
O mais recente capítulo da escalada militar entre Israel e Irã ocorreu em 21 de junho de 2025, quando o Ministério da Defesa israelense anunciou ter eliminado dois veteranos comandantes do Corpo Palestina da Força Quds, braço de operações externas da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC). Saeed Izadi, líder da “Palestine Corps”, foi atingido em um ataque a seu apartamento em Qom, enquanto Benham Shariyari, responsável pelas transferências de armas a grupos como Hezbollah e Houthis, foi morto em um segundo ataque a seu veículo em Teerã. O ministro Israel Katz classificou as operações como um “feito maior para a inteligência e a Força Aérea israelenses”
Perfil dos comandantes-alvo
Saeed Izadi era acusado de financiar e armar o Hamas antes do ataque de 7 de outubro de 2023, que deu início à guerra em Gaza, e estava sob sanções dos EUA e do Reino Unido. Benham Shariyari supervisionava redes de tráfico de mísseis e foguetes do Irã para seus proxies regionais. Ambos planejavam operações contra Israel há mais de uma década, tornando-se alvos prioritários para Tel Aviv.
Balanço de vítimas e discrepâncias nas contagens
Desde o início dos ataques em 13 de junho de 2025, o Irã registra oficialmente 430 mortos e cerca de 3.500 feridos, segundo a agência Nour News, vinculada ao governo iraniano. Organizações independentes, como a Human Rights Activists News Agency, apontam até 639 óbitos no território iraniano. No lado israelense, foram pelo menos 24 civis mortos e mais de 500 feridos por mísseis e drones iranianos, em seu pior conflito direto com o país inimigo até hoje.
Impacto no programa nuclear
Israel justifica suas ofensivas com o argumento de que o Irã está prestes a obter arma nuclear, e afirma que as últimas operações atrasaram em “dois a três anos” o progresso do programa atômico iraniano. O Irã, por sua vez, defende que seu uso de instalações como Natanz e Fordow destinam-se exclusivamente a fins pacíficos e nucleares civis, e insiste no direito ao enriquecimento de urânio sob supervisão internacional.
Reações diplomáticas
- Rússia e China: Ambos pediram desescalada imediata. O presidente russo Vladimir Putin comentou que uma solução negociada ainda é possível e que os ataques israelenses fortaleceram o apoio interno em torno de Teerã.
- Irã: O chanceler Abbas Araqchi declarou em Istambul que não haverá negociações enquanto seu país estiver sob bombardeio, acusando os EUA de conivência. Em Genebra, Araqchi havia se reunido com chanceleres europeus sem avançar no retorno ao acordo de 2015.
- Estados Unidos: O presidente Donald Trump deu um prazo de duas semanas para decidir envolvimento direto ao lado de Israel, afirmando que “não permitirá” um Irã nuclear.
Riscos regionais e humanitários
Analistas alertam que o conflito pode se alastrar a aliados iranianos como Hezbollah no Líbano e militantes no Iraque e Síria. Entidades de direitos humanos relatam danos a hospitais e ambulâncias no Irã, além de feridos em infraestrutura civil em Israel, incluindo hospitais em Beersheba e Holon atingidos por mísseis iranianos. A ausência de um cessar-fogo e o endurecimento das posições de ambos os lados mantêm viva a perspectiva de um conflito prolongado.
Conclusão
O cenário entre Israel e Irã revela um dos momentos mais críticos da geopolítica do Oriente Médio em anos recentes. A eliminação de altos comandantes iranianos intensifica um conflito já carregado de tensões históricas, religiosas e estratégicas. Com a possibilidade de escalada regional e risco de colapso das vias diplomáticas, a comunidade internacional se vê diante de um impasse urgente: pressionar por cessar-fogo imediato e retomada de negociações antes que o confronto ultrapasse um ponto de não retorno. A ausência de mediação efetiva pode transformar um conflito localizado em uma guerra regional de proporções devastadoras.
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