Dermer confia que Trump rejeitaria “acordo ruim” com Irã

Ron Dermer durante sessão especial no Knesset, em Jerusalém, dezembro de 2022.
Ron Dermer, ex-embaixador israelense nos EUA, participa de sessão do Knesset para aprovar novo governo de direita, em Jerusalém, em 29 de dezembro de 2022. (Foto: REUTERS/Amir Cohen/Pool)

Ontem, segunda-feira, durante conferência em Jerusalém organizada pelo Jewish News Syndicate, o ministro israelense de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, expressou sua confiança de que o presidente dos EUA, Donald Trump, não aceitaria um “acordo ruim” com o Irã. A declaração reforça a postura de máxima pressão e alerta para as implicações de segurança regional, alinhando-se à estratégia tanto de Washington quanto de Jerusalém para conter o programa nuclear iraniano.

Contexto e declaração de Ron Dermer

Na segunda-feira, Dermer afirmou ter “muita confiança” de que Trump “afaste-se de um negócio ruim hoje mesmo”, ou seja, abandonaria imediatamente qualquer pacto que não atendesse aos interesses de segurança ocidentais e israelenses. Esse posicionamento ecoa a saída dos EUA do JCPOA em 2018 e sinaliza resistência a eventuais renegociações que aliviem sanções sem garantias robustas.

O que seria um “acordo ruim”?

Especialistas definem “acordo ruim” como aquele que:

  • Não impõe verificações rigorosas sobre instalações nucleares iranianas;
  • Permite flexibilização de sanções antes de garantias concretas;
  • Não cobre aspectos militares do programa nuclear, deixando lacunas para desenvolvimento de ogivas.

Um estudo do Instituto para a Ciência e Segurança Internacional aponta que, sem inspeções intrusivas e permanentes, o Irã poderia retomar em meses um programa de enriquecimento avançado de urânio.

Pressão de Netanyahu e a opção militar

Questionado sobre a possibilidade de Israel atacar sozinho instalações militares iranianas, Dermer evitou detalhes operacionais, mas afirmou que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu “faria o que fosse necessário” para impedir o Irã de obter arma nuclear. Netanyahu tem repetido essa disposição em diversos fóruns internacionais, reforçando a doutrina de dissuassão preventiva.

Reação americana e equilíbrio de forças

Embora Trump tenha se retirado do Plano Abrams (JCPOA) em 2018, mantendo sanções duras, a administração norte-americana busca hoje coalizões diplomáticas para conter o programa iraniano sem escalar para conflito aberto. Analistas de segurança ressaltam que:

  • A ação conjunta com Europa e Golfo Pérsico é vital para eficácia das sanções;
  • Operações unilaterais israelenses poderiam desestabilizar ainda mais a região;
  • A credibilidade de Washington em negociações futuras depende de coerência entre retórica e prática.

Impactos geopolíticos e próximos passos

  • Iranianos: podem intensificar enriquecimento em retaliação, acelerando cronograma nuclear.
  • Europeus: pressionam por novo pacto que revitalize o JCPOA com garantias extras.
  • Golfo Pérsico: Emirados e Arábia Saudita acompanham de perto, buscando proteção americana.

Nos próximos meses, espera-se:

  • Rodadas de diplomacia em Viena e Doha;
  • Relatórios da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) sobre nível de estoque de urânio;
  • Debates no Congresso dos EUA sobre manutenção ou ajuste de sanções.

Conclusão

A confiança de Ron Dermer na postura de Trump reflete a continuidade da política de “máxima pressão” sobre Teerã. Enquanto Israel mantém a opção militar como última alternativa, a diplomacia segue buscando um instrumento que una robustez de verificação e apelo multilateral. O desenrolar desse impasse influenciará diretamente o equilíbrio estratégico no Oriente Médio e a credibilidade de acordos internacionais de não proliferação.

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