
No dia 28 de junho de 2025, centenas de manifestantes se reuniram em torno do Monumento da Vitória, em Bangkok, exigindo a renúncia da primeira‑ministra Paetongtarn Shinawatra. Organizada pela United Force of the Land, a mobilização nacionalista reflete o crescente descontentamento gerado por um impasse fronteiriço com o Camboja e pelas consequências do vazamento de uma ligação com o ex‑primeiro‑ministro Hun Sen. Para mais detalhes sobre os debates em sede parlamentar, consulte a Moção de Desconfiança Contra a Premiê Paetongtarn Shinawatra.
A mobilização nacionalista e o legado Shinawatra
A United Force of the Land, grupo de ativistas nacionalistas, já liderou protestos contra governos apoiados pelos Shinawatra nas últimas duas décadas, embora esses movimentos nunca tenham, por si só, causado quedas de gabinete. No entanto, as mobilizações geraram o clima de instabilidade que precedeu os golpes militares de 2006 e 2014, criando um padrão de pressão que se repete agora contra Paetongtarn, filha do ex‑premiê Thaksin Shinawatra.
O escândalo do telefonema e suas repercussões
Em meados de junho, o áudio de uma ligação entre Paetongtarn e o ex‑premiê cambojano Hun Sen revelou críticas a um comandante do Exército tailandês e um pedido de mediação, ato considerado um “ultraje” à soberania nacional. O episódio motivou a saída do Bhumjaithai Party da coalizão governista na semana anterior, com acusações de que a premiê havia comprometido a integridade do país.
Reação institucional e desdobramentos parlamentares
Logo após o vazamento, senadores apresentaram petições à Corte Constitucional e à Comissão Nacional Anticorrupção, que podem resultar em sanções ou destituição. No dia 24 de junho, o Bhumjaithai declarou formalmente sua intenção de protocolar a moção de desconfiança contra Paetongtarn e seu gabinete, tornando quase certo o debate parlamentar na semana seguinte.
Atualizações recentes
- Em 22 de junho, a premiê afirmou que todos os partidos da coalizão reafirmaram apoio ao governo, apesar dos apelos pela renúncia, em reunião que contou com a presença do United Thai Nation Party e de outros aliados.
- No Parlamento, Paetongtarn já havia sobrevivido a uma moção de desconfiança em março de 2025, obtendo 319 votos a favor do governo e 162 contra, com sete abstenções – fato que reforçou, ao menos temporariamente, sua base de apoio legislativo.
Impacto econômico e diplomático
A instabilidade política ameaça agravar a recuperação econômica, frear investimentos estrangeiros e pressionar o câmbio, enquanto as relações com o Camboja permanecem tensas após o incidente na fronteira que resultou em vítimas em maio. A Embaixada da Tailândia mantém apelos por via diplomática, mas o discurso interno pode limitar a atuação externa da líder tailandesa.
Perspectivas
O desfecho da moção de desconfiança e as decisões judiciais serão determinantes para o futuro imediato do governo. A capacidade de equilibrar as demandas nacionalistas, sustentar a coalizão e recuperar a confiança de investidores define o caminho à frente para Paetongtarn Shinawatra e para a estabilidade política da Tailândia.
Conclusão
Em meio a tensões domésticas e externas, o governo de Paetongtarn Shinawatra encontra‑se num ponto decisivo: a demonstração de força das ruas, somada ao escrutínio judicial e à volatilidade da coalizão, compõe um cenário de incertezas políticas que pode, num curto espaço de tempo, reconfigurar o poder executivo tailandês. A capacidade da primeira‑ministra de responder com medidas conciliatórias, restaurar a confiança das forças de segurança e reaproximar aliados será determinante para evitar um desfecho traumático à semelhança dos episódios de 2006 e 2014. Caso consiga sobreviver à moção de desconfiança e aos processos em curso, terá oportunidade de retomar a agenda de recuperação econômica e de projetar a Tailândia como um ator estável na região; caso contrário, o país deverá enfrentar novo ciclo de instabilidade institucional.
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