Hemedti Afirma que Conflito com o Exército Ainda Persiste: Uma Análise do Cenário em Khartoum

O vice-presidente do Conselho Soberano do Sudão, general Mohamed Hamdan Dagalo, fala durante coletiva de imprensa na sede das Forças de Apoio Rápido em Cartum, Sudão, em 19 de fevereiro de 2023. REUTERS/Mohamed Nureldin Abdallah/Arquivo
Vice-líder sudanês, general Dagalo, durante coletiva em Cartum (19/02/2023). Foto: Mohamed Nureldin Abdallah/REUTERS (Arquivo)

Na esteira de um dos momentos mais críticos na história recente do Sudão, o líder das Forças de Apoio Rápido (RSF), Mohamed Hamdan Dagalo – conhecido como Hemedti – afirmou que a guerra contra o exército ainda não chegou ao fim. Em uma mensagem de áudio divulgada no Telegram, o comandante paramilitar reconheceu a retirada tática de suas tropas de Khartoum, mas deixou claro que a ofensiva retomará com ainda mais força, marcando um novo capítulo no conflito que assola o país.

Retirada Estratégica e Reagrupamento das Forças RSF

Nas últimas semanas, o exército sudanês conseguiu empurrar as forças da RSF para fora de grande parte da capital, Khartoum. Durante esse reordenamento, as tropas de Hemedti se reposicionaram em Omdurman, um dos principais núcleos urbanos da região. Segundo o próprio líder das forças paramilitares, a retirada foi fruto de uma decisão coletiva e tática, visando reorganizar as forças para futuras ofensivas. Contudo, o recado foi claro: a presença da RSF na capital será restabelecida “mais forte, mais poderosa e vitoriosa”.

Consolidação do Exército e Controle Territorial

Enquanto as forças de Hemedti se reagrupam, o exército continua a consolidar seu poder na região metropolitana do Nilo. No último sábado, um movimentado mercado em Omdurman – área anteriormente utilizada como base para os ataques da RSF – passou a ser controlado pelas tropas do exército, reforçando sua presença e influência em uma das principais zonas de conflito. A capital sudanesa é composta por três cidades interligadas – Khartoum, Omdurman e Bahri – e o controle dessas áreas estratégicas é essencial para determinar o rumo do conflito.

Impacto Humanitário e Dados Atualizados

A luta pelo poder entre a RSF e o exército vai além do campo militar, refletindo uma crise humanitária de grandes proporções. Atualmente, mais de 12 milhões de sudaneses foram deslocados de suas casas e aproximadamente metade dos 50 milhões de habitantes do país enfrentam fome aguda. Relatórios recentes, como o estudo publicado no último ano, sugerem que o número de mortos pode ter ultrapassado 61 mil apenas no estado de Khartoum durante os primeiros 14 meses do conflito. Dados como esses, quando atualizados e acompanhados por fontes como a ONU, Human Rights Watch e outras organizações humanitárias, garantem que o conteúdo se mantenha atual e preciso, contribuindo para uma análise mais robusta da situação.

Análise Geopolítica e a Disputa pelo Poder

O embate entre a RSF e o exército reflete uma profunda luta pelo controle político e militar, especialmente em um contexto que antecede a transição para um governo civil. O conflito não se limita a disputas locais, mas tem implicações regionais e internacionais, com países vizinhos – como Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos – acompanhando de perto os desdobramentos e, em alguns casos, influenciando os acontecimentos. Essa dimensão geopolítica amplia a relevância do conflito e destaca a necessidade de um monitoramento contínuo por parte da comunidade internacional.

Rejeição à Reconciliação e Perspectivas Futuras

Em meio a esse cenário, o chefe do exército, Abdel Fattah al-Burhan, afirmou categoricamente que não há espaço para reconciliações, comprometendo-se a esmagar a RSF. A postura inflexível de ambos os lados sinaliza que o conflito está longe de ser encerrado e prenuncia uma escalada que pode ter consequências ainda mais dramáticas para o país. O futuro do Sudão depende, portanto, não apenas dos desdobramentos militares, mas também da capacidade da comunidade internacional em intervir para mitigar o sofrimento humanitário.

Conclusão

O pronunciamento de Hemedti, reafirmando que a guerra contra o exército continua, evidencia a complexidade e volatilidade de um dos conflitos mais críticos da atualidade. Entre estratégias militares, disputas pelo poder e o sofrimento de uma população fragilizada, o Sudão enfrenta um futuro incerto. É imperativo que os leitores se mantenham informados por meio de fontes confiáveis e atualizadas, e que se engajem em causas humanitárias, apoiando organizações que atuam na assistência aos deslocados e vítimas do conflito.

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