Análise: O Arranque das Campanhas Presidenciais na Coreia do Sul

Apoiadores de Lee Jae-myung, candidato presidencial pelo Partido Democrático da Coreia do Sul, comemoram após comício em Seul, 12 de maio de 2025.
Apoiadores de Lee Jae-myung celebram durante comício em Seul, marcando o início de sua campanha para a presidência da Coreia do Sul. REUTERS/Kim Hong-Ji

No dia 12 de maio de 2025, Seul foi palco do pontapé inicial oficial das campanhas presidenciais que culminarão na eleição antecipada de 3 de junho de 2025, convocada após o impeachment de Yoon Suk Yeol, afastado em 4 de abril por decreto de lei marcial considerado inconstitucional. Em jogo, estão não apenas a sucessão presidencial, mas o futuro de uma economia que sente os efeitos de tarifas comerciais externas, inflação em alta e desemprego crescente entre os jovens.

Cenário Partidário e Conflitos Internos

  • People Power Party (PPP): após uma intensa disputa interna entre o então indicado Kim Moon-soo e o ex-primeiro-ministro Han Duck-soo, Han desistiu oficialmente de sua candidatura em 11 de maio, encerrando o racha na legenda e reafirmando Kim como o nome conservador.
  • Democratic Party (DP): consolida Lee Jae-myung como seu candidato, contando com forte base de apoio desde as eleições parlamentares de 2024 e uma liderança consistente nas pesquisas de opinião.

Perfil e Propostas de Lee Jae-myung

Lee Jae-myung, do Partido Democrático, aparece como frente-a-frente ao desafio de unificar uma nação polarizada. Sobreviveu a um ataque a faca em março e vê seus processos judiciais (que variam de suborno a irregularidades em projeto imobiliário de US$ 1 bilhão) adiados para após a eleição, preservando sua elegibilidade.

  • Economia baseada em inovação: prioridade a inteligência artificial e ao setor de indústria cultural (K-pop) como alavancas de crescimento e criação de empregos.
  • Reconciliação na Península: retomada de diálogos com a Coreia do Norte, em paralelo à expansão das relações diplomáticas para a Europa, além dos vínculos tradicionais com os EUA.

Kim Moon-soo e a Retomada Conservadora

Kim Moon-soo, candidato oficial do PPP, defende uma agenda de revitalização dos pequenos negócios e corte de burocracia:

  • Acordos comerciais bilaterais: prometeu conversas imediatas com Donald Trump para renegociar as tarifas que afetam o setor automotivo sul-coreano.
  • Segurança e nuclearidade: reforço da aliança com os EUA, mas também busca pelo direito ao reprrocessamento de combustível nuclear, pavimentando caminho para potencial armamento atômico.

Economia em Foco

A queda no ritmo de expansão do PIB, combinada com a inflação e o desemprego jovem acima de 10%, transformou a economia no principal tema eleitoral. Ambos os candidatos se comprometem a:

  • Reduzir tarifas externas que pressionam exportações-chave;
  • Atrair investimento estrangeiro por meio de incentivos fiscais;
  • Modernizar a infraestrutura digital para sustentar a economia do conhecimento.

Últimas Pesquisas e Prognósticos

Pesquisas recentes indicam que Lee Jae-myung lidera com cerca de 50% de intenções de voto, contra menos de 30% do conjunto de rivais conservadores (considerando inicialmente Kim e Han). Essa vantagem reflete tanto o desgaste do PPP após o impeachment de Yoon como a consistência da mensagem de Lee em torno de inovação e coesão social.

Além disso, o Supremo Tribunal suspendeu em 2 de maio um julgamento que poderia ter tornado Lee inelegível, adiando a retrial para 18 de junho, após a eleição, garantindo que sua candidatura não seja interrompida.

Conclusão

Com menos de um mês até as urnas, a disputa sul-coreana está definida entre uma plataforma liberal voltada à inovação e reconciliação e uma proposta conservadora de fortalecimento econômico via alianças bilaterais e potencial capacidade nuclear. A capacidade de cada candidato de converter suas promessas em confiança real dos eleitores — especialmente nos segmentos mais afetados pela crise econômica — será o fator decisivo em 3 de junho.

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