25ª Cúpula China‑União Europeia em Pequim: Desafios, Agenda e Perspectivas

Bandeiras da China e da União Europeia tremulando em frente a um edifício tradicional chinês em Pequim.
As bandeiras da China e da União Europeia são exibidas juntas em Pequim, simbolizando a importância da 25ª Cúpula China-UE realizada em 24 de julho de 2025.

Na quinta‑feira, 24 de julho de 2025, acontece em Pequim a 25ª Cúpula China‑União Europeia, reduzida a apenas um dia de duração, em vez do formato habitual de dois dias, em razão das crescentes tensões comerciais e geopolíticas.

Contexto Histórico e Estado Atual das Relações

50 anos de relações diplomáticas
Em 1975, China e Comunidade Econômica Europeia estabeleceram laços oficiais. Desde então, a UE virou o maior parceiro comercial da China e vice‑versa, com comércio bilateral ultrapassando €1 trilhão em 2024. No entanto, disputas sobre subsídios estatais, déficits comerciais e práticas de transferência de tecnologia vêm minando a confiança mútua.

Sanções e contra‑sanções
Em 2021, a UE impôs sanções a autoridades chinesas por alegadas violações de direitos humanos em Xinjiang, levando Beijing a retaliar contra membros do Parlamento Europeu. Em resposta, o governo chinês manteve barreiras a produtos europeus, gerando impasses que se arrastam até hoje.

Principais Temas da Cúpula

Acesso ao Mercado e Defesa de Interesses Econômicos

  • A UE exige a redução de barreiras regulatórias à entrada de empresas europeias em setores como automotivo, telecomunicações e serviços financeiros, além de flexibilização das exigências de joint ventures.
  • Do lado chinês, pressiona‑se por retomada da ratificação do Acordo Abrangente sobre Investimentos (CAI), atualmente paralisado em Bruxelas.

Exportação de Terras‑Raras e Segurança das Cadeias de Suprimentos

  • A China controla globalmente mais de 60% da produção de terras‑raras, insumos críticos para a indústria de semicondutores e veículos elétricos. A UE cobra maior previsibilidade e diminuição de restrições impostas no último ano, sob risco de retaliações adicionais.

Questões Geopolíticas e Segurança Global

  • Apesar de tratar principalmente de economia, o encontro incluirá discussões sobre a postura chinesa em relação à guerra na Ucrânia e tensões em Taiwan. A UE busca candidamente reafirmar o princípio de solução pacífica de conflitos, enquanto a China reivindica respeito à sua “soberania”.

Mudanças Climáticas e Tecnologias Verdes

  • Ambos os blocos têm metas ambiciosas de neutralidade de carbono (2050 para a UE e 2060 para a China). Espera‑se acordo para parcerias em pesquisa de hidrogênio verde, energias renováveis e padrões de sustentabilidade em cadeias globais.

Formato e Participantes

Lideranças presentes
A cúpula será co‑presidida pelo Premier chinês Li Qiang e pelo Presidente do Conselho Europeu António Costa, com participação ainda da Presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen e do próprio Presidente Xi Jinping em recepções bilaterais.

Declaração Conjunta
Embora ainda incerta, negocia‑se uma declaração final focada em cooperação climática e diálogo estratégico, evitando menções diretas a sanções ou tarifas, dada a divergência de posições.

Perspectivas e Impactos

  • Expectativas moderadas
    Analistas projetam avanços pontuais em temas de sustentabilidade, mas pouco progresso em acesso ao mercado e resolução de déficits, por conta de debates internos na UE sobre uso de instrumentos de defesa comercial.
  • Relevância global
    Os resultados influenciarão a governança econômica mundial e o equilíbrio de poder entre EUA, UE e China, podendo abrir brecha para cooperações multipolares ou acirrar rivalidades em tecnologia e comércio.

Conclusão

A 25ª Cúpula China‑UE servirá sobretudo para calibrar as divergências e reafirmar compromissos mínimos, sinalizando o grau de disposição de cada lado em preservar um relacionamento que, apesar das fricções, permanece central para a economia global.

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