Conflito Israel‑Irã Escala e Paralisa Negociações Nucleares, ONU Exorta Contenção Máxima

Equipes de emergência trabalham em local atingido por míssil iraniano em Haifa, Israel, durante conflito com o Irã, em 20 de junho de 2025.
Equipes de resgate israelenses atuam na cidade de Haifa após ataque com mísseis lançado pelo Irã, em meio à escalada do conflito entre os dois países. (Foto: REUTERS/Florion Goga)

Cronologia dos Confrontos

  • 13 de junho de 2025: Israel dá início a ataques aéreos contra diversos alvos militares iranianos, alegando visar instalações de produção de mísseis e centros de pesquisa ligados a projetos nucleares.
  • 14–19 de junho de 2025: O Irã revida com lançamentos de mísseis de longo alcance e drones sobre Beersheba, Tel Aviv e Haifa, causando danos a infraestrutura civil e deixando pelo menos 24 mortos em Israel.
  • 19 de junho de 2025: Um legislador iraniano sugere a possibilidade de fechamento do Estreito de Ormuz em retaliação a agressões externas, elevando o temor de impacto nos fluxos de petróleo global.
  • 20 de junho de 2025: Em nova ofensiva noturna, Israel atinge dezenas de alvos militares no Irã, incluindo baterias de defesa antiaérea e um órgão de pesquisa nuclear em Teerã; cinco civis ficam feridos em um prédio residencial e comercial.

Até o momento, estimativas contabilizam 639 mortos no Irã, entre eles altos comandantes militares e cientistas nucleares, e 24 civis em Israel atingidos por mísseis iranianos.

Posição de Teerã: “Sem Negociações Sob Bombardeio”

O governo iraniano, por meio do porta‑voz Abbas Mousavi, afirmou que não negociará o futuro de seu programa nuclear enquanto “sofrer ataques israelenses”.

Em Genebra, o chanceler Abbas Araqchi participou de reuniões com França, Reino Unido, Alemanha e a alta‑representante da União Europeia, reforçando que Teerã aceitaria discutir “limites” ao enriquecimento de urânio — mas nunca seu fim completo, rejeitando propostas de “enriquecimento zero” enquanto o país estiver em guerra.

Alerta da AIEA e Apelo da ONU

O diretor‑geral da AIEA, Rafael Grossi, advertiu ao Conselho de Segurança da ONU que ataques a instalações nucleares “podem causar liberações radioativas com graves consequências além das fronteiras do Estado atacado” e pediu “contenção máxima”.

Na mesma sessão, o secretário‑geral António Guterres alertou que o conflito “poderia inflamar uma chama incontrolável” e conclamou as partes a “darem uma chance à paz”.

Reações Internacionais e Movimentos Diplomáticos

  • Mercados de Energia: Altas das cotações do petróleo e do ouro refletem o receio de interrupção nas exportações do Golfo; representantes do Catar realizaram reuniões de emergência com grandes petroleiras.
  • Estados Unidos: A Casa Branca anunciou que o presidente Donald Trump decidirá nas próximas duas semanas sobre possível envolvimento direto, enquanto sanciona entidades iranianas ligadas à obtenção de tecnologia de uso dual.
  • União Europeia: Diplomatas reconhecem que as chances de um avanço concreto são baixas, apesar de reiterar nos encontros em Genebra a abertura americana a conversas diretas com Teerã.
  • Alemanha: O chanceler Friedrich Merz telefonou a Netanyahu pedindo moderação na campanha militar, destacando o risco de escalada regional.

Perspectivas para o Programa Nuclear do Irã

Apesar do impasse, o Irã mantém seu estoque de urânio enriquecido a até 60%, nível próximo ao grau armamentista, e pode acelerar a instalação de centrífugas mais avançadas se as hostilidades prosseguirem.

Analistas alertam que a combinação de ataques preventivos israelenses e retaliações iranianas, sem um pacto diplomático, aumenta o risco de um atalho para a arma nuclear, caso Teerã decida “avançar seu cronograma” em resposta a sanções e bombardeios.

Conclusão

O atual confronto entre Israel e Irã evidencia a fragilidade dos mecanismos de contenção de proliferação nuclear e a urgência de uma mediação eficaz. Enquanto Teerã se recusa a dialogar sob fogo e Tel Aviv prossegue com ofensivas preventivas, a comunidade internacional enfrenta o desafio de conter uma escalada que pode envolver não apenas riscos militares, mas um potencial desastre nuclear e graves repercussões econômicas e humanitárias em toda a região. O resultado dependerá da capacidade de atores externos em formular garantias de segurança e criar um ambiente propício a concessões mútuas — sem as quais corre-se o risco de aprofundar um conflito de consequências imprevisíveis.

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