IAEA Confirma Ausência de Aumento de Radiação em Isfahan Após Ataque Israelense: Impactos Nucleares e Geopolíticos

Bandeira do Irã tremulando do lado de fora da sede da AIEA em Viena, 9 de junho de 2025.
A bandeira iraniana hasteada em frente à sede da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em Viena, durante o primeiro dia da reunião trimestral do Conselho de Governadores, em 9 de junho de 2025. Foto: REUTERS/Lisa Leutner.

Em 13 de junho de 2025, as Forças de Defesa de Israel lançaram ataques aéreos contra o complexo nuclear de Isfahan, no centro do Irã, danificando quatro edifícios críticos, entre eles a Unidade de Conversão de Urânio e a Planta de Fabricação de Pastilhas de Combustível. No dia seguinte, o órgão regulador nuclear iraniano comunicou à Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) que não houve alteração nos níveis de radiação fora dos limites da instalação, dissipando temores imediatos de contaminação ambiental.

Detalhes do Ataque e Danos Estruturais

  • Comparativo com Natanz: Semanas antes, o site de Natanz também fora atacado, mas sofreu danos menos profundos à contenção primária. Em Isfahan, entretanto, a concentração de instalações de “pós-enriquecimento” torna a operação brasileira mais sensível, potencialmente atrasando o programa nuclear em até um ano, segundo analistas.
  • Alvos Estratégicos: Os mísseis israelenses miraram instalações-chave do ciclo de combustível, com precisão suficiente para comprometer sistemas de conversão e fabricação de combustível nuclear.
  • Extensão dos Danos: Imagens de satélite e inspeções preliminares apontam colapsos parciais de telhados, paredes externas carbonizadas e destruição de equipamentos de suporte elétrico. Autoridades israelenses afirmam que o reparo completo dessas estruturas poderá levar muitos meses.

Avaliação Radiológica e Segurança Ambiental

  • Aspectos Químicos: Embora não haja sinais de contaminação radiológica, especialistas alertam para o risco de fluorine — subproduto tóxico presente no hexafluoreto de urânio — cuja dispersão, ainda que em níveis baixos, pode provocar irritação respiratória em populações vizinhas, exigindo monitoramento contínuo.
  • Medições Oficiais: A Autoridade Reguladora Nuclear do Irã realizou monitoramentos de ar, solo e água em estações externas ao complexo de Isfahan, sem detectar elevações acima dos níveis de fundo históricos.
  • Confirmação da IAEA: Em postagem no X.com, a IAEA reiterou que “assim como em Natanz, não se espera aumento de radiação fora do local”, atestando que não houve liberação significativa de materiais radioativos.

Implicações para o Programa Nuclear Iraniano

  • Dependência Externa: A reposição de equipamentos especializados e a retomada dos níveis de produção exigirão importações sujeitas a sanções, além de requalificação de pessoal técnico, prazos que podem se estender por mais de um ano.
  • Atrasos Operacionais: Sem a capacidade de reconversão de urânio, o Irã poderá enfrentar gargalos na produção de óxidos metálicos e pastilhas, retardando tanto o abastecimento de reatores civis quanto possíveis iniciativas militares.
  • Estoques de Reserva: Relatórios anteriores da IAEA apontam que o Irã mantém estoques de material convertido sob guarda internacional, o que pode amortecer o impacto imediato, mas não elimina a necessidade de reconstruir a infraestrutura danificada.

Reações Diplomáticas e Geopolíticas

  • Retirada de Negociações: As conversações indiretas entre EUA e Irã, mediadas por Omã, foram suspensas após os bombardeios, enquanto Teerã qualificou os diálogos como “impraticáveis em meio a agressões”.
  • Ameaças de Retaliação: Em resposta, o Irã ameaçou atacar bases militares dos EUA, Reino Unido e França caso ocorra qualquer interferência — elevação sem precedentes das tensões com aliados ocidentais de Israel.
  • Posição de Potências: Líderes europeus pedem moderação e retomada urgente das negociações; China e Rússia advertiram para os perigos de um conflito regional ampliado, ressaltando a importância de manter o Irã sob o Acordo de Não‑Proliferação (TNP).

Perspectivas e Comentários de Especialistas

  • IAEA e Inspeções: Rafael Grossi, Diretor‑Geral da IAEA, enfatizou a necessidade de acesso irrestrito a todas as instalações no Irã, alertando que danos adicionais poderiam levar o país a rever sua adesão ao TNP.
  • Precedente Inédito: Institutos de segurança global destacam que ataques a infraestruturas nucleares civis são raros e estabelecem um novo paradigma de intervenção militar contra programas atômicos, com riscos de escalada e contaminação caso haja erros de cálculo.

Conclusão

A confirmação da IAEA sobre a ausência de aumento de radiação fora de Isfahan traz um alívio imediato em termos de segurança ambiental. Contudo, o ataque expôs vulnerabilidades críticas do programa nuclear iraniano e aprofundou a crise diplomática no Oriente Médio. O desdobramento desse episódio dependerá tanto da capacidade do Irã de reconstruir suas instalações sob sanções quanto da disposição das grandes potências em reabrir canais de diálogo antes que o conflito se expanda.

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