
A Suez Canal Authority (SCA) anunciou que oferecerá 15% de desconto nas tarifas de trânsito para navios porta-contêineres com arqueação bruta mínima de 130.000 toneladas métricas, carregados ou vazios, entre 15 de maio e 13 de agosto de 2025 (90 dias).
Queda Abrupta de Receitas e Impactos Econômicos
Em 2024, o Canal de Suez registrou receita anual de US$ 3,991 bilhões, uma queda de 61% em relação ao recorde de US$ 10,25 bilhões de 2023. No 4º trimestre de 2024, a receita despencou de US$ 2,4 bilhões para US$ 880,9 milhões em comparação ao ano anterior.
- A diminuição do tráfego marítimo levou parte dos navios a desviar a rota pelo Cabo da Boa Esperança, adicionando até 10 dias e custos extras de combustível.
- Estima-se que, no 1º trimestre de 2025, o trânsito caiu quase 50%, segundo declarações do próprio chefe da SCA.
Motivações da Medida e Desafios de Seguro
A iniciativa surge após uma série de ataques de foguetes e drones pelo grupo Houthi, apoiado pelo Irã, que visam embarcações no estreito de Bab al-Mandab e no Mar Vermelho para boicotar cargas destinadas a Israel em apoio aos palestinos em Gaza. Esses incidentes elevaram os prêmios de seguro para rotas na região, classificadas como de alto risco, pressionando armadores a buscarem rotas alternativas.
“Precisamos oferecer incentivos temporários que permitam às companhias equilibrar o custo adicional de seguro e manter o Canal de Suez competitivo”, declarou Osama Rabie, chefe da SCA, após encontro com representantes de armadores.
Cessar-fogo Mediado por Omã e Persistência do Risco
Em abril de 2025, um acordo mediado por Omã resultou em um cessar-fogo entre os EUA e os Houthis: os EUA suspenderam bombardeios em troca de promessas de não atacar navios americanos, mas a trégua não contempla embarcações israelenses. Analistas de segurança e seguradoras marítimas, como a Dryad Global, alertam que o risco permanece elevado até que haja garantias claras e duradouras para todas as bandeiras.
Perspectivas e Pressões para Retomada
- Concorrência de rotas: Corredores logísticos alternativos, como ferrovias CPEC (China-Paquistão) e rotas pelo Mediterrâneo via Turquia, podem atrair cargas se a confiança no Canal não se restabelecer plenamente.
- Segmentação de incentivos: O benefício atinge apenas navios com mais de 130.000 GT, deixando de fora embarcações menores que também sofrem com seguros caros.
- Projeções de recuperação: A Lloyd’s List Intelligence prevê que o tráfego volte a 80% dos níveis pré-ataques somente se a estabilidade se prolongar por seis meses.
Conclusão
O desconto de 15% é uma resposta urgente à drástica redução de receitas e aos crescentes custos de seguro. Para que a medida seja eficaz, será crucial monitorar a evolução da segurança no Mar Vermelho e expandir garantias de proteção a todas as embarcações. A recuperação do tráfego pelo Canal de Suez não só restabelecerá uma fonte vital de divisas ao Egito, mas também reforçará a importância desta rota estratégica no comércio global.
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