China anuncia ‘contramedidas’ em resposta a nova tarifa de 10% anunciada por Trump

Um caminhão de carga circula entre contêineres empilhados no Porto de Yangshan, em Xangai, China, em 29 de março de 2018 [AP]. Fonte: Al Jazeera
Caminhão de carga no Porto de Yangshan, Xangai, China, entre contêineres empilhados. [AP] Fonte: Al Jazeera

Em um novo capítulo nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China, o presidente Donald Trump anunciou a imposição de uma tarifa adicional de 10% sobre produtos chineses. A medida faz parte de uma resposta mais ampla à entrada de grandes volumes de fentanil — substância sintética responsável por uma crise de saúde pública devastadora — no mercado norte-americano.

O anúncio de Trump e a justificativa

Trump utilizou sua conta na rede Truth Social para explicar que a nova tarifa, a ser implementada no próximo mês, visa combater o que ele descreveu como “níveis muito altos e inaceitáveis” de fentanil sendo introduzidos no país. Essa ação se soma a uma tarifa de 10% que já havia sido aplicada anteriormente a determinados produtos chineses. Além disso, o presidente confirmou que as tarifas de 25% sobre importações do México e do Canadá entrarão em vigor a partir do dia 4 de março, evidenciando uma postura firme na tentativa de reequilibrar as relações comerciais e sanitárias com seus parceiros internacionais.

A resposta da China

Em reação ao anúncio, o Ministério do Comércio da China criticou veementemente os Estados Unidos. Segundo um porta-voz, a acusação de que Pequim estaria contribuindo para a crise do fentanil desconsidera o rigor das leis chinesas de controle de drogas, que são consideradas das mais severas do mundo. O ministério afirmou que Washington estaria “transferindo a culpa e se eximindo de suas responsabilidades”, ressaltando que a solução para os problemas enfrentados pelo país norte-americano não poderia ser encontrada na imposição unilateral de tarifas.

A China, por meio de sua declaração, deixou claro que, caso os Estados Unidos persistam nessa linha de ação, adotará todas as medidas necessárias para salvaguardar seus interesses legítimos. O governo chinês ainda criticou a prática de tarifas unilaterais, argumentando que tais medidas violam as regras estabelecidas pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e minam o sistema multilateral de comércio global.

O contexto do fentanil e a cooperação internacional

O fentanil, um opioide sintético extremamente potente, tem sido o centro de uma crise de saúde pública nos Estados Unidos, onde mais de 74 mil mortes por overdose foram registradas somente em 2023, conforme dados do Centers for Disease Control and Prevention (CDC). As autoridades norte-americanas, incluindo a Drug Enforcement Administration (DEA), apontam que a China é a principal fonte dos precursores químicos utilizados na fabricação do fentanil, o qual é traficado por cartéis mexicanos.

Apesar das críticas, Beijing tem destacado seus esforços na cooperação com os Estados Unidos para combater a disseminação da droga. Entre as iniciativas adotadas estão a inclusão de substâncias relacionadas ao fentanil em sua lista de drogas controladas e a intensificação da colaboração em ações de controle e prevenção do tráfico de opioides.

Implicações para as relações comerciais e internacionais

O recente anúncio de tarifas e a subsequente resposta chinesa reforçam o clima de incerteza que paira sobre as relações comerciais entre as duas maiores economias do mundo. A imposição de tarifas adicionais não apenas afeta o equilíbrio do comércio bilateral, mas também evidencia os desafios de conciliar interesses comerciais com questões de segurança pública e saúde. A insistência dos Estados Unidos em adotar medidas unilaterais contrasta com a postura da China, que insiste na necessidade de resolver disputas através do diálogo e do respeito às normas internacionais.

À medida que as tensões se intensificam, o cenário global observa atentamente os desdobramentos desse conflito, que pode ter efeitos prolongados tanto no comércio internacional quanto na dinâmica das relações políticas e diplomáticas entre as nações.

Em meio a esse impasse, a comunidade internacional espera que ambos os países encontrem uma solução negociada, evitando assim um prolongado embate que possa prejudicar a estabilidade econômica global e a cooperação em questões cruciais como o combate ao tráfico de drogas e a crise dos opioides.

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