Operação Subterrânea de EUA e Israel: Destruição dos Sítios Nucleares do Irã e o Risco de Conflagração Global

Forças de segurança israelenses trabalham no local de impacto após ataque do Irã em Nes Ziona, Israel, junho de 2025.
Membros das forças de segurança israelenses inspecionam o local atingido por mísseis lançados pelo Irã em Nes Ziona, no contexto do conflito entre Irã e Israel, em 22 de junho de 2025. REUTERS/Ammar Awad

No final de junho de 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou ter “obliterado” os principais sítios nucleares do Irã em ataques coordenados com Israel, elevando o conflito no Oriente Médio a um patamar sem precedentes desde a Guerra do Golfo. A ação, que empregou bombas “bunker-buster” e mísseis Tomahawk lançados de bombardeiros B-2, atingiu as instalações de Natanz, Isfahan e Fordow, centros vitais do programa de enriquecimento de urânio de Teerã. Trump descreveu a ofensiva como um “sucesso militar espetacular” e advertiu o Irã sobre retaliações ainda mais devastadoras caso não aceitasse negociar a paz rapidamente .

Detalhes dos Ataques

As forças estadunidenses empregaram bombas de 30.000 libras, projetadas para penetrar estruturas subterrâneas fortificadas, e mísseis Tomahawk de longo alcance. Segundo imagens de satélite analisadas pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), houve impacto visível nas entradas e proximidades das instalações, embora a extensão do dano interno permaneça incerta devido ao corte de comunicações imposto por Teerã . Os três complexos atingidos foram:

  • Fordow: soterrado sob o sopé do Monte Taqt-e Suleyman;
  • Natanz: epicentro da centrifugação de hexafluoreto de urânio;
  • Isfahan: responsável pela conversão de urânio e pesquisa avançada.

Resposta e Vantagem Estratégica do Irã

Em retaliação imediata, o Irã lançou cerca de 40 mísseis contra alvos em Israel, ferindo dezenas de civis em Tel Aviv e destruindo prédios residenciais e comerciais. O Ministério das Relações Exteriores iraniano declarou que “todas as opções” permanecem em aberto para defender sua soberania, embora tenha evitado até agora atingir bases norte-americanas ou bloquear o Estreito de Ormuz, rota de 25% do tráfego mundial de petróleo . Autoridades em Washington informaram a Teerã que o objetivo não é mudança de regime, mas sim neutralizar o potencial militar nuclear iraniano.

Análise Geopolítica

A intervenção direta dos EUA insere o país no epicentro de uma escalada que pode envolver aliados do Irã, como Síria e Hezbollah, além de tensionar relações com Rússia e China, que condenaram veementemente os ataques . Estados do Golfo, temerosos por suas exportações de energia, manifestaram preocupação com possíveis retaliações de Teerã via grupos paraestatais. Internamente, há debate entre defensores de um engajamento militar mais amplo e partidários de retorno à diplomacia tradicional.

Implicações Legais e Humanitárias

A comunidade internacional questiona a conformidade dos bombardeios com o Direito Internacional Humanitário. O Irã qualificou a operação como “grave violação” da Carta das Nações Unidas e prometeu levar o caso a tribunais multilaterais. Até o momento, a AIEA não registrou aumento nos níveis de radiação fora dos perímetros dos sítios atingidos, mas alerta para riscos químicos e estruturais decorrentes das explosões subterrâneas . Organizações de direitos humanos temem a normalização de ataques preventivos contra instalações civis ou dual-use.

Cenários Futuros

Dois caminhos principais se delineiam:

  1. Desescalada Diplomática — através de mediação internacional e possível retorno às negociações nucleares sob supervisão da AIEA;
  2. Conflito Ampliado — com o Irã mobilizando proxies na Síria e no Líbano, ameaçando rotas marítimas e forçando um reforço militar dos EUA, o que poderia desencadear uma crise energética global.

Conclusão

A ofensiva conjunta de EUA e Israel redefine a dinâmica militar e nuclear na região, elevando o risco de guerra aberta entre potências e de um grave colapso humanitário. O desfecho dependerá da capacidade de mediação das grandes potências e da disposição de Washington e Teerã em optar pela diplomacia, evitando o desastre cujas consequências podem ecoar por décadas.

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