Desconto de 15% para Navios de Grande Porte

Navios passando pelo Canal de Suez, Egito, vistos de uma janela de avião, em 23 de março de 2024.
Navios passam pelo Canal de Suez, Egito, vistos de uma janela de avião, em 23 de março de 2024. Foto: Mohamed Abd El Ghany/REUTERS.

A Suez Canal Authority (SCA) anunciou que oferecerá 15% de desconto nas tarifas de trânsito para navios porta-contêineres com arqueação bruta mínima de 130.000 toneladas métricas, carregados ou vazios, entre 15 de maio e 13 de agosto de 2025 (90 dias).

Queda Abrupta de Receitas e Impactos Econômicos

Em 2024, o Canal de Suez registrou receita anual de US$ 3,991 bilhões, uma queda de 61% em relação ao recorde de US$ 10,25 bilhões de 2023. No 4º trimestre de 2024, a receita despencou de US$ 2,4 bilhões para US$ 880,9 milhões em comparação ao ano anterior.

  • A diminuição do tráfego marítimo levou parte dos navios a desviar a rota pelo Cabo da Boa Esperança, adicionando até 10 dias e custos extras de combustível.
  • Estima-se que, no 1º trimestre de 2025, o trânsito caiu quase 50%, segundo declarações do próprio chefe da SCA.

Motivações da Medida e Desafios de Seguro

A iniciativa surge após uma série de ataques de foguetes e drones pelo grupo Houthi, apoiado pelo Irã, que visam embarcações no estreito de Bab al-Mandab e no Mar Vermelho para boicotar cargas destinadas a Israel em apoio aos palestinos em Gaza. Esses incidentes elevaram os prêmios de seguro para rotas na região, classificadas como de alto risco, pressionando armadores a buscarem rotas alternativas.

“Precisamos oferecer incentivos temporários que permitam às companhias equilibrar o custo adicional de seguro e manter o Canal de Suez competitivo”, declarou Osama Rabie, chefe da SCA, após encontro com representantes de armadores.

Cessar-fogo Mediado por Omã e Persistência do Risco

Em abril de 2025, um acordo mediado por Omã resultou em um cessar-fogo entre os EUA e os Houthis: os EUA suspenderam bombardeios em troca de promessas de não atacar navios americanos, mas a trégua não contempla embarcações israelenses. Analistas de segurança e seguradoras marítimas, como a Dryad Global, alertam que o risco permanece elevado até que haja garantias claras e duradouras para todas as bandeiras.

Perspectivas e Pressões para Retomada

  • Concorrência de rotas: Corredores logísticos alternativos, como ferrovias CPEC (China-Paquistão) e rotas pelo Mediterrâneo via Turquia, podem atrair cargas se a confiança no Canal não se restabelecer plenamente.
  • Segmentação de incentivos: O benefício atinge apenas navios com mais de 130.000 GT, deixando de fora embarcações menores que também sofrem com seguros caros.
  • Projeções de recuperação: A Lloyd’s List Intelligence prevê que o tráfego volte a 80% dos níveis pré-ataques somente se a estabilidade se prolongar por seis meses.

Conclusão


O desconto de 15% é uma resposta urgente à drástica redução de receitas e aos crescentes custos de seguro. Para que a medida seja eficaz, será crucial monitorar a evolução da segurança no Mar Vermelho e expandir garantias de proteção a todas as embarcações. A recuperação do tráfego pelo Canal de Suez não só restabelecerá uma fonte vital de divisas ao Egito, mas também reforçará a importância desta rota estratégica no comércio global.

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