Casa Branca avalia reduzir tarifas sobre a China como gesto estratégico em negociações

Contêiner da China Shipping no porto de Oakland durante escalada das tensões comerciais com os EUA.
Contêiner da China Shipping no porto de Oakland, Califórnia, em 10 de abril de 2025, em meio ao aumento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China. REUTERS/Carlos Barria.

Contexto e origem da proposta

Na esteira de tensões comerciais crescentes, a administração Trump sinalizou pela primeira vez que poderia reduzir tarifas sobre produtos chineses — atualmente em média de 145% — como parte de uma rodada de negociações bilaterais com Pequim. Segundo fonte familiarizada com o assunto, qualquer corte não ocorreria de forma unilateral, mas sim atrelado a concessões mútuas nas conversas.

A informação ganhou contornos após reportagem do Wall Street Journal, que citou um funcionário da Casa Branca divulgando que as tarifas poderiam recuar para uma faixa entre 50% e 65%. O objetivo declarado seria desescalar o conflito comercial que afeta fluxos de mercadorias e gera incertezas nos mercados globais.

Declarações oficiais e reações

  • Donald Trump afirmou a repórteres que “vamos ter um acordo justo com a China”, sem, porém, detalhar valores ou cronogramas específicos para a redução de tarifas. Suas palavras ocorreram logo após manifestações otimistas — na terça-feira — de que um pacto para baixar impostos sobre importações era factível.
  • O porta-voz da Casa Branca, Kush Desai, classificou qualquer informação sobre mudança de tarifas como “pura especulação”, a menos que venha diretamente do presidente Trump.

Apesar da cautela oficial, o mercado reagiu positivamente: o S&P 500 chegou a subir cerca de 3% na manhã seguinte à divulgação do possível acordo, apoiado também pelo recuo de Trump em ameaças contra o presidente do Federal Reserve.

Impactos no comércio e na economia global

Fluxo de cargas

  • A transportadora alemã Hapag-Lloyd reportou cancelamento de 30% de seus embarques da China para os EUA, reflexo direto das tarifas elevadas que encarecem o frete e reduzem a competitividade.

Retaliação chinesa

Setores estratégicos

  • Em discussão está um modelo de tarifas escalonadas, com alíquotas de 35% para bens considerados não-sensíveis e pelo menos 100% para itens estratégicos, conforme proposta de comitê da Câmara dos Representantes dos EUA.

Efeitos macroeconômicos

  • O FMI alertou que tarifas elevadas tendem a frear o crescimento global e elevar os níveis de endividamento, pressionando economias em desenvolvimento e avançadas.

Citação de especialista em comércio internacional

Segundo Mary E. Lovely, professora de economia na Syracuse University e pesquisadora do Peterson Institute for International Economics, em declaração à Reuters:

“Mesmo que os EUA reduzam as tarifas de 145% para algo entre 50% e 65%, o custo de incerteza permanecerá elevado. Empresas reorganizaram cadeias de suprimento para mitigar riscos, e essas mudanças não são revertidas da noite para o dia. Além disso, sem garantias claras sobre proteção de propriedade intelectual e subsídios estatais chineses, o alívio tarifário terá impacto limitado.”

Perspectivas de negociação

  • Prazos e formato: Ainda não há cronograma definido para o início das conversas formais. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, reconheceu que ambas as nações consideram as tarifas insustentáveis, mas não soube precisar quando as tratativas terão início.
  • Abordagem multifacetada: Além das discussões comerciais, existem tentativas separadas de diálogo sobre o combate ao tráfico de fentanil, sem avanços significativos até o momento.

Analistas apontam que um acordo robusto exigirá concessões em áreas como propriedade intelectual, subsídios estatais e acesso a mercados, temas até aqui tratados com desconfiança mútua.

Conclusão

A possibilidade de redução das tarifas de até 145% para uma faixa de 50–65% representa uma janela de oportunidade para aliviar a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. No entanto, o sucesso dependerá de:

  • Negociações simultâneas em comércio e segurança (fentanil).
  • Mecanismos de verificação para assegurar cumprimento de acordos.
  • Equilíbrio político interno nos EUA, onde setores industriais pressionam pela manutenção de barreiras.

Caso avancem, essas conversas podem redefinir cadeias globais de suprimento, restaurar parte do fluxo de comércio e reduzir riscos de recessão. Aguardam-se definições concretas sobre datas, percentuais finais e eventuais contrapartidas chinesas, que serão decisivas para consolidar qualquer pacto.

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