
Na madrugada de 24 de maio de 2025, a capital ucraniana, Kiev, sofreu um dos mais intensos ataques combinados de drones e mísseis desde o início da guerra, há três anos. De acordo com a Força Aérea da Ucrânia, foram lançados 14 mísseis balísticos e 250 drones de longo alcance, causando danos em prédios residenciais e deixando 15 civis feridos, dos quais três precisaram de hospitalização e dois eram crianças.
Desdobramento do Ataque
Testemunhas relataram sucessivas ondas de drones sobrevoando a cidade, seguidas por fortes explosões que ecoaram em diversos bairros. Os sistemas de defesa antiaérea permaneceram ativos durante toda a madrugada, tentando interceptar os alvos antes que atingissem áreas densamente povoadas. Imagens de agências internacionais mostraram um intenso brilho alaranjado no horizonte, colunas de fumaça se elevando sobre edifícios e chamas escapando pelas varandas de apartamentos atingidos.
Até o amanhecer, autoridades municipais contabilizaram danos em seis distritos de Kiev. Árvores foram estilhaçadas pelos impactos, vidros de automóveis ficaram quebrados e vias públicas precisaram ser parcialmente interditadas para a remoção de escombros.
Depoimentos de Civis
Entre os feridos, destaca-se o caso de Halyna Tatarchuk, uma pensionista de 63 anos. Ela e o marido estavam no corredor de seu apartamento quando um drone colidiu contra o edifício, poupando-os de maiores ferimentos por estarem longe das janelas. “Buscamos refúgio em um abrigo antiaéreo em uma escola próxima. Quando voltamos ao amanhecer, todas as janelas estavam estilhaçadas e o chão coberto de fragmentos de vidro”, relatou. “Eu gostaria que o presidente Trump visse isto. O que ele está fazendo? Não enxerga nossa devastação?”, questionou, emocionada.
Contexto Diplomático e Militar
O bombardeio ocorreu poucas horas após uma troca de prisioneiros bilateral, considerada por observadores como um gesto de boa-fé que poderia pavimentar o caminho para negociações de paz futuras. Na primeira fase desse acordo, realizada em 23 de maio, Rússia e Ucrânia liberaram 390 prisioneiros cada, totalizando 780 detidos – sendo 270 militares e 120 civis de cada lado – como parte de um pacto para trocar até 1.000 prisioneiros de cada país. Ainda assim, a continuidade dos ataques expôs a contradição entre atos humanitários e a persistência de operações militares de grande escala.
O presidente Volodymyr Zelensky descreveu a noite como “uma das mais difíceis” e solicitou, mais uma vez, a imposição de sanções adicionais à Rússia para forçar Moscou a aceitar um cessar-fogo imediato. Já o chanceler ucraniano, Andrii Sybiha, apontou nas redes sociais que, enquanto aguardam o prometido “memorando de paz” russo, são lançados drones e mísseis contra civis.
Em Washington, o presidente Donald Trump defende a retomada de conversas diretas entre os dois países, mas se opõe a um novo pacote de sanções europeu, gerando fraturas na coalizão ocidental.
Impactos na Perspectiva de Negociação
O uso intensificado de drones e mísseis contra alvos civis evidencia a estratégia russa de minar a moral da população ucraniana e pressionar o governo de Kiev a ceder em suas condições. Como resposta, as forças ucranianas intensificaram operações de drone dentro do território russo — incluindo a região de Moscou — realizando cerca de 800 ataques nos últimos dias, segundo relatos de Kiev.
Por outro lado, a Rússia anunciou a captura de pequenas localidades nas regiões de Donetsk e Sumy, reforçando sua posição de barganha em eventuais mesas de negociação. Kiev, no entanto, mantém a exigência de retirada completa das tropas invasoras como pré-condição para qualquer trégua.
Conclusão
O ataque de 24 de maio de 2025 — marcado por mísseis balísticos e uma verdadeira “chuva” de drones — ressalta o contraste entre esforços diplomáticos e ações militares que caracterizam o conflito. As 15 vítimas, os testemunhos de civis e os danos generalizados em prédios residenciais tornaram-se símbolos vivos da urgência por um cessar-fogo, mas também da resistência ucraniana. Sem um compromisso claro e monitorado por observadores internacionais, a escalada de violência tende a se prolongar, adiando indefinidamente qualquer avanço rumo a uma solução pacífica.
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