
18 de maio de 2025, os dois principais candidatos à Presidência da Coreia do Sul se encontraram no primeiro de três debates televisivos que antecedem a eleição antecipada marcada para 3 de junho. Convocado após o impeachment de Yoon Suk Yeol, destituído pelo Tribunal Constitucional por sua breve declaração de estado de sítio em 3 de dezembro de 2024, o pleito assume caráter decisivo para o rumo econômico e institucional do país.
Contexto Político e Constitucional
Em 14 de dezembro de 2024, a Assembleia Nacional aprovou o afastamento de Yoon, e, em 4 de abril de 2025, o Tribunal Constitucional confirmou a decisão, abrindo caminho para a eleição em até 60 dias, conforme previsto no artigo 69 da Constituição. Han Duck‑soo assumiu como presidente interino e definiu 3 de junho como data oficial, tornando esse o segundo turno antecipado desde a redemocratização de 1987.
Desempenho Econômico e Impactos Externos
A economia sul‑coreana, quarta maior da Ásia, contraiu 0,3% no primeiro trimestre de 2025. O recuo reflete a desaceleração das exportações — especialmente de semicondutores — e o desaquecimento do consumo interno. Em abril, Washington impôs tarifas de 25% sobre produtos sul‑coreanos, elevando a tensão comercial. Para conter o impacto, Seul iniciou negociações diretas com os EUA em busca de isenção tarifária e busca diversificar destinos de exportação, com foco em mercados na Europa e no sudeste asiático.
Principais Candidatos e Propostas
Lee Jae‑myung (Partido Democrático)
- Lidera as pesquisas com 51% de intenção de voto em levantamento divulgado na sexta-feira anterior ao debate.
- Propõe investimento de até 100 trilhões de wons em inteligência artificial e crédito fiscal de 10% para semicondutores produzidos e comercializados internamente.
- Defende reforma constitucional para mandatos de quatro anos, com possibilidade de reeleição, e criação de sistema de duas voltas.
- Pretende limitar o poder de declarar estado de sítio, instituindo maior controle legislativo e responsabilização judicial.
Kim Moon‑soo (Partido do Poder Popular)
- Aparece com 29% de apoio nas pesquisas mais recentes.
- Planeja fundar uma Agência de Inovação Regulatória para revisar normas burocráticas e incentivar o empreendedorismo.
- Aloca mais de 5% do orçamento nacional em pesquisa e desenvolvimento, priorizando biotecnologia e energia limpa.
Temas em Debate
- Revitalização Econômica: estímulos fiscais, parcerias público‑privadas e atração de investimentos estrangeiros.
- Inovação e Tecnologia: expansão de centros de pesquisa em IA, qualificação profissional e sinergia entre universidades e setor privado.
- Reformas Institucionais: reorganização de poderes, fortalecimento do Parlamento e mecanismos de freios e contrapesos.
- Política Externa: renegociação de tarifas com os EUA, fortalecimento de alianças na Ásia‑Pacífico e gerenciamento de tensões com a Coreia do Norte.
No primeiro debate, Lee enfatizou a modernização do Estado para acompanhar avanços tecnológicos, enquanto Kim defendeu que menos regulação estimulará a iniciativa privada e a geração de empregos.
Agenda dos Próximos Debates
O segundo confronto está marcado para 25 de maio e o terceiro para 1º de junho, todos transmitidos pela rede nacional KBS, com temas que vão incluir segurança, educação e meio ambiente.
Possíveis Cenários e Impactos
Uma vitória de Lee pode acelerar a reforma constitucional, alterando o formato do mandato presidencial já em 2027. Caso Kim seja eleito, o foco estará na desburocratização e em aprofundar a cooperação estratégica com Washington e Tóquio. Em ambos os cenários, enfrentar o envelhecimento populacional e a queda da taxa de natalidade serão desafios centrais.
Conclusão
O debate inaugural serviu para delinear diferenças de visão sobre o papel do Estado, a estratégia econômica e as reformas institucionais. Com a economia em desaceleração e o cenário internacional volátil, a escolha dos eleitores em 3 de junho definirá não apenas o próximo presidente, mas também o modelo de governança e o posicionamento global da Coreia do Sul.
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