Proposta de revisão constitucional na Coreia do Sul para limitar poderes presidenciais

Parlamentares do Partido do Povo no poder na Coreia do Sul protestam contra o presidente da Assembleia Nacional, Woo Won-shik, durante a votação de impeachment do presidente interino e primeiro-ministro Han Duck-soo, em sessão plenária na Assembleia Nacional em Seul, Coreia do Sul, em 27 de dezembro de 2024. Foto: REUTERS/Kim Hong-Ji/Arquivo
Parlamentares do Partido do Povo no poder na Coreia do Sul protestam contra o presidente da Assembleia Nacional, Woo Won-shik, durante a votação de impeachment do presidente interino e primeiro-ministro Han Duck-soo, em sessão plenária na Assembleia Nacional em Seul, Coreia do Sul, em 27 de dezembro de 2024. Foto: REUTERS/Kim Hong-Ji/Arquivo

O presidente da Assembleia Nacional da Coreia do Sul, Woo Won-shik, anunciou a proposta de revisar a constituição do país com o objetivo de reduzir os poderes do presidente. A medida surge após a polêmica declaração de estado de sítio pelo ex-presidente Yoon Suk Yeol, que resultou em seu impeachment e desencadeou uma crise política sem precedentes.

Contexto Político e Crise Recente

No cenário político sul-coreano, a declaração de estado de sítio por parte do presidente Yoon Suk Yeol, em dezembro, foi considerada inconstitucional e ilegal, levando ao seu impeachment pela Assembleia Nacional e à decisão histórica do Tribunal Constitucional. Este episódio marcou uma das maiores crises políticas da Coreia do Sul nas últimas décadas, evidenciando a necessidade de discutir os limites dos poderes presidenciais.

Durante uma coletiva de imprensa, Woo Won-shik destacou que a medida extrema adotada por Yoon abalou a confiança pública no sistema presidencial, tornando o país vulnerável a conflitos internos e à concentração excessiva de poder.

A Proposta de Revisão Constitucional

Objetivos e Motivação

Em resposta à crise, Woo Won-shik propôs uma rápida revisão da constituição para limitar os poderes do presidente, enfatizando que a mudança é apoiada pelo consenso popular, que se intensificou após os eventos recentes.

“Gostaria de propor ao povo que agora devemos buscar rapidamente a revisão constitucional”, afirmou Woo durante a coletiva.

A proposta incluiria a realização de um referendo nacional, a ser realizado em conjunto com a eleição presidencial prevista para até dois meses após a destituição de Yoon pelo Tribunal Constitucional.

O que se pretende mudar?

A proposta busca conter o que Woo descreve como o “presidencialismo imperial”, sistema que, segundo ele, alimenta conflitos políticos extremos ao concentrar poderes excessivos nas mãos do chefe do Executivo. Entre as possíveis alterações estão a limitação de mandatos e a reestruturação do equilíbrio de poderes entre as instituições governamentais, prevenindo abusos que possam comprometer a estabilidade do país.

Agências de Notícias

Na Coreia do Sul, agências como a Yonhap News e The Korea Herald também têm destacado a urgência do debate sobre a concentração de poder presidencial, reforçando a ideia de que a reforma constitucional pode representar um passo decisivo para restaurar o equilíbrio institucional.

Nota Explicativa sobre Direito Constitucional e Internacional

Do ponto de vista do direito constitucional comparado, revisões dessa magnitude geralmente exigem amplo consenso e processos democráticos rigorosos, como referendos ou assembleias constituintes, para garantir legitimidade e estabilidade. No âmbito do direito internacional, mudanças que visam restringir poderes executivos podem ser vistas como necessárias para evitar abusos e preservar os direitos fundamentais, contribuindo para a imagem da Coreia do Sul como um modelo de democracia responsável.

Análise Especializada

Especialistas apontam que a estratégia de Woo Won-shik reflete os dilemas enfrentados por sistemas presidencialistas que, em momentos de crise, demonstram fragilidades estruturais. Enquanto a relação política com os Estados Unidos pode facilitar negociações bilaterais, a pressão interna para manter a competitividade democrática exige medidas que garantam um equilíbrio mais saudável entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Desafios e Perspectivas Futuras

Impacto no Sistema Político Sul-Coreano

A proposta de revisão constitucional tem o potencial de redefinir o sistema político da Coreia do Sul, promovendo um equilíbrio mais justo entre as instituições governamentais. Se aprovada, a reforma poderá prevenir futuros abusos de poder e fortalecer a confiança dos cidadãos nas estruturas democráticas.

Debate Constitucional

O processo de revisão constitucional, no entanto, não é isento de desafios. Alterar a constituição requer um debate aprofundado que contemple as implicações legais e sociais de cada mudança. O debate deverá envolver a sociedade civil, especialistas em direito constitucional e representantes políticos, para assegurar que as alterações promovam um aprimoramento democrático sem gerar instabilidade.

Reflexões Finais

A iniciativa de revisar a constituição para limitar os poderes presidenciais surge como uma resposta audaciosa à crise política desencadeada pelo impeachment de Yoon Suk Yeol. Em um momento de intensa polarização, a proposta visa prevenir a concentração excessiva de poder e restaurar o equilíbrio institucional, fortalecendo a democracia sul-coreana. O referendo proposto e as discussões subsequentes podem marcar o início de uma nova era, onde o respeito aos direitos fundamentais e à separação de poderes se tornam pilares inegociáveis do sistema político.

Em meio ao atual debate sobre reformas institucionais, vale lembrar o contexto recente da destituição de Yoon Suk Yeol, que desencadeou a maior crise política do país em décadas. Leia mais aqui.

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