
Em uma ligação telefônica realizada na segunda-feira, no terceiro aniversário da invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia, o presidente chinês Xi Jinping reafirmou o compromisso de uma parceria “sem limites” com o presidente russo Vladimir Putin. Segundo veículos oficiais da China, o diálogo enfatizou a durabilidade e a natureza “de longo prazo” da aliança, destacando que essa relação não será influenciada por nenhum terceiro.
Um Diálogo para Reafirmar Alianças
Durante a conversa, Xi ressaltou que as relações entre China e Rússia possuem uma força interna única e um valor estratégico que não dependem de influências externas. “As relações China-Rússia têm forte força motriz interna e um valor estratégico único, e não visam, nem são influenciadas, por terceiros”, afirmou o líder chinês. Ele também destacou que os caminhos de desenvolvimento e as políticas externas dos dois países são pensados para o longo prazo, enfatizando que “são bons vizinhos que não podem ser separados.”
Contexto Geopolítico e a Influência dos EUA
A ligação ocorreu em meio a esforços do presidente Donald Trump, que tem defendido a celebração de um acordo de paz rápido para encerrar a guerra na Ucrânia. Trump tem buscado, por meio de suas iniciativas, criar uma fissura entre Moscou e Pequim, posicionando-se como um negociador global que poderia, supostamente, explorar as divergências entre as duas potências para fortalecer a posição dos Estados Unidos. No entanto, a conversa entre Xi e Putin parece ter sido, em parte, uma resposta para dissipar tais expectativas, reafirmando a coesão entre os dois líderes.
Além disso, Putin informou Xi sobre recentes contatos entre autoridades russas e americanas, ressaltando a complexidade das relações transatlânticas em meio a uma guerra que continua a moldar a ordem global.
Uma Parceria que se Fortalece
A aliança entre China e Rússia vem se consolidando ao longo dos anos. Há poucos dias antes do envio de dezenas de milhares de tropas para a Ucrânia, os dois países já haviam declarado formalmente sua parceria “sem limites”. Xi e Putin já se reuniram mais de 40 vezes na última década, e o relacionamento entre eles tem ganhado força, mesmo diante das tentativas de intervenção de outros atores internacionais.
Alexander Gabuev, diretor do Carnegie Russia Eurasia Center, destacou que o fato de ambos os líderes terem realizado essa ligação no aniversário da guerra demonstra o quanto essa parceria se tornou robusta, resistindo a pressões externas e se mantendo como uma peça central na geopolítica atual.
Desafios e Estratégias Econômicas
Enquanto o foco da ligação foi reforçar a aliança política e estratégica, Xi também mencionou que a China tem acompanhado de perto as políticas protecionistas e as ameaças tarifárias impostas pelos Estados Unidos. Diante de uma economia chinesa que enfrenta desafios como o desemprego juvenil e uma desaceleração do crescimento, o líder chinês direcionou seus assessores a estudar as políticas de Trump para formular respostas que preservem os interesses do país, mesmo em meio a uma possível escalada de tensões comerciais.
Preparativos para Comemorações Históricas
Além dos temas de segurança e economia, os dois líderes também discutiram os preparativos para a comemoração da vitória soviética sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial, evento para o qual Xi aceitou o convite de Putin para participar em maio. Essa conversa paralela reforça o caráter multifacetado da relação entre os dois países, que abrange não só a estratégia de defesa, mas também a memória histórica e a projeção de poder no cenário internacional.
Conclusão
No contexto de uma guerra que já dura três anos e de uma ordem global em transformação, a reafirmação da parceria “sem limites” entre China e Rússia envia uma mensagem clara: apesar das pressões externas, especialmente das iniciativas dos Estados Unidos, Pequim e Moscou pretendem seguir unidas em seus próprios termos. Essa aliança, reforçada por um diálogo franco e estratégico, continuará a desempenhar um papel crucial na dinâmica geopolítica mundial, desafiando o modelo liderado pelos EUA e moldando o futuro das relações internacionais.
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