Congresso Argentino Derruba Veto de Milei e Pressão Política Cresce Antes das Eleições Legislativas

Javier Milei de costas falando para uma multidão em comício político ao ar livre, com bandeiras e público atento em Buenos Aires.
Javier Milei discursa para milhares de apoiadores em comício em Buenos Aires

O Congresso Nacional da Argentina derrubou, na quinta-feira (4), o veto presidencial de Javier Milei à Lei de Emergência em Deficiência, marcando a primeira vez que o Legislativo anula um veto completo desde 2003. A medida, que amplia os benefícios e proteções para pessoas com deficiência, foi aprovada pelo Senado com 63 votos a favor e 7 contra, superando a maioria qualificada necessária. A Câmara dos Deputados já havia feito o mesmo em agosto. Essa derrota legislativa representa um golpe significativo para o governo de Milei, que enfrenta crescente pressão política e econômica.

O Veto Derrubado: Impacto e Contexto

A Lei de Emergência em Deficiência visa aumentar a assistência financeira e as proteções para mais de 6 milhões de argentinos com deficiência. Milei vetou a proposta alegando preocupações com o impacto fiscal e a falta de fontes claras de financiamento. No entanto, o Congresso, dominado pela oposição, reverteu sua decisão, refletindo o crescente descontentamento com a agenda de austeridade do presidente.

Além disso, o governo enfrenta um escândalo de corrupção envolvendo a Agência Nacional de Deficiência e a irmã de Milei, Karina Milei, que também é chefe de gabinete. Áudios vazados sugerem envolvimento em esquemas de propina, aumentando a pressão sobre o presidente e minando sua credibilidade política.

Pressão Política e Econômica

A derrota legislativa ocorre em um momento crítico, com eleições legislativas provinciais e nacionais se aproximando. A província de Buenos Aires, responsável por quase 40% do eleitorado argentino, é especialmente relevante, servindo como um termômetro da popularidade do governo de Milei.

Os mercados financeiros refletem a instabilidade política. O índice S&P Merval caiu mais de 14% em agosto, os preços dos títulos despencaram e o peso argentino continua se desvalorizando. A taxa de juros interbancária atingiu 50%, e os depósitos a prazo superam 60% ao ano, em um contexto de inflação projetada de 28,2% para 2025.

O Futuro de Milei

Com aprovação popular abaixo de 40% e uma base política fragilizada, Milei enfrenta desafios significativos para implementar sua agenda de reformas. A perda de apoio legislativo e o desgaste político podem limitar sua capacidade de governar efetivamente. A oposição busca ampliar sua influência no Congresso, reforçando sua posição nas eleições legislativas e provinciais de 2025.

O cenário atual sugere que, sem recuperação significativa de sua imagem e apoio político, o governo de Milei poderá enfrentar dificuldades para avançar com suas políticas econômicas e sociais. A combinação de desafios internos e externos coloca o presidente argentino em uma posição política delicada, com o futuro de sua administração em jogo.

Conclusão

A derrubada do veto pelo Congresso representa não apenas uma vitória legislativa da oposição, mas também um alerta para Milei sobre os limites de sua governabilidade. A pressão política, somada a fatores econômicos e escândalos de corrupção, demonstra que a capacidade do presidente de implementar sua agenda dependerá de negociações estratégicas e da recuperação de sua imagem junto à população. Com as eleições legislativas e provinciais se aproximando, os próximos meses serão decisivos para o equilíbrio de forças políticas na Argentina e para o futuro do governo Milei.

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