Alcance

  • Consórcio conjunto trabalhará em sistema de ataque de longo alcance com alcance superior aos mísseis Storm Shadow (UK) e Taurus (ALE), visando capacidade de até 2.000 km.

Cooperação Industrial e Tecnológica

  • A Rheinmetall construirá uma fábrica no Reino Unido para produção de canos de obuses com aço britânico, gerando cerca de 400 empregos locais.
  • Parceria entre Rheinmetall e BAE Systems RBSL para co‑desenvolver e fabricar veículos blindados Boxer e tanques Challenger 3 em Telford, Shropshire.

Domínios Emergentes: Cibersegurança e Sistemas Não Tripulados

  • Compartilhamento avançado de inteligência cibernética e P&D conjunto em plataformas drones terrestres e aéreos, integráveis a caças Eurofighter Typhoon.

Racional estratégico

Autonomia Europeia:

  • O chanceler Friedrich Merz enfatiza a necessidade de reduzir a dependência dos EUA, fortalecendo um “pilar europeu” de defesa chefiado por Alemanha e Reino Unido.

Ambiente de Alta Tensão:

  • Com a guerra na Ucrânia em curso e a intensificação das capacidades militares russas, Berlim e Londres veem urgência em dissuadir potenciais agressões na Europa Oriental.

Implicações políticas e econômicas

Nações Unidas e OTAN:

  • O pacto reitera o compromisso com a OTAN, mas permite respostas bilaterais mais rápidas se a aliança demorar a reagir.

Mercado de Defesa:

  • Estímulo ao setor industrial de defesa de ambos os países, com contratos estimados em bilhões de euros e reforço das cadeias de suprimento locais.

Debates Internos:

  • Em Londres, o governo Starmer equilibra agenda de segurança com pressão sobre acordos de migração e mobilidade juvenil.
  • Em Berlim, Merz enfrenta sua coalizão, onde partidos menores questionam a venda de armas e a integração de políticas de defesa na UE.

Impacto regional e global

Modelo de Cooperação

  • O tratado pode inspirar outros agrupamentos bilaterais ou multilaterais na Europa, complementando iniciativas como o Strategic Compass da UE.

Mensagem a Adversários

  • Demonstra que a Europa pode agir de forma coesa mesmo diante de instabilidade política nos EUA, fortalecendo a dissuasão conjunta contra ameaças externas.

Complemento europeu

A França, embora não parte diretamente deste pacto bilateral, já manifestou apoio à consolidação da autonomia estratégica europeia, alinhando‑se ao espírito do acordo. Em junho de 2025, o governo francês reiterou seu compromisso com o Strategic Compass da UE e avaliou positivamente a crescente capacidade de defesa conjugada de Berlim e Londres, destacando a importância de uma cooperação ampliada que inclua Paris em futuras iniciativas multilaterais no âmbito da União Europeia.

Próximos passos e perspectivas

  • Comitês Técnicos: Em agosto de 2025, equipes conjuntas definirão protocolos operacionais e cronograma de exercícios conjuntos, com primeira demonstração em 2026.
  • Arquitetura Modular: Planos para convidar outros aliados da OTAN a “associar‑se” a capítulos específicos do pacto, criando uma rede de defesa flexível.
  • Diálogo Diplomático: Manutenção de coordenação estreita com EUA e França para assegurar complementaridade às iniciativas transatlânticas e europeias.

Conclusão

A assinatura do Pacto de Assistência Mútua em Defesa entre Alemanha e Reino Unido não apenas fortalece diretamente a segurança bilateral, mas também envia um claro sinal de que a Europa está disposta e capaz de assumir maior responsabilidade por sua própria defesa. Ao consolidar capacidades militares, industriais e tecnológicas em um arcabouço de resposta rápida, as duas nações criam um modelo de cooperação que pode inspirar outras parcerias dentro da OTAN e na União Europeia. Este pacto simboliza a transição de uma dependência unicamente transatlântica para uma postura verdadeiramente europeia de segurança, mantendo, contudo, a complementaridade com as estruturas da OTAN e o diálogo permanente com os Estados Unidos e a França. A expectativa agora recai sobre a implementação prática dos termos acordados e sobre como essa aliança bilateral influenciará o panorama estratégico global nos próximos anos.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*