Cessar-fogo em Gaza ‘ameaçado’ se a UNRWA for forçada a interromper suas atividades.

O que a proibição de Israel à UNRWA significa para milhões de palestinos
A proibição de Israel das operações da UNRWA ameaça a vida de milhões de palestinos, com impactos diretos na assistência humanitária e nos serviços essenciais como saúde e educação.

Reino Unido, França e Alemanha reiteram ‘grande preocupação’ com a lei israelense que proíbe contato entre seus oficiais e agência da ONU.

A agência de ajuda humanitária palestina da ONU (UNRWA) alertou que o fechamento forçado do trabalho humanitário da ONU no território palestino por Israel colocaria em risco o cessar-fogo em andamento entre Israel e o Hamas.

A UNRWA tem fornecido assistência essencial a refugiados palestinos por mais de sete décadas.

O chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, descreveu a organização como “uma tábua de salvação” para quase seis milhões de refugiados palestinos sob sua responsabilidade em Gaza e na Cisjordânia ocupada.

Israel acusou a UNRWA de dar cobertura ao Hamas, uma alegação que a agência negou veementemente. Também acusou membros da equipe da UNRWA de estarem envolvidos no ataque de 7 de outubro. Israel não forneceu evidências para suas acusações.

Subsequentemente, foi aprovada uma legislação que rompeu os laços com a agência, que entrou em vigor na quinta-feira, uma medida que provavelmente dificultará seus serviços vitais após 15 meses de guerra em Gaza.

A agência está proibida de operar em solo israelense e o contato entre ela e oficiais israelenses também está proibido.

“Se a UNRWA não for autorizada a continuar trazendo e distribuindo suprimentos, o destino deste cessar-fogo muito frágil estará em risco e em perigo”, disse Juliette Touma, diretora de comunicações da UNRWA, durante uma coletiva de imprensa em Genebra na sexta-feira.

A UNRWA emitiu o alerta enquanto o Reino Unido, França e Alemanha reiteravam sua “grande preocupação” com a proibição imposta por Israel.

“Pedimos ao governo de Israel que trabalhe com parceiros internacionais, incluindo a ONU, para garantir a continuidade das operações”, dizia a declaração conjunta dos três países, publicada pelo governo britânico.

Em uma declaração, o porta-voz da UNRWA, Jonathan Fowler, admitiu que a organização está operando em um “cenário de pesadelo”.

Fowler disse que a UNRWA tem 5.000 funcionários ainda trabalhando em Gaza como “a espinha dorsal da operação de ajuda internacional” e que o trabalho deles pode ser comprometido pela situação.

“Nosso maior medo é que não haja um plano B”, afirmou ele.

Stephane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, insistiu anteriormente que, apesar da proibição, “as clínicas da UNRWA em toda a Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, estão abertas.”

Gabriel Elizondo, reportando da sede da ONU em Nova York, disse que, embora o trabalho da UNRWA continue, Israel não renovou os vistos de pelo menos uma dúzia de funcionários da agência.

Após a entrada em vigor da lei, a Noruega anunciou que contribuiria com 24 milhões de dólares para a agência.

“Gaza está em ruínas, e a ajuda da UNRWA é mais necessária do que nunca”, disse o ministro das Relações Exteriores da Noruega, Espen Barth Eide.

A Turquia condenou a medida israelense como “uma violação flagrante do direito internacional” e afirmou que ela “marca uma nova fase nas políticas de ocupação e anexação de Israel, destinadas a deslocar forçadamente os palestinos de sua própria terra”.

Na quarta-feira, o Supremo Tribunal de Israel rejeitou uma petição do grupo de direitos humanos palestino Adalah contestando a proibição, mas observou que a legislação proíbe apenas as operações da UNRWA “no território soberano do Estado de Israel”, e não em Gaza e na Cisjordânia, que estão sob ocupação israelense.

A proibição, no entanto, se aplica à Jerusalém Oriental anexada por Israel, onde a UNRWA tem sede de campo para suas operações na Cisjordânia.

Em resposta, a Adalah afirmou que a lei entrará em vigor “desconsiderando as catastróficas consequências humanitárias”.

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