
A China anunciou nesta sexta-feira (11) um aumento significativo nas tarifas sobre produtos importados dos Estados Unidos, elevando os tributos de 84% para 125%. A medida entra em vigor neste sábado (12) e representa uma guinada clara na estratégia de Pequim, que até então adotava um tom de conciliação diante das tensões comerciais com Washington.
No artigo anterior publicado pelo Hoje no Mundo Político, destacamos que a China havia proposto diálogo com os EUA para tentar resolver a disputa tarifária de forma diplomática. No entanto, o cenário mudou radicalmente nos últimos dias. Com a escalada das ações por parte do governo Trump, o governo chinês optou por uma retaliação proporcional e firme.
Do apelo diplomático à retaliação econômica
O aumento das tarifas ocorre após os Estados Unidos anunciarem um novo pacote de sanções comerciais, elevando suas próprias tarifas contra a China para até 145%. Pequim, que nas últimas semanas vinha defendendo a reabertura de negociações bilaterais, agora adota um discurso mais duro.
O Ministério das Finanças da China afirmou que as novas tarifas refletem uma “necessidade de proteção econômica” frente às ações unilaterais dos EUA. Além disso, o governo chinês apresentou uma queixa formal à Organização Mundial do Comércio (OMC), alegando violação das normas internacionais de comércio.
“Já não há mais espaço para diálogo diante da postura hostil adotada por Washington”, disse um porta-voz do governo chinês.
A resposta de Trump
Donald Trump, por sua vez, manteve o tom agressivo e afirmou que “a China precisa entender que os Estados Unidos não vão mais tolerar abusos comerciais”. Segundo ele, as novas tarifas visam proteger a economia e os trabalhadores americanos contra práticas consideradas desleais.
Especialistas apontam que a postura de Trump também tem motivação política, voltada a agradar setores industriais e agrícolas nos Estados Unidos — grupos que compõem parte fundamental de sua base de apoio.
Impactos globais e preocupações do mercado
A nova rodada de tarifas entre as duas maiores economias do mundo gerou instabilidade nos mercados financeiros. Bolsas na Ásia e Europa operaram em queda logo após o anúncio. Analistas alertam para o risco de desaceleração econômica global caso o impasse não seja resolvido.
A KPMG revisou para baixo a projeção de crescimento do PIB da Austrália, alegando que a menor demanda chinesa já impacta exportações de minério, energia e produtos agrícolas.
Empresas com cadeias produtivas globalizadas — principalmente nos setores de tecnologia, automotivo e energia — também devem sentir os efeitos no curto prazo, seja por custos maiores ou atrasos logísticos.
Perspectivas e próximos passos
Embora tanto a China quanto os EUA afirmem manter canais diplomáticos abertos, a retórica e as ações recentes indicam uma deterioração nas relações comerciais. Observadores internacionais consideram improvável uma trégua no curto prazo.
A expectativa agora recai sobre possíveis novas sanções ou, eventualmente, uma nova rodada de negociações na OMC ou em fóruns multilaterais.
Faça um comentário