Iémen: Navio mercante “Magic Seas” atacado e afunda após ofensiva dos Houthi no Mar Vermelho

Navio cargueiro navegando no mar aberto sob céu claro, representando o comércio marítimo no Mar Vermelho.
Navio mercante em rota no mar, ilustrando o contexto do ataque Houthi no Mar Vermelho — julho de 2025/ Foto: dendoktoor

Em 6 de julho de 2025, o bulk carrier liberiano Magic Seas — com bandeira da Libéria, gerido por empresa grega e tripulação de 23 membros — foi alvo de um ataque coordenado dos rebeldes Houthi a cerca de 94 km a sudoeste do porto de Hodeidah, no Iémen. A Operação de Comércio Marítimo do Reino Unido (UKMTO) confirmou o disparo de granadas autopropelidas e fogo de pequenas armas, levando ao incêndio do casco e ao afundamento da embarcação no dia seguinte. Toda a tripulação foi resgatada sem ferimentos.

Detalhes do ataque

De acordo com o UKMTO WARNING INCIDENT 026-25, quatro lanchas rápidas armadas aproximaram-se do “Magic Seas”, disparando foguetes e armas leves. Duas embarcações-bomba explodiram junto ao casco. A equipe de segurança privada a bordo revidou, mas não houve baixas humanas. O dano ao sistema de propulsão foi irreversível, e o navio afundou em 7 de julho.

“Foi um impacto como um raio,” relatou Michael Bodouroglou, representante da Stem Shipping, após falar com a tripulação em Djibuti.

Escalada tática dos Houthi

Em 4 de julho, o cargueiro Eternity C já havia sido atacado, resultando em três mortos e dois feridos, demonstrando a retomada de ataques cinéticos após a relativa calmaria neste corredor desde abril de 2025. Especialistas observam que os Houthi agora combinam drones-bomba, mísseis de curto alcance e lanchas em ataques simultâneos, sobrecarregando defesas a bordo.

Impacto ambiental

Embora o “Magic Seas” transportasse ferro e fertilizantes, o risco de vazamento de óleo e de nutrientes tóxicos é preocupante. Estudos sobre naufrágios anteriores na região alertam para derrames que causam danos irreversíveis a recifes de coral e criam zonas mortas devido ao excesso de nutrientes.

“O Mar Vermelho funciona como uma grande lagoa; o que vaza aqui, permanece aqui”, explica Ian Ralby, da consultoria I.R. Consilium, destacando o risco de “desastre ambiental de longo prazo” se não houver resposta rápida.

Impacto no tráfego global

O Corredor do Mar Vermelho é vital para cerca de 12% do comércio marítimo mundial. Desvios pelo Cabo da Boa Esperança adicionam até 10 dias às viagens, elevando custos de combustível e seguros. Em julho, o frete Ásia–Europa subiu 15% e o barril de petróleo Brent, 2%, refletindo temores de interrupções prolongadas.

Reações e operações de segurança

  • A associação INTERCARGO expressou “profunda consternação” e apelou por “ação urgente na proteção dos marítimos”.
  • A União Europeia reforçou a missão EUNAVFOR Aspides, e os EUA mantêm a Operação Prosperity Guardian, com patrulhas no estreito de Bab el-Mandeb. A OTAN anunciou exercícios navais conjuntos na região.
  • Washington e Bruxelas condenaram os ataques, alertando para o risco de escalada que pode envolver potências externas no conflito iemenita.

Implicações políticas e humanitárias

Os Houthi justificam os ataques como retaliação ao apoio de alguns países árabes a Israel e à guerra em Gaza. Sem avanços significativos nas negociações de paz no Iémen, especialistas temem que as ofensivas marítimas agravem a já delicada crise humanitária, afetando pescadores e comunidades costeiras.

Conclusão

O ataque e o afundamento do “Magic Seas” evidenciam a intensificação da ameaça Houthi no Mar Vermelho, combinando táticas multimodais e impacto direto na economia global. A restauração da segurança exige coordenação multinacional contínua e uma solução política sustentável para o conflito iemenita, além de medidas ambientais urgentes para mitigar danos ao ecossistema.

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