
Na madrugada de 4 de maio, um ataque russo com pelo menos 165 drones sobre a capital ucraniana deixou 11 pessoas feridas, incluindo duas crianças, e provocou incêndios em vários blocos residenciais. A ofensiva aconteceu quatro dias antes do cessar‑fogo simbólico de três dias (8 a 10 de maio) anunciado pelo presidente Vladimir Putin para as comemorações do 80º aniversário da vitória sobre o nazismo — uma trégua considerada “meramente simbólica” por Kiev.
Danos e resposta de emergência
- Áreas atingidas: Distritos de Obolonskyi, Sviatoshynskyi e Shevchenkivskyi, onde destroços de drones iniciaram focos de incêndio em fachadas, garagens e áreas comuns.
- Infraestrutura danificada: Além de prédios residenciais, o Dream Town Shopping Mall teve sua cobertura danificada por destroços, e pelo menos sete veículos foram destruídos pelas chamas.
- Bombeiros em ação: 76 combatentes de incêndio trabalharam por horas para controlar as chamas, evacuando moradores que ficaram temporariamente desabrigados.
Defesa aérea ucraniana
As baterias antiaéreas de Kiev interceptaram 69 dos 165 drones lançados, enquanto cerca de 80 desapareceram dos radares, possivelmente atuando como iscas para sobrecarregar as defesas.
Em Cherkasy, no centro do país, 15 de 22 drones também foram abatidos, mas um civil ficou ferido e houve danos a residências e a galpões de fábrica.
Reação de Zelensky e disputa pelo cessar‑fogo
O presidente Volodymyr Zelensky condenou o ataque como “cinismo de alto nível”, lembrando que, só nesta semana, a Rússia empregou mais de 1.180 drones, 1.360 bombas guiadas e 10 mísseis contra alvos ucranianos. Ele renovou seu apelo por um cessar‑fogo de pelo menos 30 dias, argumentando que uma trégua de apenas três dias não tem valor prático se os ataques continuam antes e depois das datas comemorativas.
“Se há um cessar‑fogo para os feriados deles, que haja para nós todos os dias”, afirmou Zelensky em sua conta no X.
Contexto e implicações
- Gesto simbólico vs. realidade do front: O cessar‑fogo de Putin visava projetar disposição para a paz durante o desfile do Dia da Vitória, mas ataques contínuos antes e depois minam sua credibilidade.
- Aumento da ameaça de drones: Especialistas militares apontam que o uso massivo de drones — incluindo modelos iranianos Shahed — tornou‑se a principal tática russa para driblar defesas e atingir infraestruturas civis.
- Pressão por apoio externo: Kiev intensifica pedidos de sistemas antiaéreos avançados junto à OTAN, enquanto ONGs alertam para o agravamento da crise humanitária em áreas urbanas.
Informação adicional
- Ataque em Kharkiv (2 de maio): Outro lançamento massivo de drones feriu 46 pessoas em Kharkiv e danificou 12 locais residenciais, reforçando o padrão de alvo civil.
- Destruição inédita: Relatórios ucranianos mencionam o abate de um caça russo por um drone marítimo equipado com míssil, um feito inédito na guerra.
Conclusão
O ataque de drones russos na madrugada de 4 de maio expõe a fragilidade de cessar‑fogos pontuais quando não há compromisso real com a paz. Enquanto Moscou busca projeção de boa vontade em aniversários históricos, Kiev permanece sob ameaça constante, reforçando a urgência de um acordo monitorado por observadores internacionais. A escalada no uso de drones evidencia a necessidade de reforço das defesas antiaéreas ucranianas e de maior apoio da comunidade internacional para proteger civis e infraestrutura.
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